{rp fechada — august 5th} it's in my dna, d-d-d-dna

Katerina se encontra em uma área inicialmente secreta do prédio de Artes e Ofícios quando se dá com Alicia, pouco tempo antes da hora do almoço — aproximadamente 11:43 da manhã — do dia cinco (5) de Agosto de dois mil e quinze (2015). Ocupadas com mais uma interação com desconhecidos dentro daquele novo mundo, ninguém as atrapalharia, de forma alguma.

come and shake it up, one, two, three

Para começar a contar esta história, precisamos lembrar que batatas são alimentos ricos em vitaminas – principalmente C e B – que funcionam como antioxidantes e podem fazer muito bem para a pele de um jovem com o rosto repleto de acne. E que, quando junto a mel, pode lhe proporcionar uma pele tão macia quanto o bumbum limpo de um pequeno bebê.

Em questão aos benefícios deste tubérculo – que provavelmente poderia te contar todos –, apenas se faz necessário o pensamento de que eu estava com um pequeno pacote de batatas fritas na mão. Mesmo industrializadas, com todas aquelas essências e gostos nada-a-ver, ensacadas e vendidas em grandes quantidades nas lojas de departamento, ou de forma clandestina dentro do chalé de Hermes, ainda possuíam seu valor calórico útil para uma adolescente tão ativa quanto eu.

Com os dedos sujos com o pó salgado de minha segunda porção de Ruffles no dia, caminhava em direção ao grande e aclamado edifício de Artes e Ofícios – era ali que o pessoal meio abobado das artes ia quando não conseguia fazer nada físico ou mágico, como eu naquele instante. Eu o via ao longe, sentindo uma animação pulsante dentro de meu corpo.

Poderia ter sido por conta da voz dos irmãos Jonas em meus ouvidos, mas não acreditava, naquele instante, que fosse aquilo. Parecia que derreteria de emoção por finalmente encontrar um lugar onde entenderiam meu enorme desejo e amor pela música e meu interior quebrava numa excitação estranha.

Saltando levemente, dançava, distribuindo o peso de meu corpo de uma perna para a outra, enquanto abria a porta principal e já me guiava para a ala de artes visuais, seguindo mais a intuição e impulso do que um tipo real de conhecimento sobre o ambiente num geral.


Encontrei uma sala pouco tempo depois de uma longa e intensamente perdida caminhada. Digo, postei-me diante uma porta que possuía a placa de identificação com o nome de “pintura rústica” e, interessada, entreabri a porta, procurando por companhia. Olhei para os lados, sem encontrar indícios de vida humana – ou até mesmo alienígena.

“Is someone there?”, perguntei, para me certificar. “Porque se tiver, vai ter de me aturar!”, continuei, aumentando o tom de voz, deixando-o agudo o suficiente para incomodar até mesmo meus próprios ouvidos.

Sem resposta clara ou audível, entrei, logo me encaminhando até uma das mesas, onde encontrei uma folha em branco e algumas tintas que cheiravam a café. Lancei um olhar ao redor, encontrando, presa a um mural de avisos, uma tabela de cores estranhas e quantias exatas – em gramas – de café.

Sorrindo, curiosa, pus-me a repeti-las em um pequeno pote plástico. Parecia mágico ver o café, em toda sua negritude, ganhar aquele tom amarelado. Com a destra, puxei a folha de papel anteriormente citada e, com o indicador esquerdo, pintei uma letra “K” em sua superfície, maravilhada com a textura da tinta exótica que acabara de criar.

ADENDOS:

bang, bang, bang

Já desenhando a segunda letra, porém, o som de passos me interrompeu e um pigarro logo veio à tona, acordando-me do medo de estar sendo seguida por bolinhos que, um dia, evoluíram para seres bípedes e desenvolveram inteligência o suficiente para saber distinguir o sabor dos humanos. Dei de ombros dentro de minha própria mente à ideia de um mundo completamente alternativo onde cupcakes comem homens, virando-me lenta e hesitantemente.

