Thalia's Tree
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♣ The first step ♣

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Mensagem por Faye Perón Sex Abr 03, 2015 11:51 pm




We all are living in a dream


Eu sentia falta de meu pai.

Não, não aquele que fica sentado em um trono de mármore no Monte Olimpo (era assim como eu o imaginava), não aquele que eu conhecia apenas por causa de estátuas e imagens controversas nos livros de histórias e mitos. Zeus não era mais do que de fato era, um desconhecido. Ah, eu sentia falta do meu pai de verdade, do homem latino de regras rígidas, mas de um amor incondicional.

A cada noite em que eu ia deitar naquele meu quarto loucamente legal – afinal era como se estivéssemos no céu, literalmente – eu fitava as estrelas ao meu redor me questionando como o meu velho estava. Estaria preocupado comigo? Ou trabalhando demais? Oh deuses, que ele não estivesse se alimentando de comida congelada apenas. Era como uma relação matemática de proporção. Quanto mais me indagava sobre meu pai, mais a saudade e a preocupação aumentava. Meu peito se contraria e aquela sensação de que algo estava acontecendo quase me sufocava. Sempre havia sido eu e ele contra o mundo, mesmo que esse mundo fosse apenas conseguir fazer o jantar depois de um dia difícil.

Quando não estava mais aguentando mais, eu montei um plano. Não era bem uma fuga, afinal eu planejava retornar ao acampamento o mais rápido possível. Era apenas uma... Visita para o meu pai, apenas para verificar como o velho estava.

Esperei pela segunda-feira. Não iria escapar pela noite, mais sim no final da tarde, quando todos estavam ocupados demais arrumando as coisas para irem jantar e depois seguir para os seus devidos chalés. Era o momento em que todos estavam cansados das atividades e com a atenção focada em apenas acabar logo com os afazeres, comer e dormir. E para completar, as harpias não estariam em seus turnos de vigia. Durante o dia, pela primeira vez na vida, estava agradecendo por não ser uma figura popular. Os campistas já começavam a se acostumar com o fato de ser filha de uma das três grandes, além de ter outros do meu “tipo” passeando por ai, meios-irmãos e primos distantes. Era uma ninguém com poucos conhecidos e isso me dava a vantagem. Talvez apenas mais tarde alguém do Chalé de Zeus notaria que eu não estava ali, mas já seria tarde demais e eu deixaria para lidar com as consequências depois.

Escapar do acampamento foi basicamente uma questão de sorte e muita cara de pau. Assim que consegui atravessar o campo de proteção e descer até pelo menos metade da colina, olhei para os lados antes de ajeitar a touca sobre minha cabeça e prender mais firme a alça da minha mochila em meu corpo. Um sorriso travesso desenhou meus lábios enquanto me concentrava para o que ia fazer a seguir. O friozinho na barriga já começava assim que comecei a correr e depois de meio metro dava um pulo para cima, impulsionando o meu corpo e não mais voltando ao chão. Deuses, eu estava voando! E jamais iria me cansar da sensação que isso trazia! Soltando um grito animado, mantive uma distância do chão que não pudesse ser vista e voei em direção a minha casa. A sensação de voar era tão libertadora que eu sentia que poderia fazer aquilo até me cansar, apenas para me recuperar e fazer mais uma vez. A adrenalina, a paisagem dali do alto, o frio constante na barriga, a emoção tão forte que parecia me esmagar por todos os lados.

Mas isso me fez apenas chegar em casa mais rápido. Logo eu estava pousando de maneira desastrosa no quintal de minha casa no Queens, simples e praticamente igual a todas as outras na rua. Ajeitei mais uma vez a touca sobre minha cabeça, dei uma arrumada na minha roupa bagunçada e subi os degraus que davam acesso a porta dos fundos. Respirei fundo antes de fazer três batidas ritmadas na porta, como sempre fazia quando esquecia as chaves nos dias em que as aulas terminavam mais tarde. A cada passo pesado que eu escutava do outro lado da porta, era como uma batida errônea de meu coração. Cada vez mais perto, mais perto...

-Faye!

O meu nome veio em uma exclamação emocionada. Foram apenas dois segundos que o senhor parado a minha frente ficou me encarando como que para ter certeza de que era mesmo eu quem estava ali. Miguel Péron era um latino de sangue porto-riquenho e mexicano, veio ainda jovem para os Estados Unidos com o mesmo sonho dos que atravessam a divisa da América Central para o Norte. Felizmente para ele havia dado certo e de maneira honesta. Miguel iniciou a carreira dentro da polícia, estudou e hoje era um perito forense em um dos departamentos de polícia de Nova York. Era um homem de estatura média, mas que apesar de sua idade avançada possuía um corpo robusto e ativo. A pele morena sempre contrastava com a minha branca, os olhos escuros eram contrários aos meus que eram sempre claros. Não havia nenhum traço daquele homem que dissesse que eu era a sua filha, não fisicamente.

-Dios Mio! – ele murmurou antes de avançar e me agarrar com seus braços fortes em um de seus abraços de urso – Mi corazón, finalmente! Eu fiquei tão preocupado.

Eu não me importei de estar sendo esmagada contra o peito dele, pois eu podia sentir aquele calor familiar, escutar as batidas frenéticas daquele homem e me acalmar graças ao seu cheiro natural de madeira e canela. Miguel demorou o quanto achou necessário no abraço antes de me puxar para dentro de casa, que estava uma verdadeira zona. Na cozinha haviam vários pratos para lavar, na sala blusas sociais ao avesso jogadas de um lado para o outro. Cruzei os braços e tornei meu corpo em direção ao latino, uma sobrancelha erguida e um olhar acusador.

-Não me olhe assim, você sumiu por quase duas semanas! – Miguel defendeu-se e jogou tudo que estava no sofá para o lado – Eu te procurei por todos os cantos, coloquei a polícia para investigar seu paradeiro. Onde diabos você se enfiou?

-Eu estava... – hesitei mordendo o lábio inferior, os olhos escuros me fitando daquela maneira inquisidora que me fazia falar tudo e ficar toda atrapalhada quando tentava mentir - ... em um lugar seguro.

-Um lugar seguro? Sua casa é um lugar seguro!

-Não para esse tipo de coisa – suspirei desabando no sofá, até que ponto eu poderia confiar as coisas que aconteciam para ele? Mas bastou um olhar para que eu me lembrasse quem aquele homem era e o que já havia feito na vida por mim – Eu sou o perigo papa, por causa do meu verdadeiro pai. Lembra que coisas estranhas sempre aconteciam comigo sem nenhuma explicação e que você não conseguia provar que eu não tinha culpa? Era por causa dele que isso acontecia.

-Você conheceu seu... seu... pai?

Eu poderia dizer que ele estava perdendo a cor morena de sua pele depois de descobrir isso. Prontamente segurei em sua mão e as apertei com um pouco de força, tentando passar toda a segurança que sentia.

-Não exatamente, sei quem ele é e infelizmente eu herdei muita coisa dele. Inclusive os seus problemas. Por isso eu preciso estar nesse lugar neste verão, para aprender a lutar contra isso.

-Você não precisa lutar! – Miguel exclamou de maneira dura – Eu sou seu pai e é meu dever proteger você.

-E eu sei que sempre vai tentar fazer isso, papa. Mas eu preciso aprender a me defender, não vou ser sua princesinha para sempre – foi impossível conter a careta ao pronunciar a palavra princesinha – Só preciso que confie em mim, assim como eu confio no senhor.

Ele abriu a boca para contra argumentar, mas logo seu telefone estava tocando. Só podia ser o trabalho, pois apenas eu e o departamento ligava para ele. Miguel soltou um grunhido frustrado antes de levantar e pegar o aparelho com o toque padrão de celular qualquer. Ele atendeu de maneira grosseira, revelando todo o seu estado emocional nas primeiras palavras, mas logo seu corpo tornou-se rígido e o seu olhar mais sério. Ele sempre ficava assim quando alguma emergência acontecia no trabalho.

-...entendido, capitão, já estou indo – Miguel decretava e assim que desligou o telefone virou para mim – Você vai comigo, não vou tirar os olhos de você mais!

Soltei um suspiro sabendo que seria difícil argumentar com o velho latino naquele momento, então apenas resolvi acompanha-lo como as vezes o fazia para não ficar sozinha em casa. Geralmente ficava fora da cena do crime, comendo algumas rosquinhas sobre o capô de algum carro enquanto um policial ficava me distraindo. Graças a isso eu conhecia boa parte do departamento de polícia que meu pai trabalhava.

