[RP FECHADA] Something New - 03/08/15

Fallen estava deitado à margem do lago. Com a nuca apoiada numa mão, o garoto olhava para o céu, onde o Sol já não tinha todo o brilho ofuscante do dia e começava a dar breves sinais de que se poria logo. Piscou os olhos.

Desde que chegara à estranheza do Acampamento, Fallen alternava períodos de convívio social com momentos solitariamente oportunos, que usava para refletir sobre as informações aprendidas no dia e que, posteriormente, poderiam lhe servir para algo. Bufando de leve, revirou os olhos.

Uma vez que os problemas da vida de meio-sangue começavam a encher sua cabeça, seus isolamentos do resto do mundo ficavam mais frequentes. Tendo a recorrência da necessidade de uma evasão já intrínseca a si, o jovem respirou fundo a sutil brisa que trouxe-lhe o cheiro de terra molhada próxima à relva ciliar. Coçou, com o dorso da mão, os olhos.

Brincando com uma mão na água - e assim deixando que todos os dedos da mão direita estivessem no interior do lago quase intocado -, o indefinido forçou as pálpebras. Eu preciso me divertir, divagou, cerrando os olhos.

— thanks, ♛ and gabs!

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Um sorriso ousou tomar-lhe os lábios, dando, por uma fração de segundo, um toque alegre à face séria que analisava e criticava o ambiente no qual se encontrava. Típico. Leah era perfeccionista assumida, o que a fazia analista ao extremo. Entretanto, tal característica aplicava-se apenas quando a garota conhecia ambientes e pessoas novas; fora estes momentos, apesar de manter-se atenta aos detalhes, seu lado crítico era ocultado por uma parte de si que parecia não se importar.

Talvez por todo o acampamento representar algo novo para ela, ela saíra do chalé onze — nome popular para o projeto de caos onde fora gentilmente jogada, uma vez que ainda não sabia quem era sua mãe divina — para passar o dia explorando o máximo que conseguia do lugar.  

O Sol já começava a perder seu brilho quando Leah chegou ao lago. O lugar estaria deserto, não fosse por ela, um garoto deitado próximo às águas aparentemente calmas e, possivelmente, já que nenhuma tinha dado o ar da graça, as ninfas sobre as quais já ouvira falar. Um sorriso ousou tomar-lhe os lábios.

— Devo admitir que riria, e muito, se você, por algum motivo ou força maior, caísse no lago. Nada que eu estivesse envolvida, obviamente — brincou, sendo aquelas as primeiras palavras do dia que proferira sem se sentir forçada a fazê-lo.

O silêncio fora quebrado por um timbre doce, mas com palavras tão simpáticas quanto um daqueles guardas ingleses que mais parecem estátuas, ainda que um sutil humor percorresse a frase da jovem.

Erguendo a cabeça e abrindo os olhos, Fallen fitou-a com certa curiosidade. Se seus dizeres denunciavam uma possível ofensiva, sua aparência despertava a vontade de tirar uma foto, guardando a inocência e a malícia daquele sorriso nas linhas harmônicas do rosto (e do corpo, como percebera num sucinto olhar que dirigira a esse, sem ser suficientemente longo para ela notar).

— Tenho um certo dom para fazer as pessoas rirem — explicou, ainda analisando-a, fazendo algumas suposições sobre a distância entre si e o lago e a força da garota —, mas provavelmente você não conseguiria. — Então, ajeitando-se novamente na relva, fechou os olhos calmamente, ainda que uma sobrancelha possuísse uma curvatura ligeiramente arqueada. — Nem teria coragem, também.

— thanks, ♛ and gabs!

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Leah não tirou os olhos de cima do garoto. Sequer tentava disfarçar o olhar que analisava-o dos pés à cabeça. Concluíra, por fim, que sim, era atraente, mas nada que despertasse a atenção da menina. Já vira melhores.

Quando pôde ouvir a voz do campista, outro sorriso, este mais breve e discreto, correu-lhe os lábios. Ainda que possuísse alguns traços da juventude recente, o tom adulto já era notável em sua voz, cujo timbre já pendia para algo mais grosso e carregado; Leah a descreveria como aveludada. O desafio que fora imposto por ele foi capaz de fazer da tal voz ainda mais sexy.