Sorri, animada, ao perceber que uma garota de cabelos ruivos apareceu logo à minha frente, completando meu campo de visão e dando-me uma companhia. Sua voz era adocicada quando disse suas primeiras palavras.

“I’m so sorry I entered like this.”, seu tom era amigável e repleto de receio. Dei um passo à frente, como se a incentivando a continuar. “Não sabia que tinha alguém aqui. Estou te interrompendo?”, ela indagou, com uma preocupação adorável. Esfregou a destra no antebraço, desconfortável e logo me aproximei um pouco mais, tentando fazer com que eu parecesse um tanto convidativa – ao contrário de um pote grande de sorvete de graviola.


“Não tá atrapalhando em nada, coisinha.”, disse, abrindo outro sorriso agradável. Levantei o dedo indicador canhoto, mostrando a quantidade intensa de café amarelado ali remanescente – como se aquilo fosse legal, ou alguma coisa assim. “Na verdade, pode vir aqui! Vamos pintar!”, não pareceu um convite, digo. Pareceu mais uma intimação.

E, voltando a meu posto anterior, esperando que me seguisse, virei-me de costas, cantarolando uma das músicas mais subestimadas de uma cantora tão superestimada como a Selena Gomez. Seus tons e notas pareciam harmonizar perfeitamente com meus murmúrios, fazendo até meu cantarolar parecer belo diante tanta eloquência no mundo.

ADENDOS:

so hey, let's be friends

A garota pôs-se, então, ao meu lado. Observei, pelo canto dos olhos, um sorriso franco aparecer em seus lábios, fazendo-me mudar do cantarolar para a verdadeira canção, pulando para outra música – uma que conhecia a letra de cor e sorteado, de trás para frente. Era um sinal, verdadeiro, de que me sentia confortável perto daquela figura completamente desconhecida.

Puxou uma folha de papel, chamando minha atenção por um instante, franzindo a testa em frustração. Parecia um ser sem criatividade alguma, como se a inteligência sobrepusesse a imaginação, mas nada comentei – afinal, não fazia jus a mim que tipos de pensamentos passavam pela mente da ruiva.

Ainda com a voz em tom harmônico, a menina se pronunciou. Parei-me no meio da musicalização média do refrão e virei-me para minha nova companheira, com um olhar ainda enevoado e deliciado com a sensação das minhas cordas vocais em melodia. Engoli em seco, tentando voltar a minha natureza batatal normal.

“I did not introduce myself, how clumsy of me!”, disse, com um sotaque carregado que pensei ser britânico – mas, como eu não sabia diferenciar muito bem, poderia acabar por ser australiano ou canadense. “Meu nome é Blanchett. Alicia Blanchett.”, brincou com a apresentação de James Bond e, embora a entonação fosse diferente, pude ouvi-la claramente como o agente secreto mais amado do mundo.


“Oh!”, exclamei. “Eu sou Huntress.”, virei a cabeça para a direita, apenas para levar a mão à altura dos olhos, fingindo dali tirar um óculos escuro quando movi-me bruscamente para a posição inicial. “Katerina Huntress.”, minha voz soara engraçada e eu mesma pus-me a rir quando percebi minha ridícula situação.

Um sorriso brincalhão remanescia em meu rosto e tudo o que eu queria era que a garota me acompanhasse nas gargalhadas. Sentia um prazer imenso ao me ouvir às risadas; meu corpo parecia se transportar para um mundo de éter repleto de alegria – e meu ser adorava aquela sensação.

ADENDOS:

 



 


 

oh, happy day

Nossas risadas se uniam numa força estrambótica, fazendo com que parecêssemos apenas um só ser naquele instante. O som ressoava na sala toda e, sinceramente, preenchia mais o ambiente do que todo um coral ao som de Happy Day. Nossos olhares se encontravam enquanto as gargalhadas nos cegavam em lágrimas alegres.

“Wow, that was good.”, ela disse, parecendo um tanto alegre por demais. “Muito melhor que todas que escutei no chalé 11. Sem ofensas se você for uma das garotas de Hermes.”, corrigiu-se imediatamente. Com a mão no peito para recompor o fôlego, olhei-a com um sentimento intenso de arrogância – eu odeio admitir isso; não me faça repetir essa informação.