O caminho foi costumeiramente silencioso, Miguel não gostava de conversar enquanto dirigia pois não queria perder a concentração. Ele cortou as ruas de Nova York até chegar em uma corporação de pesquisas e tecnologias. Estava uma verdadeira bagunça, policiais por todos os cantos, repórteres e fumaça. Havia acontecido uma explosão ali em algum andar e o fogo parecia ter sido contido a pouco tempo.

-Péron! – o detetive Abraham veio assim que nós saímos do carro – Eu adoro a sua pontualidade e... Espera, Faye!

-Hey – disse completamente sem graça.

-Menina, você nos deu um susto!

Abraham me abraçou sem pudores, ele era o melhor amigo de meu pai e como um padrinho para mim. Era um homem que lembrava Mel Gibson quando fazia Coração Valente, por causa de seu cabelo grande sempre preso e porte de guerreiro escocês.

-Ao fim parece mesmo como uma adolescente normal, que decepcionante – Abraham provocou sorrindo – fugindo de casa e tudo mais!

-Vamos ao trabalho, Abraham – meu pai não tinha gostado da brincadeira, ele nunca gostava – Faye, fique aqui e não se afaste, vou pedir para o Connor te fazer companhia.

-Ah não papai, o Connor não! – reclamei prontamente.

-Acho que o seu castigo está começando agora – Abraham piscou um olho antes de se afastar.

Connor era o policial novato que falava pelos cotovelos e parecia não ter saído da puberdade ainda. Cruzei os braços e fiz minha melhor cara de birra enquanto encostava no capô do carro, observando perito e detetive se afastarem para ultrapassar a fita amarela de segurança. Estava mesmo uma pequena confusão. Helicópteros voavam ao redor, ambulâncias estavam em toda a parte, jornalistas fazendo perguntas para as pessoas tentando conseguir as primeiras informações.

-Não, eu tenho de voltar, meu noivo está enfrentando ferais! – uma mulher com jaleco esbravejava contra um paramédico que tentava coloca-la dentro de uma ambulância – Por Zeus! Você não está me escutando estúpido? Apolo roubou sua audição? EU PRECISO SALVAR MEU NOIVO!

Se fosse há apenas um mês atrás, eu acharia aquela mulher loira uma verdadeira louca. Mas assim que escutei as palavras gregas, meu instinto ficou prontamente em alerta e antes que eu desse conta, já estava me aproximando.

-Hey – chamei a atenção deles e mesmo de um jeito tímido fiz a proposta – Eu sou filha do perito Perón, eu sou acostumada a lidar com vítimas graças a ele, posso tentar com ela?

-Oh por favor, eu tenho de levar ela logo para o hospital, ela está começando a ter delírios, mas precisa ficar calma! – o paramédico aceitou prontamente.

-Não vou ficar parada enquanto---

-Enquanto eu converso com você – a cortei e parei a frente da garota loira – Sou Faye Perón, meu verdadeiro pai pode ser conhecido como o senhor dos céus. Você está me entendendo?

Os olhos azuis escuros pareceram brilhar quando a mulher finalmente compreendeu que eu havia dito que era filha de Zeus. Ela olhou para os lados e segurou em meu braço com certo desespero. Aquela semideusa estava quase surtando.

-Escute, nessa corporação há pesquisa feita por semideuses, pesquisas importantes e algumas que podem se tornar perigosas nas mãos erradas – ela falava baixo e com urgência – Harry voltou para destruir toda a nossa pesquisa para evitar que fosse encontrada, mas fomos atacados e aquele idiota me jogou para fora do prédio, literalmente! Ele continua lá dentro e precisa de ajuda o mais rápido possível.

-Como eu entro?

-Pela lateral haverá um adesivo com o triângulo de delta. Pelo amor dos deuses, diga-me que sabe o que é um delta!

-Claro que sei! Não sou tão ruim assim em matemática... não tanto!

-Certo, vai encontrar esse símbolo e pressioná-lo e vai aparecer um painel digital. Você precisa jogar a senha 159753, vai descer e seguir o som das explosões. Você só precisa trazer meu Harry, não se importe com mais nada, por favor! Traga-o de volta!

Apenas acenei para ela e vi como a loira ficou aliviada. O paramédico se aproximou notando que eu havia conseguido “tranquiliza-la”. Comecei a me afastar sentindo os olhos azuis dela sobre minhas costas. Olhei para os lados enquanto seguia para a lateral do prédio, olhando para baixo, tentando ser imperceptível. O que foi fácil já que a atenção de todo mundo estava na frente do edifício. Assim que cheguei lá, foi um pouco difícil encontrar o símbolo delta. Não porque eu não sabia o que era, mas sim porque estava escuro e eu realmente não sabia como procura-lo ao certo. Ao pressioná-lo na parede, na altura de meu peito, um painel digital com números surgiu. Joguei a numeração que a loira havia me dado e logo a parede deslizou para o lado, como se fosse na verdade uma porta elétrica disfarçada de parede.

Engoli em seco sentindo aquele calafrio que geralmente queria significar um grande grito de perigo. Mas só de lembrar do desespero nos olhos azuis e de que eu podia fazer algo a respeito, eu começava a avançar a passos trêmulos, mas avançava. Estava entrando em um corredor fechado e alto, com uma iluminação branca vinda por todo o teto. Paredes lisas e estéreis, não havia nenhuma indicação de sala por ali, apenas uma escada íngreme e estreita. Assim que comecei a descer, descobri como aquela mulher podia ser tão precisa em suas instruções, pois logo estava escutando o som de metal contra metal, urros animalescos e grunhidos de dor. Uma batalha estava acontecendo lá embaixo!

Ativei as minhas pulseiras, elas se desdobraram até se tornarem luvas que aumentavam potencialmente a minha força e serviam como uma proteção improvisada. Como a Mulher Maravilha e seus braceletes? Talvez, nunca havia testado a esse nível e não esperava ter de improvisar com isso. Também retirei o meu anel do dedo polegar, o deixando se desdobrar em uma linda espada de metal azulado. Com cautela, terminei de descer os degraus até alcançar um porta entreaberta, seu freixo mostrando sombras passando de um lado para o outro, os barulhos de briga vindo definitivamente do outro lado. Devagar, me aproximei e abrir um pouco mais a porta... Apenas para escancará-la de uma vez só e partir o mais rápido que podia para dentro sem pensar duas vezes.

A primeira imagem que eu tive de lá foi a de dois Thundercats atacando um homem moreno machucado. O que parecia um projeto de Cheetara o segurava pelos braços, o imobilizando e deixando o semideus a mercê do Lion-O versão badcat. Só que dessa vez o Lion-O estava prestes a dar o golpe final, apontando uma espada curta em direção do peito do que deveria ser o noivo da garota lá encima. Foi por isso que eu invadir sem pensar duas vezes, assustando um pouco os gatos malvados e caindo de cabeça naquela briga, eu não deixaria que alguém morresse a minha frente, simplesmente não podia! Então avancei com tudo, quase esbarrando em uma cadeira com rodas e fazendo um ataque direto com a espada, apenas para que ele fosse obrigado a se defender e se afastasse do meio-sangue.

-Quem é você?! – ele rosnou pulando agilmente para trás depois de amparar o golpe de minha espada com sua própria lâmina.

-A cavalaria – respondi simplesmente e resmunguei – Eu adorava os Thundercats!

A comparação pareceu enfurecer o Lion-O do mal, ele quase rugiu como um leão e avançou em minha direção. Os ataques não era apenas rápidos, eram fortes e precisos. Naquela altura se eu não tivesse treinado tão bem a minha luta de espadas, teríamos Faye Fatiada para gatos. Ele vinha por todos os lados, atacando pelo flanco, de cima para baixo, golpes diretos. Eu só conseguia ficar na defensiva, recuando aos poucos mesmo sabendo que não devia, que era arriscado. E foi um dos meus erros. Logo sentia algo batendo contra o meu quadril, eu estava encostando em uma mesa de laboratório! Lion-O aproveitou-se disso, dando um golpe tão forte em minha lateral que o impacto de lâmina contra lâmina me desestabilizou. Ele avançou rápido, pegou em meu pescoço e me empurrou para trás com tudo, fazendo minhas costas baterem bruscamente contra a mesa e com todos os tubos de ensaios que haviam ali. Eu sentia pedacinhos de vidro perfurando minhas costas, assim como um líquido queimando minha pele, provavelmente alguma mistura química corrosiva. Mas essa não era a minha maior preocupação, pois a mão felpuda e com garras se fechava em meu pescoço. Os dedos com unhas afiadas perfuravam a minha pele enquanto a palma esmagava a minha garganta tentando impedir a minha respiração. Meu primeiro impulso foi o de soltar a minha espada e de segurar naquele braço felino e tentar tirá-lo dali, mas a falta de ar já começava a fazer o seu efeito colateral. Lion-O sorriu exibindo seus dentes afiados de maneira sádica, ele ergueu a sua espada curta apontando em minha direção. O medo de morrer estava ali, presente, correndo e minhas veias e me fazendo agir sem pensar. Segurei mais firme no braço dele e soltei uma descarga elétrica que queimou todos os pelinhos de gato que o Thundercat tinha nos braços. Ele meio que grunhiu e urrou de dor, me soltando e cambaleando para trás em direção de grandes fios. Ainda em frenesi, levantei sentindo minha garganta ardendo pela dificuldade em respirar. Apontei minha mão e apontem em direção do gato malvado, acumulando energia e deixando que ela perpassasse pelas pontas de meus dedos em forma de uma seta elétrica.

Aquele ataque não era poderoso, elas davam sensações de choque e isso atrapalhava em demasia o inimigo. Mas ai que vem a lei de que tudo dá errado quando você menos espera. A seta atingiu em cheio o meu inimigo, o jogando contra os fios que estavam plugados na parede... E isso resultou em reação em cadeia, pois o poder ainda estava ativo em seu corpo mesclando-se com o ataque anterior. Eu almejei com todas as minhas forças ser capaz de fechar os olhos, mas foi impossível, pois o gato começou a tomar choques e mais choques, uma descarga elétrica que fez todas as luzes do lugar piscar. Em longos e ao mesmo tempo poucos segundos, o feral explodiu em um pó dourado.

Ele explodiu por minha culpa. Oh meus deuses, eu havia matado alguém! Meu estado inerte foi quebrado quando um rugido furioso e doloroso ressoou perto de mim, meu instinto gritou ainda mais alto me fazendo mover o corpo sem saber o que estava fazendo realmente. O resultado foi cair da mesa antes que a Cheetara viesse com tudo a partindo ao meio com suas mãos em formas de punhos. Ela passara esse tempo todo lidando com o outro semideus, o prendendo e deixando que o outro lidasse comigo.

-Eu... Eu não queria! – eu dizia em desespero – Eu juro, era só para imobilizar!

-Cale-se, eu vou matar você! – ela rosnou furiosa.

Eu recuei quase tropeçando em meus próprios pés. Naquele estado afetado, eu não conseguiria lutar, eu estava a mercê de meu inimigo sem saber nem como reagir, o impacto da imagem daquele homem gato explodindo ainda fazendo um forte efeito. A mulher felina avançou com tudo, jogando-se sobre o meu corpo e fechando as mãos em punhos. Um soco e eu já estava zonza, no segundo eu sentia o sangue escorrendo pelo meu nariz e via estrelas ao meu redor. Eu tentava segurá-la, meu instinto de sobrevivência falando mais alto e me obrigando a reagir, mas tudo o que eu recebia de volta eram verdadeiros arranhões de gato em meus braços, provocando cortes em todo o meu braço. Quando ela ia aplicar o que deveria ser o quinto soco, um barulho veio de trás de sua cabeça, ela paralisou, os olhos reviraram e seu corpo foi caindo para o lado, revelando um homem moreno ofegante e segurando um extintor de incêndio.

-Nós temos de sair daqui – ele dizia com urgência – Eu já consegui apagar todos os projetos, vamos!

Aceitei a mão que ele me oferecia e vi o mundo girar, sendo obrigada a me escorar no semideus e quase ser arrastada para fora. Saímos pela mesma lateral e o ar fresco quase feriu os meus pulmões. Soltei do homem e fui cambaleando até uma parede, escorando nela e caindo aos poucos ao sentir minhas pernas fraquejarem. Minha mente jogava de forma aleatória tudo o que eu tinha feito em menos de uma hora, mas principalmente, aquela explosão dourada.