— Desafio aceito — declarou, deixando a confiança transparecer nas palavras. — Você ainda vai terminar dentro desse lago hoje, queira ou não. Talvez, eu não precisarei mover um único dedo pra te deixar encharcado, mas né, resolveremos isso depois — e riu um riso curto, quase como se debochasse do garoto.

Aproximou-se mais dele, parando aos pés do menino, meio de lado para ele. Sentou-se, as pernas cruzadas, evitando que qualquer parte do próprio corpo tocasse a água.

— Se não for pedir muito: nome, idade e todos esses mimimis que estão inclusos no pacote "apresentação".

Ele sentiu a movimentação alheia. Contudo, até para confirmar sua pose de confiante, Fallen não ousou olhá-la em momento algum. Quando a garota sentou, mesmo que ela dissesse o contrário, teve certeza que ele não terminaria no lago - pelo menos, não sozinho. A desconhecida ia ficar igualmente encharcado, como dissera.

— Owen Aleks... — disse, como estava acostumado, até porque era aquele nome que estava em seu documento (e porque, até então, ela era só mais uma pessoa do Acampamento - ou, melhor, uma das únicas com quem estabelecera um diálogo "longo"). Foi só então que recordou-se da conversa com Quíron. — Digo, me chamo Maximiliano, mas todo mundo me chama de Max.

É, Max, pensou pra si mesmo, lembrando-se do apelido que alguém o dera quando chegara. Seria um pouco difícil se acostumar com a nova identidade - ou melhor, a original, sem precisar viver da falsidade ideológica que possuía no mundo mortal para manter-se um cidadão "legalmente americano".

— Max, 16, filho de alguém que não quis me assumir e está rindo muito da minha cara ainda. — Então, levantou os olhos para frente, vendo-a sentada próxima a si. — E ainda estou seco — provocou, no tempo perfeito de dar um soquinho na água para que respingos a atingissem. — E quem é você?

— thanks, ♛ and gabs!

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Leah não deixou de perceber a rápida troca de nomes que o garoto fizera, o que apenas serviu para atiçar a curiosidade da menina, que, assim que lhe fosse dada uma brecha, questionaria o ocorrido. Não agora, claro. Apesar de muitos dizerem o contrário, ainda guardava em si um pouco de sensatez.

Em um primeiro momento, tentou ignorar não só a provocação, mas também os respingos que recaíram sobre seu corpo graças à uma brincadeirinha do... Max? É, isso.

— Leah, dezesseis, filha de um cara que se deu muito bem na vida e de uma mãe que parece não querer me conhecer. Não que me faça falta. Depois de tanto tempo sem ela, mais uns dias não vão me matar, acho.

"Mas a ansiedade talvez mate", completou mentalmente. Saber que o dia em que conheceria a identidade da progenitora poderia estar mais próximo movia uma inquietude incômoda em Leah. Apesar de sempre ter se considerado um espírito livre, que acreditava veemente que mais um parente apenas serviria para lhe impor regras e limitações, talvez uma presença materna a teria feito bem, apenas por fazê-la se sentir mais amada.

— Não só esse alguém está rindo da sua cara, mas logo me juntarei a ele — respondeu a provocação, já começando a tirar os tênis, então imergindo os pés no lago. — Como veio parar aqui?

A resposta dela doía, ele sentiu, mas preferiu não comentar nada sobre aquilo, até porque não gostaria de ser questionado sobre sua própria vida naquele momento. Viera ali para escapar do mundo, não para pensar em problemas.

— Leah — testou a pronúncia, procurando a palavra que viera à ponta de sua língua. — Tipo "leão" — e sorriu fracamente, numa vitória pessoal. — O barulho da cachoeira — respondeu, não grosso, mas calmo, como se fosse a resposta óbvia para aquela pergunta tão simples, apontando para onde achava que ela se encontrava, devido à correnteza constante do lago.

Então, Fallen notou que Leah já tinha metade do corpo na água. Uma lâmpada de iluminação tímida, porém constante, piscou por um segundo, num flash rápido, com um significado nítido: iria derrubá-la na água.

