{rp fechada — august 17th} i'm not a freaking animal

Eu estava andando, de boas, sendo a mesma garota que eu sempre havia sido, quando um rapaz – concluí que fosse um rapaz, já que veio correndo e gritando, em preocupação, com uma voz masculina – resolveu me confundir com um animal de grande porte, feito para caçar e jantar em uma noite de lua cheia. Ele ia pagar por ter quase me acertado com aquela maldita flecha. Ah, se ia! [introdução à temática, rp fechada entre Samuel Parker e Sofia Mirrors, ocorrendo no fim da tarde do dia 17 do 08 de 2015]

Eu ainda estava um tanto quanto perdida no tempo-espaço. Digo, eu acabara por descobrir que era alguma forma de anomalia genética e que deuses existiam, de verdade. Eu não sabia se recorria à ciência e procurava por um psiquiatra ou se ajoelhava ao chão e clamava pelo perdão das divindades que, por alguma razão estranha, me deram a vida – quem vai querer dar a vida a uma pessoa tão mesquinha quanto eu, ein? Não sei!

As terras do acampamento me eram desconhecidas e, depois de encontrar uma garota pequenina e de olhos extremamente azuis, eu nem ao menos sabia se deveria estar ali. Em verdade, eu não sabia nem se deveria estar andando como estava naquele instante.

Adentrava áreas diferenciadas, caminhando pelas árvores e pulando raízes que se intrometiam no caminho. Odiava ter de ficar levantando as pernas para fazer qualquer atividade, mas não me preocupei exatamente com isto. Estava preocupada com os mosquitos me mordendo – picando, Sofia! – e o som de seres estranhos como plano de fundo para uma jornada esquisita.

E então, uma flecha veio em minha direção. Com reflexos um tanto aprimorados, pulei para a direita escapando de sua mira. Parecia não ser intenção acertar-me, mas nunca se sabe, certo? Certo. Eu poderia estar participando de um estranho jogo de caça sem ao menos saber que este existia.

Gritos puderam ser ouvidos do além, fazendo-me perceber que um menino vinha até mim, preocupado com a minha situação mental. Queria socá-lo, mas não o fiz. Embora tivesse instintos animais, era uma pessoa bastante pacífica, até – ou não; quem sabe?

— Ahn... — hesitei, sabendo que ele não havia feito nada de propósito. Mas ele tinha o olhar em meus seios e, desconcertada e um tanto raivosa, abri um sorriso sádico antes de responder-lhe. — Claro. Está desculpado, Sammy. Mas se encontrarem seu corpo morto esta noite, eu não tenho culpa. — e minha máscara se desfez em uma risada. Eu era uma louca de pedra, realmente.

— Eu sou Sofia H-... — cortei-me no meio do caminho. Aquele não era mais o meu sobrenome, não poderia o ser. — ... Mirrors. E não, não faça piadas sobre espelhos ou quebro um na sua testa! — ameacei, levantando o indicador e pondo-o frente ao seu rosto.

— Sou nova. Em verdade, cheguei hoje. Estou um pouco confusa, ainda, com essa coisa louca de semideuses e etecetera. — disse, abrindo um sorriso um tanto despreocupado. Tentei olhar em seus olhos enquanto o respondia, mas nada parecia funcionar para o garoto. Ele se arrumava aos poucos, como se quisesse me impressionar – ele queria me impressionar? –, fazendo com que minha sobrancelha se erguesse em dúvida.

Balancei-me, um pouco desconfortável, mexendo em meus cabelos por um segundo. Escutei o som de folhas quebrando sob meus pés. Falou, então, sobre ser filho de Apolo e tive de me controlar para não revirar os olhos, sabendo que isto o ofenderia bastante. Ainda não conseguiria capturar aquela brincadeira sobre ser semideus, mas poderia entrar nela num futuro próximo.

— Obrigada, Sam. Você também é bastante charmoso. — aquilo era um flerte? Digo, ele tentara flertar comigo ou eu estava enganada? A minha resposta fora bastante casual. E eu não conseguia me interessar por ninguém que eu havia acabado de conhecer. Ele parecia um cara legal, mas, com aqueles olhos fixados em meus seios, não conseguiria nada.

Abri um sorriso um tanto sedutor para o garoto, ajeitando as madeiras alouradas de forma a tirá-las de meu rosto. Queria socá-lo por ao menos insinuar a possibilidade de irmos a algum lugar mais reservado – se é que era isso mesmo o que eu estava captando –, mas ele poderia ser a resposta para todos os meus problemas. Caminhei para mais próximo dele, tocando-o no ombro com uma delicadeza um tanto falso.

— Não é necessário irmos para lá. Fale aqui mesmo. Tire minhas dúvidas. — meu tom era baixo, como se eu quisesse induzi-lo àquilo. — Os deuses... — comecei, meio hesitante. Eu mal acreditava naquilo tudo, verdadeiramente. — Eles são mesmo reais? — certo, eu já havia me encontrado com o suposto Dionísio, mas não acreditava muito naquele papo todo. Eu podia ver sátiros, centauros e coisas afins, mas não conseguia acreditar em divindades poderosíssimas que possuíam controle sobre fatos da vida.

— E os monstros... Já que morrem, por que voltam? — eu sabia a resposta daquilo, mas queria testá-lo. Simplesmente por diversão, digamos.