-Ei, garota, você está bem? – o meio-sangue se aproximou um tanto cambaleante também.

-E-eu matei ele – falei sentindo os meus olhos arderem e lacrimejarem – Eu não queria, era só para imobilizar mas... Eu matei ele!

-Sim, é o que nós fazemos para sobreviver – ele disse calmo e ergueu o corpo – Mas acho que ninguém te contou ainda. Eles não morrem realmente, eles vão para o Tártaro, se recuperam e voltam a vida quando conseguem sair do inferno. Hoje posso matar o Minotauro, mas daqui alguns meses ou anos ele está dando as caras de touro dele novamente e assombrando outro semideus.

-Eles não morrem? – indaguei feito uma idiota enquanto fungava alto.

-Sim e não. Só precisa saber que eles voltam e isso é uma verdadeira dor de cabeça. Por isso não sobra o corpo, eles viram poeira. Quase poético não?

Deixei minha boca cair em incredulidade, então eles voltavam? O alívio que eu senti quase me fez cair novamente, se eu já não estivesse sentada. Mas antes que qualquer comentário fosse feito, um furacão loiro passou correndo e se jogou no homem moreno, o agarrando como se fosse um verdadeiro ataque.

-Seu idiota, estúpido, burro, irresponsável, inconsequente! – a mesma mulher loira de momentos atrás gritava enquanto agarrava o noivo – Nunca mais seja imprudente dessa forma!

-E isso tudo eu posso traduzir com um eu te amo! – o homem riu apesar de fazer uma careta de dor – Mas parece que você arranjou uma boa heroína para salvar a minha pele.

Enquanto levantava, a mulher soltava-se um pouco do noivo, mas sem se afastar demais. Ela deu um sorriso realmente agradecido e eu senti algo diferente. Como se tudo valesse a pena só por saber que tinha ajudado alguém. Mexi em meu cabelo completamente sem jeito e com um sorriso tímido os encarei enquanto falava:

-Acho que não me apresentei direito, sou Faye Perón, filha de Zeus.

-Sou Harry Lewin de Hefesto e essa é minha noiva, futura Rachel Lewin filha de Atena – o homem se apresentou com um enorme sorriso – Obrigado por aparecer lá, eu não conseguiria lidar com dois ferais de uma vez e destruir os arquivos a tempo.

-O que dois Thundercats estavam fazendo em um laboratório? Não parecia ser o habitat natural deles – falei cruzando os braços um pouco confusa.

-Eles são um povo geralmente neutro, mas alguns são verdadeiros mercenários – Rachel comentou franzindo o cenho – Provavelmente contratados pela Ouroboros.

-Ouroboros? – indaguei.

-Uma organização de semideuses que fazem pesquisas ilegais e todo o tipo de coisa ruim que você possa imaginar, eles não tem limites – Harry disse de maneira séria e depois relaxou mais uma vez – Mas isso não vem ao caso agora, você deveria ir para o hospital ver esse rosto. E de novo obrigada, são poucos o que tem coragem de cair de vez em uma briga sem pensar duas vezes.

-Mas eu penso – disse convicta – Penso que é o certo, então, porque não fazer?

-Adoro quando os jovens tem esse complexo de herói – Rachel riu e seus olhos iluminaram – Espere, acho que sei o agradecimento perfeito. Vamos dar aquilo a ela, não vamos usar mesmo!

Antes que eu ou Harry questionássemos algo, Rachel partiu saindo do beco. Harry me olhou e deu de ombros, eu e ele caminhando lado a lado um tanto lento por causa dos machucados. Evitando os olhares curiosos, seguimos até um carro sedan. Rachel já estava com o porta malas aberto e retirava de lá algo em um... Cabide? Espere, aquilo era uma roupa?

-Era apenas para passar o tempo, eu adoro criar projetos e Harry adora fazê-los reais – Rachel explicou exibindo a peça ao lado de seu corpo – Por isso somos perfeitos um para o outro.

-E porque eu sei fazer o café favorito dela – Harry encostou no carro, retirou algo do bolso e me entregou, era o meu anel! – Acho que isso é seu, peguei antes de ir ajudar você.