Inclinando a cabeça, mudou o ângulo da visão, só pra ver se ela não carregava nada eletrônico, e - ao constatar que o alvo estava desarmado - empurrou-a com a perna em direção à água, sem força suficiente para machucá-la, mas com a firmeza necessária para que ela tomasse um bom banho.

— E eu continuo seco — comentou, olhando de leve para suas roupas (uma bermuda e a camiseta laranja do acampamento, além de chinelos) e pensando se deveria mudar esse "status de relacionamento". — E eu espero que você saiba nadar.

— thanks, ♛ and gabs!

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Ela riu. Tentou pensar em algo em si que a comparasse com um leão. A cor do cabelo, talvez, mas não era esse tipo de semelhança que buscava; tentava algo na forma de agir, um traço em comum na personalidade.

Difícil dizer se teria encontrado, uma vez que seus pensamentos foram interrompidos por um empurrão nas costas e um mergulho involuntário no lago.

Institivamente, levou uma mão ao nariz, prendendo a respiração. Segundos depois, voltou à superfície, rindo.

— Sei que tu queria me afetar e tudo mais, mas sabe qual a melhor parte? Eu já 'tô aqui, e, cara, preciso admitir que sexo na água é uma das melhores coisas que existe. Como tu é fresco e vai falar que eu armei isso pra tu entrar, 'cê me faz um favor? Tem um garoto, Christopher, ele é filho de Apolo, 'cê pode chamá-lo, por favor? Deve estar no chalé ou na arena. Diz que eu preciso de umas aulas particulares ao ar livre. E não demora, obrigada.

Sorriu, fechou os olhos e começou a boiar no lago.

De duas, uma: ou ela era muito sem noção, ou era uma vadia. Nenhuma das opções o agradou muito. Fallen chegou a virar o rosto para observar o "estrago" que fizera em Leah, mas de nada adiantou, uma vez que a garota continuava naturalmente bonita, como uma sereia estaria. De qualquer jeito, ela falar do tal do Christopher não o deixou enciumado, sendo recebido apenas como uma provocação qualquer.

— Primeiro, preguiça — justificou-se, voltando a deitar a cabeça e fechar os olhos, ainda impassível, pensando seriamente na possibilidade de tirar um cochilo, mas demorando-se tempo demais com o olhar no corpo molhado de Leah. — Segundo, eu não sou frouxo — acrescentou com segurança, devido até a experiências e feedbacks anteriores. — Terceiro, você fala demais pra quem pouco faz.

Fosse quem fosse Christopher, ele tinha um pouco de sorte, concluiu, mas ainda ponderando se a troca de belas curvas pelo gênio irritantemente chato valia a pena - e, enquanto pensava sobre isso, divagou sobre a forma estranhamente interessante como o cabelo dela brilhava n'água. Isso não era um bom sinal.

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Leah parou de boiar, mergulhando até a borda do lago, apoiando-se sobre a margem, próxima do garoto. Mordeu o lábio, correndo os olhos sobre a face do campista. Um sorriso discreto pôde ser visto em sua face.

— Diz que não é frouxo, mas não move um dedo. Vou fingir que acredito — murmurou, antes de um novo mergulho. Aproveitou o tempo imersa na água para pensar nas palavras seguintes e na forma como deveriam ser ditas. Voltou à superfície, parando na mesma posição de outrora.

— Também vou fingir que acredito que você não quer, Max — sussurrou, próxima à ele, enfatizando seu nome. Tocou-lhe o lado esquerdo do pescoço, virando o rosto dele para si com o polegar, garantindo que teria a atenção dele. — Ou vai dizer que não? Vai mesmo dizer que, nem por um segundo sequer, bateu uma vontade de me ter como sua? Tem certeza de que prefere ficar ai, deixando o sol te esquentar, enquanto eu poderia ser a causa da tua temperatura elevada? — E riu, aquele riso debochado que era sua marca. — Tudo bem, Max, pois que fique, mas, sim, você vai se arrepender.

Fallen não era de ruborizar, mas a situação pediu para que abrisse uma exceção. Quando o toque macio dela virou seu rosto, o garoto manteve a expressão facial impassível, mas o tom rubro das bochechas denunciavam-no para a jovem.

