[RP Fechada, 02/08] Carefree highway to happiness

Faye e Thierre se encontram inusitadamente na Praia dos Fogos, no final da tarde por volta das 17h, o céu já dando sinais de um belo crepúsculo para o próximo par de horas. O clima é ameno, uma brisa fresca não deixava que o calor ou o frio incomodasse. A interação acontece no dia 02 de agosto de 2015.

Treinar e treinar. Deuses, eu devo ter feito mais exercício físico nessa última semana do que em todos os meus 17 anos de vida! E sim, estou contando o tempo em que fiquei na barriguinha de minha falecida mãe. Deveras cansada e com o corpo ainda com resquício de dores causadas pelos meus treinadores, não foi difícil decidir que naquele final de tarde eu iria simplesmente parar, respirar e espairecer minha mente.

Havia muito do que absorver ainda. Acostumava-me com a ideia de que era uma semideusa, que por minhas veias corria sangue de alguma entidade divina... Mas isso sinceramente não era fácil. Não quando se crescia acreditando em fatos, em coisas que seguiam o velho princípio de “só acredito vendo”. Então antes que alguém me encontrasse e me mandasse fazer algo, tomei um rápido banho e vesti roupas confortáveis para aquele dia fresco. Um shortinho curto, uma blusa cropped com uma caveira colorida estampada na frente. Deixei meus longos cabelos escuros e segui para fora do chalé, planejando conhecer o caminho que me disseram levar até a praia, já que realmente nunca tinha estado lá realmente. Estava sem paciência para fazer uma maquiagem elaborada, mas era uma via de regra sempre passar pelo menos lápis para destacar meus olhos claros, a única parte de mim da qual eu realmente apreciava e sabia ser belo.

O caminho foi feito em um silêncio bem-vindo, até que finalmente a fragrância de maresia invadiu os meus pulmões e o som de ondas quebrando ressoou. Fiz uma pequena parada apenas para apreciar a expectativa de estar tão perto do mar. Abri um breve sorriso, passando a caminhar ainda mais rápido em direção à Praia dos Fogos. Naquele horário não havia tanta gente, o que deixava-me ainda mais à vontade. Não que eu não gostasse de pessoas, mas... Apenas não sabia como me relacionar direito com elas.

Assim que alcancei a areia fofinha, retirei minha sandália rasteirinha e corri até a beira do mar, deixando que as ondas se esticassem até molhar meus pés. Meu sorriso cresceu até tornar-se sincero, a paz acalentando o meu coração tão confuso com as novidades místicas que tinha descoberto nos últimos dias. Olhei para o céu, perguntando-me mais uma vez se tudo aquilo era verdade.

-Uma semideusa, uhm? – falei comigo mesma, uma mania que tinha adquirido desde pequena – Isso daria uma boa pegadinha do Destino, se não fosse tão real.

Soltei um suspiro cansado, recuando um pouco para poder jogar as sandálias na areia para poder sentar sem sujar muito o short que usava. Assim que repousei, afundei meus pés naqueles montes fofos de areia, por pura curiosidade olhando ao redor para gravar cada detalhe daquela praia. E foi assim que eu o vi. Aliás, era impossível não vê-lo, caminhando pela areia da praia de maneira despreocupada, como se estivesse de bem com a vida. Nunca tive um interesse romântico na vida, mas tinha de admitir que aquele garoto era bonito e que era curioso o quanto isso fazia com que eu simplesmente ficasse ali, o olhando de maneira quase distraída.

Trajando apenas uma bermuda larga que mostrava parte da cueca e mantendo-se descalço, a atenção de Thierre mantinha-se fixamente na areia à sua frente, enquanto que a cada passo que dava, ele tentava encaixar os pés nas pegadas da areia de alguém que havia caminhado ali antes. Não era exatamente uma tarefa difícil, mas distraía-o o bastante para que não tentasse matar alguém já que agora estava oficialmente a duzentas horas sem o facebook e o twitter.

Um sorriso apareceu nos lábios do loiro: antigamente ele pensava que apenas ficaria sem suas redes sociais caso um apocalipse estivesse acontecendo, e agora que havia descoberto todo aquele mundo, talvez realmente fosse acontecer um. Sempre se interessara sobre deuses e outras mitologias, e não precisava pesquisar muito para saber que onde haviam criaturas sobrenaturais com extremos poderes, sempre havia guerra, ódio, amor, rancor e vingança. Aqueles eram normalmente os melhores ingredientes para se criar uma bela história de ficção, e agora o garoto estava no centro de uma. Mas definitivamente não era um dos personagens principais.

Desde que chegara, era óbvio que tudo girava ao redor dos filhos dos três grandes: parecia que nada funcionava sem eles, e ele realmente não entendia o que eles pareciam possuir de tão especial até que finalmente vira um filho de Zeus lutar. Era simplesmente perfeito em cada gesto que realizava e em cada golpe que aplicava no inimigo. Mesmo que os filhos de Ares fossem bons guerreiros, os de Zeus claramente eram bons heróis. Aquele deveria ser um estereotipo que os incomoda bastante, mas, ele não sabia se ser um herói seria algo bom ou ruim. Eles provavelmente sempre ficariam com seus "pares ideais" e teriam de salvar o mundo uma vez a cada fim de semana, mas, e as homenagens que receberiam? Será que teriam de pasar o resto de suas vidas salvando o mundo? Não, novos heróis surgiriam.

Sorrindo com aqueles pensamentos, Thierre respirou fundo e parou de caminhar. O rosto levantou-se sutilmente e o olhar logo encontrou uma garota sentada na areia, o que fez com que o sorriso dele aumentasse. Não a conhecia, e ele gostava de conhecer novas pessoas sempre que o possível. Ainda mais quando era bonitinha como aquela, o que fez com que o loiro passasse a analisar a mesma enquanto rumava em sua direção.

— Boa tarde. — Ele falou num tom gentil, sem realmente ter vergonha, sentando-se ao lado da mesma e esticando as pernas na areia, retirando alguns grãos que estavam sobre o peitoral nu e logo se apoiando nos braços esticados. O rapaz não dissera nada, mas mantinha o rosto virado na direção da desconhecida e sorria para ela com uma feição gentil, esperando que a mesma o respondesse.