-Seu café é quase tão bom quanto um copo de néctar – Rachel sorriu e voltou o olhar para o que seria uma blusa? – É um peitoral, como uma armadura leve, mas colocamos um encanto para que parecesse assim. Feito de ligas de carbono e kevlar, essa belezinha foi incrementada com um sistema perfeito para batalhas. Ela consegue medir o seu nível de adrenalina e hormônios que são ativados quando está em ação, ao medir esse nível ela melhora os reflexos e o equilíbrio de quem as usa. Ou seja, quanto mais em perigo, quanto mais ativo o seu corpo estiver, mais ela é eficaz. Quando parado não passa de uma blusa fantasia, ela se ajusta bem ao corpo dando para usar outra blusa por cima tranquilamente. E agora é sua, por nos ter ajudado.

-Só tome cuidado, ela faz ideias de vigilante aparecerem assim que você a veste – Harry riu – Quando Rachel a vestiu resolveu sair por ai de noite e voltou dizendo que tinha parado um assalto a mão armada de pessoas usando máscaras de macacos, acredita?

Eu não tinha o que dizer, meu olhar estava no peitoral. Rachel o esticou o oferecendo para mim e meu coração parecia disparar ainda mais quando eu o peguei. Era como uma blusa sem mangas e gola fechada, sem nenhum tipo de decote. Mas havia um Z que lembrava um raio e assim que eu o toquei, foi como se o Z exibisse uma verdadeira tempestade. Eu ia falar algo, mas escutei uma sirene perto de mim que prontamente me fez pensar em meu pai.

-Eu preciso ir – falei fazendo uma careta – Escapei um pouco do Acampamento para ver meu pai, digo, meu pai adotivo. Mas... Eu tenho de voltar, já causei estragos em sua cena de crime e... Eu não to preparada para contar para ele um monte de coisa.

-Boa sorte sobrevivendo ao Acampamento – Rachel fez sinal de positivo com o polegar.

-Uma filha de Atena já está fazendo de meus treinos algo bem parecido com o inferno – sorri de lado.

-Viu? Por isso você foi tão bem! – Rachel riu.

Acenei uma última vez e me afastei voltando para o beco. Segurei mais firme no meu presente, olhei para os lados e impulsionei meu corpo para o alto começando a voar. Eu precisava voltar para o Acampamento, mas durante toda a viagem ideias invadiam a minha mente de maneira incontrolável. Eu sabia que iria me meter em encrencas, mas como resistir a ideia de que eu poderia fazer algo bom e maior do que ficar apenas treinando aprisionada em um acampamento?


________________

Uniforme de Vigilante [Peitoral // Liga de carbono e kevlar // Um peitoral bastante leve, não dificultando os movimentos do usuário. Apesar de ser parte de uma armadura, a sua aparência é a de uma blusa preta fechada e que molda perfeitamente quem a veste. Há um “Z” inclinado que lembra bastante um raio. Como efeito visual, o raio parece conter uma constante tempestade dentro de seu limite de desenho. Esse peitoral além de oferecer a defesa comum de um peitoral de armadura leve, aumenta no usuário o seu reflexo e equilíbrio quando a taxa de adrenalina aumenta indicando que está em uma cena de ação. // Adquirida por Hunter].


Coisitas:

We can be heroes, just for one day



Mentalistas de Psiquê
Mentalistas de Psiquê
Faye Perón
Faye Perón
Título : Novato
Idade : 26

Ficha do personagem
PV:
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PM:
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Mensagem por (EXST)Érebo Sáb Abr 04, 2015 1:54 pm

1. Narrativa



REAVALIADO POR CAOS


Faye, pouco após tentar levantar voo rumo ao acampamento, desmaiou. Ela não possuía noção do que fizera ela cair, mas a resposta estava em um dos tubos de ensaio que feriram-na no combate. A substância corrosiva que ela havia sentido queimar sua pele outrora era simplesmente um inibidor de habilidades. Como um pouco da substância havia entrado em seu sangue, ela ficaria por algum tempo com suas habilidades falhando até que o inibidor fosse expulso de seu sangue.

Ao acordar, a semideusa estava em uma cama de hospital em NY, com Abraham e o forense Perón, seu "verdadeiro" pai, ao seu lado. Ambos estavam abatidos, pois ficaram ali por horas e horas a fio, sem comer ou dormir, mas ao verem a garota erguer as pálpebras e demonstrar os olhos de Zeus, deram um sorriso de orelha a orelha, com o latino-americano chorando como se algo milagroso houvesse acontecido. Faye precisaria se explicar para Miguel antes de voltar ao acampamento, ou não.

Ao lado de fora do hospital, a noite começava a aparecer e o primordial da escuridão, em seu manto de trevas, apenas sorriu, teletransportando-se de volta para seu reino. Fraquezas e perdas também geram escuridão, mas essa escuridão é emocional, uma ainda mais difícil de se escapar.

2. Julgamento


Bem, Faye, vamos ao que interessa depois dessa linda narrativa feita por minha maravilhosa pessoa (que ficou muito ruim x.x). Sobre a missão, eu vou me atentar ao básico e se você desejar mais explicações, peça por MP, okay? (Eu tinha feito sua avaliação, mas meu PC crashou e eu não vou escrever tudo de novo, chora).

A sua narrativa é fluida, simples em vocabulário e sem grandes erros, mas algumas repetições fariam qualquer leitor desatento se enrolar por alguns segundos. Isso foi falta de revisão antes de postar, então preste atenção. Em relação ao enredo e a criatividade, foi razoável. Serve para apresentar alguns personagens da trama da personagem, mas sem se aprofundar demais neles. Agora em relação ao combate, que foi sua faca de dois gumes. Foi uma luta boa, mas ruim. Como assim? Você tentar associar as criaturas bestiais aos Thundercats foi uma das tentativas mais falhas que eu já vi (as mais falhas foram minhas, but deixemos isso quieto). Você poderia ter feito um combate épico, mas o modo que escolheu pra representar os inimigos foi ridículo, sendo bem sincero.

3. Pontuação &

Recompensas/Descontos


RECOMPENSAS POSSÍVEIS:

MISSÃO PERFEITA

— Item Almejado
— Cento e cinquenta pontos de experiência (150 EXP)
— Cem dracmas (100 dracmas)

CRITÉRIOS AVALIATIVOS E RESPECTIVA PONTUAÇÃO GERAL:

Coerência Textual: 25%.
Coerência Batalha: 25%
Gramática/Português: 10%
Enredo/Criatividade: 30%
Objetividade: 10%

PONTUAÇÃO — FAYE PERÓN (Filha de Zeus)

Coerência Textual: 20%
Coerência Batalha: 20%
Gramática/Português: 9%
Enredo/Criatividade: 30%
Objetividade: 10%

TOTAL: 84% DE APROVEITAMENTO

RECOMPENSAS OBTIDAS:

— Item Modificado: • Uniforme de Vigilante [Peitoral // Fibra de Carbono e Kevlar // Um peitoral bastante leve, não dificultando os movimentos do usuário. Apesar de ser parte de uma armadura, a sua aparência é a de uma blusa preta fechada e que molda perfeitamente quem a veste. Há um “Z” inclinado que lembra bastante um raio. Como efeito visual, o raio parece conter uma constante tempestade dentro de seu limite de desenho. Além da proteção comum de uma couraça leve, o peitoral possui a capacidade de aumentar os reflexos físicos de seu usuário, além de aumentar seu equilíbrio, tornado-o mais difícil de se derrubar // Adquirida por Hunter].
— Cento e quarenta pontos de experiência (140 EXP)
— Oitenta e quatro dracmas (84 dracmas)
— + 10 fama.
— Adicionado ao espaço "Saúde Física": Inibidor de habilidades — Faye entrou em contato com uma substância experimental no laboratório e até tal substância ser expelida de seu corpo, seus poderes (tanto ativos quanto passivos) possuem 15% de chance de erro. [Duração de: 1 missão (exclui-se tramas pessoais e campanhas)]
— Full Status (Tratamento no Hospital)

D
A
R
K
N
E
S
S
Deuses
Deuses
(EXST)Érebo
(EXST)Érebo
Título : Deus Primordial
Fama : Divino

Idade : 24

Ficha do personagem
PV:
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PM:
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PR:
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