Com seu olhar fixo nela, o italiano pôde apenas franzir mais o cenho e, quase numa birrinha infantil, bufou de leve, desviando a atenção para o lago e tirando a mão dela de si, sentando-se à margem, enquanto procurava tirar, de sua cabeça, a imagem de Leah lindamente molhada tão próxima de si.

Encarando-a meio de baixo, já que estava acima, simplesmente fritou os últimos neurônios que ainda pensavam no que ela dizia, acabando por retrucar:

— Cala a boca — e abaixou a própria cabeça, puxando-a também pelo queixo com sua mão direita, enquanto ajudava-a a sair um pouco da água com seu outro braço pela cintura dela. — Eu não sou frouxo — sussurrou quase junto à boca dela, não lhe dando tempo de reação antes de tomar-lhe os lábios num beijo.

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Apesar de tentar parecer indiferente às ações dele, a sobrancelha levemente arqueada e os lábios discretamente puxados para um canto eram o suficiente para criar na face de Leah um ar vitorioso.

Teve o queixo erguido pelo garoto. Sentiu um dos braços dele em sua cintura, puxando-a para cima, tirando uma parte dela da água. Teria respondido quando ele disse não ser frouxo, mas Max fora mais rápido, tomando os lábios dela para si em algo certamente mais divertido do que falar.

Beijaram-se.

Leah prosseguiu com o beijo. Parou as mãos na nuca do semideus, apoiando todo o peso do próprio corpo nele. Para garantir que teria o que queria, levou ambos os pés à "parede" no lago, como se a empurrasse, tomando impulso para ir para trás, levando Max consigo para a água. Quando pôde, deu-lhe um tapa na face.

— Estamos empatados. Ganho algo por isso?

Glub. Glub. Glub. Então, Fallen emergiu. A água molhou suas roupas e resfriou-o, devido à sua temperatura mais amena em relação ao corpo quente do semideus, que há pouco tempo era castigado pelo calor do Sol. O rápido choque térmico foi o suficiente para deixá-lo arrepiado - ou talvez isso fosse efeito do beijo de Leah, cujo modelo dos lábios ainda parecia estar na boca de Fallen, que mantinha-a entreaberta até a mão dela estalar contra sua face.

Ele retornou calmamente a olhá-la frente a frente, um sorriso tímido posando de vencedor numa curvatura sutil junto ao canto da boca.

— A ideia de um empate é que ninguém ganhe nem perca nada, Leah — e carregou o nome dela, exagerando-o para se parecer quase como um deboche de um rugido, referente à piada de outrora sobre a semelhança com um leão.

Com apenas o rosto e os ombros de fora d'água, Fallen esticou os braços para o que imaginava ser a cintura dela, recebendo uma surpresa agradável ao notar que a blusa alheia ficava meio solta devido ao meio líquido, ao passo que poderia segurá-la diretamente na pele.

— Aliás, não entendi bem o porquê do tapa — comentou meio inocente, embora a falsidade fosse latente em seu tom de voz. — Tipo, nós estávamos empatados, até você me bater. — Então, riu e acrescentou baixinho: — A menos que tenha sido uma indireta para eu bater em ti, ainda que aqui não seja lá o melhor lugar, mesmo você dizendo que "sexo na água é uma das melhores coisas que existe".

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Leah desviou o olhar, rindo, talvez até mesmo confundindo Max. Repousou, então, a mão canhota sobre o ombro esquerdo dele, enquanto a direita, novamente, tocava-o no pescoço, alisando sua bochecha com o polegar.

— Tão inocente... E eu que pensei que você não cairia — comentou, a ironia destacando-se em sua voz. — Você me desafiou, eu tinha que cumprir. E, como se não bastasse, ainda me derrubou no lago. De forma alguma eu deixaria por isso mesmo. Agora, estamos empatados.

Imergiu, livrando-se do garoto, e nadou até o limite do lago, saindo d'água e sentando na margem, permitindo que os fracos raios do sol poente tocassem-lhe a pele. Tombou o tronco sutilmente para trás, deixando a cabeça pender na mesma direção. Manteve os olhos fechados, aproveitando o restinho de luz natural.

— 'Cê vai ter que fazer muito mais do que isso se quiser me levar para a cama, Max.

Aquela garota tinha, em si, algo que instigava uma curiosidade latente, como se ela fosse uma flor que se desabrochasse aos poucos, pétala por pétala. Em sua mente, a associação da imagem de Leah a Flowers foi feita com rapidez.

Quando viu-a nadar para longe, pensou que tudo acabaria ali. Também, melhor assim, porque ela já começava a criar nele um sentimento estranho, como uma coceira no peito que não saberia descrever exatamente o quê.

(in)Felizmente, ela ficou. Ao parar de admirar como a silhueta do corpo da garota era harmônica, Fallen imergiu e prendeu a respiração, segurando o nariz com o indicador e o polegar, mexendo-se como um cachorro molhado. Então, já na superfície, nadou até ela e cruzou os braços na terra, perto dela.

— Você é um pouco convencida, sabia? — indagou-a, semicerrando os olhos por causa da luz - que, aliás, batia nela de tal forma a deixar suas madeixas castanhas com um tom tão nobre de dourado... — Não é só porque você é bonita que... — Então, notou que a elogiara, fechando os olhos e tentando não perder a linha de raciocínio. — Não é só porque você é bonita que eu queira te levar pra cama.

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A garota riu, finalmente abrindo os olhos. Sentou-se sobre as pernas, ao lado dos braços dele, no limite da terra que cercava o lago. Por fim, arqueou as sobrancelhas, deixando um sorriso vitorioso tomar-lhe os lábios.

— Não é porque eu sou bonita, e obrigada pelo elogio — fez questão de lembrar, abrindo mais o sorriso, como se aquele pequeno detalhe a colocasse à frente dele —, mas porque você disse algo como eu te bater ser uma indireta para que começássemos uma sessão de sadomasoquismo.

Focou o olhar no horizonte, notando que a luz solar praticamente se extinguira do local. Uma expressão melancólica cobriu a face de Leah, que concluiu que já era hora de partir.

Os olhos da menina desceram até Max, fitando-o com certa malícia. Inclinou o corpo para baixo, deixando as faces perigosamente próximas, segurando o rosto dele entre as mãos. De perto, correu o olhar sobre o garoto, fixando-se nos lábios dele, deixando escapar um sorriso.

Beijaram-se, de novo. Mais rápido, dessa vez sem tapas.

— Que fique claro, Max, que este é um beijo de despedida — sussurrou, ainda com uma distância mínima entre eles. Levantou-se. Ajeitou superficialmente a roupa, tirando o excesso de água que ainda a cobria, e arrumou os fios castanhos em um coque antes de pegar os tênis que outrora foram deixados sobre uma pedra. Deu as costas para o garoto, já começando a andar. — Tenho que ir. Nos vemos por aí, ou não. Até algum dia.

Leah tinha Fallen em suas mãos - e o pior é que tinha consciência plena dessa vassalagem sentimental. Abusando-se do controle que detinha sobre o filho de Hades, a jovem de madeixas castanhas encarou-o nos olhos e, como num passe de mágica se aproximou demais da face (ligeiramente rubra) do menino.

Beijaram-se.

Ou melhor, Leah o beijou mais do que ele o fizera, uma vez que basicamente aproveitou do sutil toque entre as bocas conforme ela tomava as rédeas da situação. Foi rápido, é verdade, mas bom - o instigante gosto de "quero mais" estava bem latente em seus lábios entreabertos quando ela se afastara.

"Beijo de despedida", ela dissera, e ele sentiu aquelas palavras ecoarem por seu interior e reverberarem em sua mente. Por um momento, ao observar o corpo desejado ficar de pé e dar-lhe as costas, questionou-se se vê-la-ia novamente.

Ainda dentro do lago - o que deveria ser um recorde para quem evitava nadar ao máximo -, Fallen permaneceu atônito enquanto ela sumia por entre as árvores. O rapaz mordeu o próprio lábio e abaixou a cabeça, arrependendo-se momentaneamente de não tê-la impedido de ir embora. No entanto, não ficou com tal pesar por muito tempo: eles se encontrariam de novo.

E, mais do que isso, se beijariam de novo, ele assegurara a si.

Era uma promessa.

— thanks, ♛ and gabs!