“Ei! Eu não tenho cara de ladra!”, exclamei, me defendendo, tirando-me da linha de pensamento sobre ser filha de Hermes. A experiência com as atividades dos filhos do deus mensageiro, mesmo que tenham sido mínimas devido ao pequeno período de tempo dentro das fronteiras do acampamento, fazia-se divertida, quando não se perdia algum item de extrema importância, como o seu boneco superengraçado do Sr. Cabeça de Batata.


Voltando minha atenção novamente à folha de papel, pus-me a imaginar o que poderia criar com aquele material repleto de cafeína que utilizara como tinta. A letra “K” brilhava de uma forma estranha, precisando de, com toda minha certeza, linhas enegrecidas de desenhos tribais para preencher o restante da página.

Antes de sentar-me, fui até um armário, localizado no lado esquerdo da sala, procurar por algo que pudesse servir como caneta hidrográfica. Sem encontrar nada mais que alguns pedaços de pedra, decidi puxar o mais fino dos galhos disponíveis dentro em caixas. Retirando um pouco de sua seiva com cuidado, misturando-a com um punhado de terra enegrecida.

Feliz com o resultado, que, embora não fosse perfeito, cuidava bem da situação envolvida naquela sala, voltei ao meu lugar, ouvindo-a voltar a falar, utilizando daquela sua voz melódica para chamar minha atenção.

“O seu ‘K’ está humilhando minha graminha.”, interpelou, fazendo com que voltasse minha atenção para as linhas grossas que desenhara com uma mistura de café e porções diversas de tintas amareladas – eu a admirava, silenciosamente, por ter conseguido tirar verde de marrom.

“Isso porque não é um K feito pelo meu irmão mais novo, Maxi.”, disse, levando ao assunto a minha enorme família de seis irmãos – quer que eu cite James, Alphonse, Evangeline, Clarice, Maximillian, Natalie e Sammy aqui? Acho que não. “Ele é um gênio!”, movi as mãos, gesticulando para cima, como se exclamasse aos céus sobre o assunto. Talvez eu estivesse o fazendo mesmo, mas não sabia exatamente.

ADENDOS:

   

please don't despair, my dear, mon frère.

Seus pedidos de desculpas ressoavam por toda a sala e incomodavam-me o ser, como se tivesse feito algum comentário para deixar-lhe se sentindo culpada. Virei minha cabeça em sua direção, lançando-lhe um olhar preocupado, um pouco antes de percebê-la sentada na mesa, encostando-se por ali num movimento repleto de calmaria.

Já novamente de frente para minha folha, sorria, animada com a situação em um geral. Ter companhia em atividade tão solitária quanto a pintura rupestre era tão estrambótico que virava uma ocasião especial entre muitas.

Com o indicador destro, pintei linhas verticais ao lado da letra central, logo após ter mergulhado-o na seiva colorida que havia preparado. Fazia-se perceptível as marcas de minhas digitais em seu papel, cobrindo-lhe por inteiro com características minhas.

“Really? You have siblings?”, a alegria na voz de minha mais nova companheira era visível e não contive o sorriso que logo brincava em meus lábios novamente. Com os olhos brilhando de excitação, ouvi-a terminar sua fala, com uma sensação de melancolia em seu tom. “Eu tive no máximo um cachorro. Pelo menos até agora não sei se tenho algum parente.”, lancei meus orbes até os seus, procurando consolá-la, mas não parecia nem um pouco triste.


“Eu tenho seis irmãos de mesmo pai e mesma mãe. Sendo assim, acho que todos eles são semideuses também.”, mudei minha expressão por um segundo, mantendo-me pensativa, como se me perguntasse sobre a possibilidade de uma deusa apaixonar-se milhares de vezes pela mesma pessoa.

“Mas eu ainda não sei quem é a minha mãe.”, corrigi-me, voltando a sorrir. Parecia uma fala simples por demais para não conter um símbolo carregado de simpatia no final.

AVISINHOS, LÊ.:

ADENDOS: