Thalia's Tree
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Mensagem por Zeus Sáb Mar 21, 2015 11:48 am

1. narração


Quíron andava para os lados que nem um louco, não sabia o que poderia fazer. Havia vários problemas em todo o país e o acampamento crescia com a chegada de semideuses. Além de armas e itens que era seu dever por sob custódia do acampamento. – Chamem aqueles semideuses, por favor! – exclamou para um sátiro que não demorou em procurar os campistas. Até reuni-los demorou exatamente uma hora, não parecia ser fácil encontrá-los. Claro, seus afazeres eram regados aos mais similares serviços.

O centauro trotou até se aproximar dos cinco semideuses dispostos em fileira, olhou na expressão de cada um. – Não é uma missão conjunta, mas os chamei aqui para cada um fazer sua parte. – pegou um ficheiro com informação dos campistas, umedeceu os lábios e se aproximou da primeira. – Chelsea, filha de Zeus. Vou precisar de você na cidade de New Jersey. Um semideus tem que ser escoltado até o acampamento, digamos que ele tem um grande segredo. E isso não pode parar em mãos erradas. Sua missão é escoltá-lo e não deixá-lo morrer. Um sátiro irá lhe acompanhar. – o velho centauro suspirou e olhou outra ficha. A lua cheia iluminava os céus. – Zara, preciso que vá para Seatle. Parece que há um grupo de semideuses pretende “derrubar” o acampamento. Preciso que os reconheçam, espione e destrua aqueles rebeldes pela raiz. Poderá levar dois campistas contigo, fica a seu critério a escolha.

Virou mais uma página e olhou fundo nos olhos de Nate. – Nata... Quero dizer, Nate. Existe uma arma chamada de Oblivion. Preciso que a recupere para o acampamento. Há indícios que ela foi perdida em Tucson, no Arizona. Poderá levar um semideus contigo, também deixo isso por sua conta. – bocejou nitidamente, era muito tarde para um centauro ficar passando afazeres para um grupo. Ainda mais quando essas missões eram importantes, pois se juntavam aos poucos, os campistas só entenderiam depois. – Édouard... – foi no ficheiro do garoto. - Necessito que investigue alguns acontecimentos estranhos na cidade West Jordan, Utah. Alguns mortais dizem ter visto alguns monstros ou algo que está deixando os habitantes horrorizados. Não preciso dizer que é necessário o extermínio deste ser ou seres, um sátiro irá lhe acompanhar para auxiliá-lo na missão.

Coçou a barba rala e suspirou, virou a página do ficheiro e se sentiu nostálgico por alguns segundos. – Asher, monitor de Éolo. Necessito que faça uma missão de resgate. Há uma semana mandei dois semideuses para Barre, uma cidade do estado de Vermont. Quero saber se eles estão vivos e quero que destrua a praga que assombra aquele lugar. Sinto que eles morreram, poderá levar mais dois campistas contigo, pois essa missão poderá se tornar conturbada. – espreguiçou seus braços e olhou para a última. – Faye, em Knoxville no Tennessee há dois semideuses que precisam de escolta. Porém sinto que foram mortos, o sátiro e o campista que enviei há uma semana não retornaram. Preciso ter certeza se morreram, caso estejam vivos, os ajude à chegar são e salvos no acampamento. Leve um sátiro contigo, irá lhe ajudar muito.


2. diretrizes


- Terão até dia 26/03/2014 às 18:45 para postarem;
- Se não ocorrer a postagem na missão, será descontado pontos de fama negativo;
- Cada um tem sua missão, não é em conjunto. Apenas no mesmo post;
- Devem narrar todo o dia antes de serem chamados pela noite na Casa Grande;
- Está de noite e a temperatura está agradável (momento que saíram do acampamento);
- Achem formas de irem para as respectivas cidades e ao chegar lá narrem como elas são - pontos turísticos - sejam criativos;
- Quem foi designado para levar um sátiro: terá que bolar seu nome, ser experiente. É necessário formular sua personalidade e manias;
- Quem foi designado para levar semideuses: serão do level 14, criar um nome para eles, uma paternidade divina, personalidade, manias;
- A missão é basicamente criatividade, por isso tem um tempo maior de duração;
- Podem combinar a parte que estavam juntos e como reagiram as missões, mas não é obrigatório;
- Dúvidas MP.


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Deuses
Deuses
Zeus
Zeus
Idade : 27

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Mensagem por Zara Hofstad Seg Mar 23, 2015 9:45 pm

A GRANDE DECEPÇÃO

Zara tem uma vida entediante, talvez mais do que isto, uma vida bem chata. Nada comparado ao que tinha há cinco anos atrás, quando era uma simples mortal aos olhos de todos, menos os de sua mãe. No dia em questão, não há nada que a surpreenda. Filhos de Poseidon brincam com água, filhos de Apolo brincam sob o Sol, os de Afrodite brincam com seus flertes e ela olha para o céu. Realmente fizera apenas isto, depois de acordar cedo e fazer suas devidas tarefas.

O esquisito, é que Zara gosta de certa maneira da quietude de sua vida. Reflete isto observando as estrelas, observando o encontro do céu com o mar, que parece criar uma espuma dourada quando entram em contato. Havia caminhado na floresta, corrido sobre as pedras, ajudado nas plantações de morango e nada mais. Apenas aguardava, então, o sono chegar. Mas há de ser interrompida. Interrompida por um mal presságio. Quíron a chama, e todo o seu dia tão adorável está prestes a ruir, a ruir com uma missão.

NOITE I — Querido diário, eu realmente não queria uma missão.

Três passagens para Seattle, por favor. O guichê de compras de passagens do aeroporto McArthur de Long Island não poderia estar mais decadente. Uma hora da manhã e ainda haviam voos disponíveis de última hora, na realidade, apenas um voo de última hora disponível para eles, para o lugar aonde deveriam ir. Tudo aquilo era apenas sorte.

Um carro havia levado os três semideuses até lá, com grande rapidez e facilidade, talvez pelo horário, foram os últimos a partir, mas poderiam ser os primeiros a chegarem em seus destinos, se não fosse tão longe. Zara gostava de enfatizar isto para Lilly e Axel, para que se sentissem bem em ir em uma missão com ela pagando todas as passagens de avião para Seatlle, do outro lado dos Estados Unidos. As identidades falsas fabricadas por filhos de Hermes foram o suficiente para que não questionassem o por quê de tanta pressa, assim como o número da senha do cartão que Zara utilizara para efetuar a compra das passagens era o suficiente para que a atendente as liberasse à ela. Estavam prontos para viajar. O voo vai partir em trinta minutos, não precisamos de check-in porque não temos bagagem a ser despejada, precisamos correr. Seus pés batiam no chão com pressa, esperando uma resposta dos outros dois semideuses. Axel ajeitou seus óculos com grandes armações, segundo ele, era um ótimo disfarce, aparentarem como três adolescentes mochileiros querendo conhecer os Estados Unidos, tudo para que o cheiro de Zara pudesse ser camuflado com muitas roupas fétidas que haviam encontrado nos achados e perdidos. Apenas os Jeans que vestia eram seus, porque o restante eram belas doações. Tinha o cheiro de uma filha de Afrodite, de um filho de Apolo e o de um filho de Hermes (esta a pior parte, pois eram os tênis que lhe davam este grande cheiro desagradável, ao menos já estavam amaciados). Axel e Lilly não precisavam disto, ele, com seus cabelos louros escuros, a pele meramente bronzeada e olhos castanhos muito astutos e inteligentes, parecendo resolver um jogo de palavras cruzadas imaginárias em todos os momentos, não atraía muita atenção por ser ordinário, um garoto qualquer; para Zara, é de grande utilidade que suas estratégias estejam em segundo plano, caso seu primeiro plano não dê certo. Lilly é uma mortal, uma Protegida de Héstia, possui olhos enormemente verdes, cabelos encaracolados em um tom afro e a cor da pele negra; nos planos de Zara ela deverá acalmar as coisas, ajudar a não terem de partir para o plano B, o plano em que Axel entra em ação.

Há também, Zara, uma garota de um metro e sessenta de altura, em seus quinze anos com sobrancelhas cheias e olhos de um azul elétrico, suas unhas são roídas, por conta de toda a tensão que tem a sua volta, principalmente quando está fora do acampamento, isto tudo porque, desde que chegara com onze anos no grande Pinheiro nunca havia saído de lá. Jogando sua mochila no banco ao lado dos dois adolescentes, olhou para eles, procurando suas reações. Axel continuava a olhar fixamente para o painel de horários, esperando que o avião chegasse logo para conseguirem acabar com tudo logo, enquanto isto, Lilly remexia seus cabelos, com um sorriso calmo nos lábios quando Zara lhe perguntava alguma coisa. Era calmaria demais para ela, algo extremamente superficial. Bem, acho que todos já entenderam o plano que lhes falei no carro, não? Finalmente Axel lhe lançou um olhar que não fosse de insolência, como se não quisesse estar naquele lugar. Na humilde opinião de Zara, ele era substituível, mas fora o escolhido por ser o único com boa vontade o suficiente para isto. É como um Caça à Bandeira. Este grupo de semideuses são a bandeira, nós os caçaremos, e então tentaremos trazê-los para nosso lado, se não der certo, nós simplesmente quebramos tudo, okay? A garota de cabelos castanhos extremamente lisos não gostava da segunda parte, de “quebrar tudo”, nunca havia matado um semideus, é verdade, e tinha medo de que esta fosse a primeira vez, a ideia também não animava Lilly, como seguidora de Héstia é pacífica demais para mover sequer uma agulha para ferir alguém, em certo ponto isto é muito bom, mas em outros... Bem, não deveriam se preocupar com os outros naquele instante, o avião acabara de aprontar-se, e deveriam embarcar. Seattle os está esperando ansiosamente.

NOITE II — Querido diário, eu queria uma missão mais fácil.

Não estava nos planos de Zara acordar sendo a grande apoiadora da cabeça de Axel, nem uma portadora de sua baba. Como filha de Zeus, a viagem de avião não era apenas apropriada pela comodidade, mas pela segurança. Ao entrar no avião, Zara rezara uma prece para seu pai, e ao sair do mesmo, agradecera pela boa viagem. Não havia acontecido muita coisa no meio do caminho, os três dormiram como bebê, um grande risco, já que por mais que estivesse camuflada da melhor maneira possível, Zara continuava a cheirar como uma semideusa, assim como Axel. Daquele trio incrível, apenas Lilly se saía impune. Foram belas cinco horas de viagem fazendo o bom uso de uma longa e reconfortante noite de sono para os três. Não era o recomendado para que estivessem prontos para batalhar, mas era o suficiente, esperavam. Haviam chegado em seu grande destino, mas Quírion não lhes dera grandes informações. Seattle, para os desavisados, é a cidade mais populosa de Washington, e encontrar uma seita anti-Acampamento Meio-Sangue seria difícil, por mais que procurassem dizer que não.

Para não dizer que estavam agora sem sorte alguma, tinham um nome, um único nome: Cameron Calaghan.

A vida mundana de Zara lhes davam grandes benefícios, um cartão de crédito ilimitado, de uma conta desviada de sua família permitia com que gastassem o necessário com tudo o que precisavam. Entre os itens, um pequeno apartamento mobiliado, pelas contas dos rapazes, seria muito mais eficaz e econômico se permanecessem em um lugar que fosse apenas deles do que um hotel movimentado. O apartamento possuía dois quartos, um para Zara e outro para Lilly, que não surpreendeu-se com a mobília velha e pouco atrativa a atenção, pelo preço baixo que haviam pago e pela localização sucinta, era o que receberiam. Axel permaneceria na sala, o sofá era grande o suficiente para que conseguisse dormir de maneira aconchegante, e a janela ainda maior para que a visão do filho de Atena sobre o bairro de Fremont fosse excelente. Não era um lugar luxuoso, como já deve ter-se percebido, mas era exatamente o que precisavam. Alto, discreto e barato. Ninguém nunca desconfiaria que três semideuses estivessem morando ali por alguns dias. As roupas pegas do achados e perdidos do Acampamento Meio-Sangue, no entanto, não esconderia o cheiro tão forte de Zara, e logo deveriam preparar-se para enfrentar algo no meio de seu caminho. Foram o suficiente para que não fosse procurada nem caçada durante as cinco horas de voo, nem até chegarem ao bairro, mas após dois dias usando as mesmas roupas, a única coisa que queria era um belo banho.

Em dado momento, os três semideuses juntaram-se na sala, um grande mapa da cidade de Seattle montado na mesa de centro pequena que tinham disponível. O som da televisão ligado ao máximo, para que ninguém mais os ouvisse caso encostassem os ouvidos na porta do apartamento. Axel já não usava mais as mesmas roupas, o cabelo não estava mais bagunçado e sim ajeitado milimetricamente para a direita. Lilly estava com roupas mais suaves, suas roupas cotidianas, e por mais que tentasse demonstrar calmaria, uma grande ruga se formava no meio de sua testa. Haviam sido enviados para uma missão sem eira nem beira, sem informações suficientes, apenas alguns pontos que precisariam conectar, entre eles a necessidade de estarem no bairro mais grunge e esquisito de Seattle. A grande verdade é que, sem estar acompanhada de sua mãe, Zara nunca havia visitado algum lugar que não fossem os pontos perto do Upper East Side de Nova Iorque, tanto que quando a desobedecera fora parar no Acampamento Meio-Sangue, e depois disto nunca mais tivera um contato direto com sua progenitora, sendo assim, estava com medo de tudo. Do grupo de semideuses que planejava destruir o acampamento, dos seus companheiros serem ineficientes, sabia muito bem do quão bom tanto Axel quando Lilly se demonstravam em batalhas, mas enfrentariam um grupo de semideuses maníacos com a grande vontade de derrotarem o acampamento. Talvez não fossem bons o suficiente para uma tarefa tão árdua.

Encarando seus companheiros a filha de Zeus não tardou a esclarecer seus planos. Nós temos uma semana para resolver isto tudo. Depois, acharão que estamos mortos. Celulares são extremamente proibidos e todos sabemos os motivos. Olhando de Axel para Lilly, apenas esperava que não a achassem exigente e mandona demais. Uma chefe e não uma líder. Antes de sairmos do acampamento um filho de Hermes fez uma pesquisa para nós e nos forneceu alguns nomes interessantes. Os lerei para vocês. Por mais que sempre quisesse ser o destaque de algo, Zara nunca havia liderado sequer um grupo de passarinhos esperando para aprender como voar. A tensão sobre seus ombros naquele exato momento era imensa, e o medo de errar ainda maior. Freemont, que é o bairro onde estamos; Cameron Calaghan é quem estamos procurando. É visto como o líder de toda a organização. Nós temos que achá-lo, vigiá-lo e destruí-lo, certo? Engolindo em seco a garota passava seu olhar pelos olhos do filho de Atena e da Protegida de Héstia. Antes tarde do que nunca, Lilly sorriu para ela, entendendo o esforço que estava fazendo para mostrar-se confiante. Mais nova do que os dois, talvez fosse levemente difícil levar as palavras de Zara realmente “a sério”, mas nada impossível.

A noite caía, gradativamente, e mais um dia se passava. A partir daquele momento, com suas bolsas cheias de suprimento, um mapa preso na parede da sala de estar com relacionando todos os lugares pelos quais haviam passado e os lugares pelos quais ainda passariam, estavam pronto para encontrar e destruir o grupo de semideuses que demonstravam-se os mais novos vilões dos dias atuais. Às vezes a destruição pode estar logo embaixo da asa da águia.

NOITE III – ”Querido diário, talvez eu goste desta missão...”

Binóculos não se mostravam necessários quando, parados no estacionamento de um colégio, esperavam por um garoto ao qual as redes sociais diziam ter um nariz extremamente torto, cabelos cor de cobre e pele bronzeada. Este era o alvo dos três jovens, que apenas esperavam por tal na saída de seu colégio. Nos dias atuais, a localização de pessoas era extremamente mais fácil do que nos tempos anteriores, ao menos aos olhos de Zara, que fedia mais do que um mendigo de Nova Iorque, se isto é possível. Tudo pelo “bem da missão”.

Axel dirigia o carro alugado, enquanto Lilly encolhia-se no banco da frente, procurando não chamar tanta atenção, e Zara possuía o banco de trás inteiro para si, para juntar as fotos que haviam imprimido naquela manhã. As informações que havia conseguido com o filho de Hermes no acampamento eram melhores do que imaginava, fantásticas. Agora tinham pelo menos um alvo. Olhando para seu relógio de pulso a filha de Zeus marcava os segundos para o sinal que liberaria as crianças tocar. Em apenas cinco segundos, o tão desejado líder do grupo que planejava destruir o acampamento seria encontrado.

E então, a maior surpresa de suas vidas fora ver um garoto franzino, segurando cartas de pôquer em suas mãos, e mal conseguindo carregar a própria mochila descendo a grande escadaria, com as mesmas características físicas de Cameron Calaghan. Vocês têm certeza de que é ele? Inevitável que qualquer um dos três tivesse dúvidas sobre a identidade do garoto, mas não possuíam nada mais ao que se ater do que as fotos encontradas em redes sociais. Lilly fora a responsável de encontrá-las em uma lan house, e ao que via, de longe, poderiam realmente ser as fotos do mesmo garoto, pelo menos para Zara. Axel! Siga o carro em que ele está entrando. Nós não temos mais pistas, isso é o que nos resta. Oh, Zara, por mais que tente, mandar está em sua natureza, pelo menos, têm Lilly convosco, desta maneira Axel não a deixará tão cedo.

Com o filho de Atena dirigindo em uma velocidade suficientemente boa para que não fossem parados pela polícia ou para que não recebessem buzinadas, mas também o suficiente para que não fossem descobertos por quem quer que dirigisse o carro simples que levava o garoto para todos os lados, agarravam-se à chance de o identificar com facilidade e o encurralar o quão rápido possível para acabar com tudo aquilo. Talvez chantagem fosse extremamente melhor do que aguardar e tentar fazer um acordo firme. Ou então a pressão estivesse fazendo Zara ter ideias tão extremistas, mas também poderiam ser os ares em que se encontravam agora. A estátua do revolucionário comunista russo, Lenin, era a deixa dos três jovens para verdadeiramente seguirem o garoto. Apenas um dia havia se passado, o primeiro de muitos para pesquisa, até que enfim tomassem uma atitude.

Estacionando o carro em um dos canteiros permitidos, algumas moedas mundanas foram o suficiente para que não tivessem o veículo apreendido. Não se separariam, não pelo momento, continuariam disfarçando-se como adolescentes normais, o que claramente não eram, por mais que fosse de contragosto tanto de Zara quanto de Axel. Lilly os mantinha fortes, juntos.

ϟ

O lugar para onde o possível Cameron Calaghan caminhava era extremamente longe para ser feito em uma caminhada. Diversas vezes os três jovens tiveram de parar, e atrasar-se levemente para beberem água ou descansarem, mas chegaram a um belo lugar, um parque grande o suficiente para que escondessem-se por entre as árvores. Por mais que não fosse tão denso quanto a floresta do acampamento, era o suficiente para que passassem despercebidos pelo garoto. Zara, espero que não tenhamos andado tudo isto por nada, querida líder. Por mais que Axel duvidasse da liderança da filha de Zeus em certo ponto, continuaram caminhando, seguindo o garoto por onde iam. O menino magricela esgueirou-se entre quatro árvores específicas, uma delas demarcada por um lenço discreto vermelho, mas que não passava pelos olhos atentos de Zara e muito menos pelos de Axel. Lilly encontrava-se entre os dois semideuses, procurando equilibrar suas auras, procurando mantê-los juntos. Antes que qualquer um dos dois pudesse falar algo para tentar desconcentrar o outro, a Protegida de Héstia apontou para um lugar aonde o garoto agora mexia, retirando algo que não incomodou apenas à Zara visualmente, mas a fez sentir um certo calafrio.

O garoto colocou o que quer que houvesse tirado de seu pequeno esconderijo em sua bolsa, e logo traçou seu caminho de volta para a saída, indo na direção dos três semideuses. Zara desejava conversar com ele naquele momento, mas as palavras de Quíron ainda ressoavam em seus ouvidos e antes que percebesse estava sendo puxada por algo até o chão, sentindo o gosto da grama em sua boca. Axel.

NOITE V – Querido diário, cada vez mais sinto que estou mais perto do fim desta missão.

A mesma hora, todos os dias. O mesmo calafrio percorria não apenas o corpo da semideusa como o de seus companheiros também. Mas não encontravam o que precisavam, não encontravam o grande grupo de semideuses que planejavam destruir o acampamento, apenas Cameron Calaghan. E a cada dia mais, por mais que observassem-no dia e noite, desde que saía de sua casa até voltar para ela com a mochila sempre cheia dos objetos, não conseguiam encontrar uma resposta para a seita anti-Acampamento Meio-Sangue que haviam previsto. Era hora de agir.

Diferentemente dos outros dias, haviam lhe preparado uma grande surpresa: uma armadilha. O disfarce tanto de Zara quanto de Axel para esconder seus cheiros funcionava bem, confundindo qualquer monstro que pudesse haver tanto nos arredores de Fremont quanto no parque mais próximo do porto que havia em Seattle, o parque que Cameron sempre visitava. Aos olhos de Lilly, era tudo uma má ideia, mas era a única boa chance que teriam, caso não quisesse matar um inocente. Queriam saber a história inteira, inicialmente, para depois agir. Vejo o quão boa fora a ideia de trazê-la, querida Lilly. Se não fosse por você aquele brutamontes já teria matado-o. Sem mais nem menos. Acho que não devemos fazer isto. A rivalidade entre Axel e Zara apenas acentuava-se com o passar do tempo, mas nada que interrompesse os planos dos três, o plano de acabar com o que quer que ameaçasse seu lar.

A armadilha estava montada, simples mas muito eficaz, e às exatas duas horas da tarde, como previsto, os dois semideuses e a mortal aguardavam, espalhados pelo pequeno conjunto de árvores, aguardando a chegada do garoto com óculos. Foram poucos segundos de diferença do dia anterior, mas a mesma coisa de todos os dias. O mesmo caminho, o mesmo compasso, o mesmo lugar. Um pulo, fora necessário apenas um pulo para que Cameron estivesse encurralado pelos semideuses e a Protegida, um pulo fora o necessário para que estivesse preso.

Girando seu anel com eximia velocidade, Zara o transformou em Merope, sua espada. Apontando-a na direção do garoto, que remexia-se preso pela rede, era segurada por Lilly, que esforçava-se ao máximo para mantê-los calmos e não exaltarem-se. Axel ao longe, segurava uma besta, pronto para atacar caso qualquer coisa acontecesse, mas a responsável por conversar com o garoto seria a morena tão bela e adorável, calma e simpática. Ideal para isto.

Cameron Calaghan? Este é seu nome? O sorriso plácido nas feições de Lilliana não o incomodavam, diferentemente das armas apontadas para ele, claramente visíveis. Talvez os mortais desatentos que passassem ao redor, muitos poucos por sinal, não notassem nada, mas ele sim. Ele é, de fato, um semideus. Um semideus com muito medo. Eu não irei te machucar, certo? Você não tem que ter medo de mim, eu não vou te machucar, lhe dou minha palavra. Lilly arriscava-se demais, ao ver de Zara que não gostava da aproximação tão grande da garota. Ao chão, encontrava-se a mochila de Cameron, que confirmava com a cabeça que não precisava realmente ter medo da jovem de cabelos revoltosos. Esticando um de seus pés, Zara puxou a mochila para perto com rapidez, haviam checado antes o esconderijo do garoto, e não havia nada dentro. Alguns dias tinham pedras, outros folhas, mas nunca encontravam o que ele realmente carregavam, o que lhes dava calafrios.

Nós só queremos algumas respostas, se você nos der elas, nós o soltamos, certo? O garoto estava assustado demais para responder negativamente, e observava Zara remexer sua mochila, a procura do que quer que carregasse. Livros, papéis, lápis, mas nada misterioso, nada incomum. O que você esconde aqui? O garoto, naturalmente, continuava tentando se livrar das cordas, mas mesmo assim não conseguia, restava-lhe responder o que Lilly perguntasse. Algumas pedras que ganhei de presente, quando meu pai foi embora. Ao ouvir as palavras do garoto os olhos de Zara se ergueram, procurando entender o que dizia. Seu pai havia partido, sendo assim, morava com a mãe? Ou morava sozinho? E você sabe para o que essas tais pedras servem? O garoto respondeu a pergunta negativamente, fechando sua boca, e recusando-se a responder mais nada. Não era o suficiente, precisavam saber mais. Você poderia nos mostrar essas pedras? Minha amiga não encontrou-as, e são muito importantes para nós, nos trouxeram até aqui. Por sinal, quem é seu pai? A pergunta, então, era do desagrado do garoto.

Suas sobrancelhas uniram-se em uma linha reta, enquanto voltava a se remexer, ameaçando gritar e chamar a atenção de todos para aquele lugar, por mais que Axel mantivesse a besta apontada diretamente para seu pescoço. Um dardo que lançasse seria fatal, e o problema teria sido meramente resolvido, ao que esperavam. Precisavam encontrar as pedras e identificar o por quê de terem aparentado como outros semideuses, o por quê de sua aura ser tão forte. Meu pai é um deus, assim como o pai de vocês. Eu sei o que vocês são! Eu sei de onde vocês vêm! E ninguém veio me buscar até hoje. Um renegado, pobre garoto. Pouco a pouco as peças do quebra cabeça passavam a encaixar-se na mente de Zara. Ele era apenas um semideus que não fora levado para o acampamento. O nível de sua aura era tão baixo que, para chamar a atenção, deve ter necessitado de pedras encantadas, para que talvez alguém viesse pegá-lo. Mas o efeito fora negativo. Rumores se espalharam negativamente, com a história de que um grupo de semideuses, um grupo de auras que aparentavam ser a de semideuses desejava destruir o acampamento, quando na verdade era apenas mais um garoto solitário, esperando encontrar seu parentesco divino.

Zara sentiu pena do garoto naquele momento, se não fosse por ele rangendo os dentes, ameaçando atacá-los a qualquer momento, de que forma fosse. Não deveria passar dos quinze anos, assim como ela, mas tinha muita raiva concentrada para isto. Era como Stalin, na realidade. Companheiro de Lenin durante um tempo, mas um maníaco vingativo. Ele apenas queria o que lhe era por direito. Se nos levar até as pedras o levamos até o Acampamento. É isto o que você quer, não? Fazer parte do seu mundo, não ser esquecido. Correto? Naquele momento, Zara enxergou nos olhos do garoto a esperança de fazer parte do que sempre quis. Como um nerd tentando encaixar-se na sociedade dos populares, e sendo sempre rejeitado. Ela soube, naquele instante, que conseguiriam o que queria. Eles conseguiriam as pedras, e o garoto conseguiria ir até o acampamento. De certa forma, uma maneira muito mais entediante, passaram tanto tempo escondendo-se, protegendo-se para encontrarem mais um semideus solitário. Um semideus que apenas fizera alguns cartazes para talvez chamar a atenção do Acampamento, o que conseguira, afinal. Sua missão fora um grande fracasso.

NOITE VII – Querido diário, eu não posso sair em missões.

Encontravam-se agora no maior aeroporto de Seattle. O cheiro de três semideuses, de quem quer que fossem progenitores, da maneira como estivessem escondidos, era forte demais para um lugar pequeno. Precisavam misturar-se. Cameron Calaghan os acompanhava agora, sendo observado de perto por Axel, que reclamava por ter sido amarrado em seu punho com o garoto. A decisão viera da necessidade de ambos os rapazes de despejarem seus resíduos em banheiros públicos exclusivamente para o sexo masculino, o que impossibilitaria a vigia tanto de Lilly quanto de Zara sobre o garoto. Estavam todos com seus tickets na mão, prontos para pegar mais um avião de cinco horas, sem paradas, uma volta direta para o acampamento.

Era incrível como a habilidade de esconderem-se de camuflarem-se havia sido o suficiente para não encontrarem grandes empecilhos sem ser Cameron. Na mochila que Lilly carregava em suas costas encontravam-se cinco pequenas pedrinhas, a qual nenhum semideus gostaria de carregar, já que emitiam energia demais para qualquer um, mas pedrinhas que talvez fossem de bom uso para Quíron.

Zara não estava feliz, pois não havia acabado com o mal pela raiz, havia tido pena do garoto, havia lhe oferecido algo por outra coisa. Prometera-lhe isto, e cumpriria sua promessa até onde pudesse. Iria até o fim com aquilo. Temos de embarcar, está pronto para conhecer o Acampamento? Incrivelmente mais baixo do que ela, sua aparência infantil fazia com que a filha de Zeus se sentisse como sua mentora. Havia feito algo decente, ao menos.

NOITE VIII – Querido diário, volto ao meu lar.

Estavam atentos, apreensivos, porém seguros, esperavam. Esperavam que a segurança os abraçasse assim quando o carro parasse na frente do Pinheiro de Thalia, o Pinheiro que protegia o acampamento, e por mais que os outros rapazes estivessem relaxados, Zara nunca estaria. Havia sido a primeira vez que saíra do acampamento, e nada dera errado. Nada a não ser suas expectativas. Era tudo muito esquisito, tudo muito estranho. Talvez, em sua próxima saída, não tivesse tanta sorte, mas por enquanto apenas agradeceria a seu pai. Agradeceria-o por ter tido a capacidade de concluir a missão por estar viva.

Rapidamente os quatro garotos atravessaram a barreira protetora do acampamento, e por mais que não quisesse, por mais que desejasse apenas esconder-se para Quíron não ver sua fraqueza e seu fracasso, ficou a observar a barreira fechando-se com velocidade, a separando do mundo mortal ao qual tão bem conhecia. E a saudade invadiu-lhe o peito.

Mas Cameron estava ansioso, não apenas para conhecer todo o acampamento, mas para conhecer sua nova vida. Trotando com velocidade, os quatro adolescentes bateram à porta da frente da Casa Grande, avisando sua chegada. Zara tremia com o medo do que poderia acontecer, mas esperava que o garoto fosse aceito bem, como qualquer outro semideus. Esperava que tudo desse certo, assim como anteriormente.




Poderes Utilizados:

Armas Levadas:

Observações:
Progênie de Zeus
Progênie de Zeus
Zara Hofstad
Zara Hofstad
Idade : 25

Ficha do personagem
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Mensagem por Chelsea S. Meulenbrock Qua Mar 25, 2015 2:37 pm


Era uma vez ... ♕

uma garota de nome Chelsea Meulenbrock


Despertei antes do sol nascer, aquele dia de treinos deveria ser intenso, eu tinha ficado morgando no meu chalé por tempo demais, era hora de começar a treinar pra valer, não sabia quando iria ter que sair em missão fora da proteção do acampamento, tinha que estar pronta. Chandler resmungava baixo ainda dormindo, meu irmão tinha uma habilidade pra falar sozinho, ele pedia mais cookies com chocolate quente, se eu tivesse uma câmera estaria filmando a cena, mas no momento eu estava atrasada para o café. O sol já tinha nascido, mas o número de campistas era pouco naquela hora, eles costumavam acordar mais tarde, talvez eu que acordasse cedo demais, mas tudo bem.

Meu corpo bateu com certa força contra o chão da arena, o garoto gritou para que eu me levantasse, minhas costas estavam sujas a única coisa que eu queria fazer depois de quase duas horas lutando com Brandon foi terminar com aquilo. – Você quer me matar ou alguma coisa do tipo? – O questionei dando o veredicto de desistência sobre prosseguir com aquilo, ele me estendeu a mão e me puxou com tamanha força que eu tive um pequeno problema quase indo com tudo ao chão de novo. O resto da minha manhã foi sentada num canto da arena lamentando por não ter dado um soco com muita força na cara dele, mas em suma eu estava um pouco cansada, deveria realmente ter me alongado mais antes de começar com aquilo, outro ponto mentalmente punitivo.

Peguei bem leve com o almoço, não queria que acabasse passando tudo pra fora na arena, aquele dia eu tinha destinado para treinar mais um pouco com machado, só houve um pequenino problema, eu não contava com as dores no corpo no banho pós - almoço. Deixei na cama depois de vestir a roupa, fechei os olhos jurando que só faria um pequeno descanso pois estava de barriga cheia, mas alguém não avisou pro meu organismo que eu deveria acordar, então eu fiquei ali mesmo, dormi a tarde inteira e quando consegui acordar, já muitas horas depois, eu percebi que o sol já não estava tão quente sobre minha cabeça e a bagunça no chalé tinha sido organizada por alguém,não eu no caso. – Droga! – Soquei o colchão percebendo que eu tinha perdido a hora totalmente, eu não estava tão acostumada a aquela rotina ainda, tinha perdido uma parte da noite, acordado cedo e pego no pesado, era compreensível.

Não fui capaz de perder todo o tempo, beirava as cinco e meia quando eu saí correndo como uma doida rumo a arena que estava metade cheia, algumas pessoas me olharam e de longe ouvi Annie gritar sobre onde eu estava a tarde toda. – Sono de beleza e sabe Cherry Pie você está precisando. – Comentei de volta sorrindo e pegando um arco e me posicionando perto dos outros. Vou deixar bem claro a parte em que sou leiga com arcos e lanças, esse segundo mais ainda, minha força para arremessos não era das maiores e eu sempre jogava-a torta, incrível. O instrutor pediu que preparássemos os arcos com as flechas, me concentrei no alvo, mas antes dele dar o aval escutei um barulho alto, um grito quase, foi o estopim pro meu susto e a flecha acertou bem longe do alvo. – Erro de cálculo. – Olhei pro instrutor que puxava uma certa quantidade de ar pros pulmões e depois dava o sinal aos outros.

Eu estava indo pro jantar quando Zara me chamou, de acordo com ela Quíron estava requisitando nossa presença na casa grande, eu juro JURO J U R O que não fiz nada de errado, será que até pensar em bater em alguém ou dormir a tarde toda era um crime por ali, não foi minha culpa, ta foi, mas era só uma sonequinha, eu não iria ser punida por isso né? Minha meio irmã também estava sendo chamada, significava então que era algo só pros filhos de Zeus? Eu apenas resmunguei e segui Zara, ela ia na frente mais apressada, eu ia atrás com as mãos enfiadas no bolso, quando chegamos a casa grande eis a surpresa, não éramos as únicas por lá, havia outros semideuses ali, ainda mais ele, aquele ser inconveniente estava lá. – Ainda bem, não sou obrigada a agir em conjunto com a toupeira do Ästelo. – Olhei pro idiota e depois para Quíron que já falava o meu nome.

New Jersey? Interessante, mas o que mais me deixou intrigada sobre o que se tratava, mas eu não tinha que ir com nenhum outro semideus, então já estava ótimo, apesar de ir com um sátiro também ser de longe o que eu pretendia. Quando eu saí para o lado de fora da Casa Grande me deparei com ele, era um pouco maior que eu. – Chelsea Meulenbrock, filha de Zeus? – Balancei a cabeça de forma positiva, ele sorriu de lado se aproximando, ele andava engraçado, sátiro não é? O que esperar dele? Deveria ser no mínimo um protetor. – Eu vou te acompanhar até Jersey e ... – Eu saí o deixando falando ali sozinho, o sátiro resmungou vindo atrás de mim, mas eu ainda tinha que pegar as coisas no chalé.

Ele tinha a incrível habilidade de não calar a boca, enquanto eu juntava algumas coisas dentro do chalé, armas, outras coisinhas, dracmas que eram importantes. Novamente eu o deixei falando sozinho quando saí do chalé, o sátiro vinha atrás enquanto eu andava rumo a colina, ele comentava coisas sobre a cidade onde tínhamos que buscar o semideus, respirei fundo e balancei a cabeça positivamente já adentrando a floresta, naquele momento já não havia mais proteção, seria nós dois contra qualquer monstro que viesse em nossa direção. – Espera. – Nós paramos quando ele tocou no meu ombro, olhei pro sátiro e ele me olhou, então aquele idiota sorriu como se algo fosse óbvio.

Para a sorte dele eu não alcancei sua cara, mas quando ele assoviou eu tive que levar as mãos aos ouvidos, não entendi o que ele quis fazer, até ele ter que me afastar para não ser acertada por uma espécie de táxi. – Eu não vou entrar aí. – O sátiro abriu a porta do táxi e me empurrou lá dentro. Se eu achava que lá fora estava ruim, lá dentro estava pior. O frio e o clima estranho eram a parte menos assustadora, já que aquelas três senhoras na frente eram a pior parte, era impressão minha ou elas tinham um olho só. – Destino? – Uma delas perguntou com uma voz rouca, Major, o sátiro, não pareceu tão assustado como eu, me se ajeitou no banco já fechando a porta e balbuciou as palavras de nosso destino. – Vai sair caro, mas segurem-se. – Uma delas avisou, e aquela foi a pior sensação da minha vida.

Eu fechei os olhos e tive a sensação de que minha cara ia desintegrar, mas tudo pareceu que tudo estava no lugar, a risada das três mulheres ecoaram juntas e um arrepio me percorreu o corpo, tudo que estava ruim poderia piorar. – Menina manhosa não seja medrosa, ouça a canção, chegue ao destino, mas ouça o coração. – Abri os olhos tentando enxergá-las, mas elas estavam paradas, pareciam atentas ao trânsito complicado a sua frente, o sátiro me encarava, mas nós dois parecíamos não entender o que elas tinham dito. – O rodopio a girar, melodia cantar – Uma delas cantarolou e eu mordisquei meu lábio inferior notando como ela tinha dito, pareceu como uma nova pista, não sei, talvez fosse coisa apenas da minha cabeça, só iria descobrir quando fosse mesmo desbravar a cidade pra onde Quíron tinha nos mandado.

– Chegamos, podem descer, são quinze mil dracmas. – A voz rouca falou a nós e o sátiro me olhou com face séria, ele fez uma contagem regressiva silenciosa e quando chegou no um nós saímos correndo pra fora do táxi. – Seus semideuses caloteiros, vocês serão punidos, queridos. – O táxi fechou as portas e sumiu tão rápido como apareceu, eu tinha caído com tudo no chão ao sai do veículo, o sátiro me estendeu a mão e eu recusei me erguendo e limpando a minha roupa. Tínhamos dado um calote nas parcas ou era impressão minha? Que legal, nossa punição seria o adiantamento da nossa morte? Eu não queria nem pensar nisso, agora era encontrar o semideus e voltar pro acampamento. – Você é brilhante sabia? Essa era sua ideia desde o início? – Atravessei a rua rumo a calçada e atingi uma lixeira com um chute leve, ele não falou nada.

Era manhã na cidade, o meu estômago estava roncando, Major apressou o passo ficando ao meu lado, ele foi o primeiro a ver a lanchonete e adentrou com um certo sorriso, arqueei a sobrancelha quando ele se aproximou do balcão, ele mostrou os dracmas pro atendente e eu arregalei os olhos, não deveríamos mostrar dinheiro como dracmas para mortais. – Ele é um monstro, mas a névoa não deixa os mortais verem isso. – Olhei por de trás do balcão e lá estava o que me impressionou, os vários braços da criatura, ele preparava um café e também nos trouxe algumas rosquinhas. Major e eu estávamos andando pela calçada terminando de comer aquela refeição que apesar de não ser o que eu mais queria comer, era gostoso, fui obrigada a parar quando vi algumas TV’s na vitrine de uma loja, mas o que me chamou a atenção foi a música que o comercial cantava, era a mesma que a mulher no táxi cantou “O rodopio a girar, melodia a cantar “, era uma moça que cantava. – É ela. – Toquei o vidro duas vezes, Major recuou e olhou a tela, tínhamos achado nossa semideusa.

Eu estava achando muito estranho, nós estávamos andando á um tempo pelas ruas e nada de monstros ainda, mas aquela sensação de que estávamos sendo observados era constante. Passando um bom tempo em Jersey City. Já havia passado da hora do almoço e não tínhamos comido nada, mas precisávamos chegar ao teatro logo, eu queria voltar pra casa. A rua estava calma, era longe dos grandes centros da cidade, foi quando a criatura pulou em nossa direção, um enorme cão infernal, estava demorando muito não é? “ Vocês estão ajudando a garota, vocês merecem morrer “ Olhei pra Major já no chão de joelhos como eu, aquela voz tinha-lhe invadido a cabeça também. O cão correu em nossa direção, o meu anel virou uma espada. – Couro Taurino! – Murmurei correndo em direção a ele, o sátiro ficou para trás, mas já de pé. – Vai! Corre, eu encontro você. – Eu gritei sem tirar a atenção do cão a minha frente, Major continuou lá parado, mas agora enrolando uma espécie de corrente nas mãos.

Por mais que as criaturas fossem feitas para me matar eu não queria isso, o cão pulou a minha direção e eu fiz um corte na diagonal, uma das patas caíram no chão e ele pareceu mancar, mas ainda rosnava, como se fosse dilacerar a minha garganta com aquilo, mas seu barulho não parecia apenas de morte, ele também parecia ser de dor, angustia, alguma coisa. Major me empurrou pra trás, eu ainda estava estática prestando a atenção na criatura, foi quando aquela dor no peito me invadiu, Major passou a corrente em volta do pescoço do cão pronto para enforcá-lo, mas eu o impedi. Empurrei o sátiro pra trás com toda a força, ele caiu no chão junto com a corrente. – Você não vai matar uma criatura a sangue frio. – Gritei com ele sem me importar com as pessoas da rua, na verdade não tinha, ela estava vazia, o que era estranho para aquela hora.

– Ele é uma criatura irracional que queria nos matar! – Major exclamou alto pra mim, eu empunhei minha espada e encostei no pescoço dele, não ia matar o sátiro, nem machucá-lo, mas eu estava de saco cheio das pessoas que pensavam que poderiam sair matando qualquer monstro por aí. – Você é um idiota e nem por isso eu te matei. – Girei a espada me abaixando um pouco, o cão também havia sofrido um corte na lateral do corpo, ele iria agonizar ali ou eu poderia terminar com aquilo. – Que Hades o receba bem. – Sorri de canto como se aquilo melhorasse algo e cortei a cabeça dele, não quis muito olhar, o animal logo se desintegrou em um pó dourado, minha espada voltou ao normal e eu saí andando pela frente ignorando Major completamente, eu não tinha aquele sangue frio como a maioria dos semideuses, eu sentia dó, pena, não conseguia matar por matar.

Estávamos parados a mais de vinte minutos na porta daquele teatro, as entradas estavam fechadas e Major reclamava da forma em que eu tinha agido, como sempre desde que saímos do acampamento eu pouco presto a atenção nele. Um carro parou na rua lateral do teatro e eu olhei aquilo, saí andando na frente parando perto da esquina, havia então outra entrada, claro. – Ei! Você não pode sair entrando assim. – Já disse que eu o ignoro não é? Pois então. Major veio atrás enquanto eu ia andando na frente e olhando a porta que os homens não tinham fechado direito, nós olhamos pros dois lados e depois entramos, estava nos bastidores, mas não víamos ainda a menina que não sabíamos se quer o nome e eu só tinha percebido isso daquele exato momento.

Quando nos aproximamos das cortinas vimos uns homens na plateia, eles conversavam entre si, mas o pior, perto deles havia dois ciclopes, eles tinham ido ali para buscá-la, agora tínhamos que achar a menina e dar o fora. Nós passamos pelos bastidores, estava tudo um pouco em penumbra, mas ainda conseguíamos ver algo além de um palmo a frente do nariz, uma das portas dizia Jessamine, olhei pro sátiro, ele me olhou e não hesitei em abrir a porta, a moça lá dentro estava vestida com um roupão e com os cabelos prontos para o show. – Você devem ser os ajudantes, venham, eu preciso terminar de me arrumar para o ensaio. – As flores perto dela estavam bonitas, como eu nunca tinha visto antes, o sátiro sorria ao ver tudo aquilo. Uma explosão foi ouvida lá fora e na mesma hora a tonalidade das flores mudou e nós vimos, parece que ela também, já que as flores voltaram a sua tonalidade colorida normal. – Você é filha de Perséfone. – O sátiro falou e pareceu mais do que óbvio, flores em todo lado, apesar de eu inutilmente ter pensado em Deméter.

Ela sorriu como se aquilo fosse estranho, mas quando Major mostrou as pernas ela arregalou os olhos, ela poderia ver através da névoa, isso era um fato, mas o que a escondia de Hades até então era um mistério. Uma das luzes do teto explodiu em cima de nossas cabeças, a menina se recolheu e as flores a sua volta novamente murcharam um pouco. – Zeus. – Comentei tocando a maçaneta da porta e fechando a mesma, se algum deles tocasse aquilo iria ser eletrocutado na mesma hora. Nós precisávamos ir embora, mas uma coisa ainda me deixava intrigada era sobre o segredo que Quíron disse que ela detinha, eu não quis perguntar ali, se era segredo ou não nós tínhamos que prosseguir. Jessamine trocava de roupa mais devagar do que a maioria das mulheres, mas não tínhamos contado a ela sobre os ciclopes. – Você já enfrentou algum monstro? – Major intruso como sempre passou o braço nos ombros dela, a moça balançou a cabeça negativamente, era de se esperar. – Vamos logo o acampamento nos espera, agora será mais difícil, já que as velhas doidas não vão querer nos dar carona. – Olhei pro sátiro que mostrou a língua, de forma engraçada, eu ainda iria arrancá-la.

Ouvimos um grito e depois um baque forte contra a porta, nos olhamos e sabíamos que aquela saída não poderia ser utilizada, Jess ficou atrás de nós por um tempo, olhei pra Major já fazendo minha espada surgir, estava pronta para acabar com aquilo, ouvi um barulho atrás de nós, Jessamine arrastava um móvel, e atrás dele havia um buraco. – Minha mãe disse pra eu usar em caso de emergência, vamos. – Olhei o sátiro e ele me olhou, então corremos para a mesma, foi mais difícil fechar a passagem, ela era estreita e dava pra rua, mas ainda tivemos que empurrar uma lata de lixo, só aí conseguimos sair, e a empurramos de volta, claro. – A vida de vocês é sempre assim? – A garota perguntou e eu sorri de canto sinicamente, não era todo dia que estávamos em resgate, aquele era especial e até então dolorido. – As vezes piora. – Comentei empurrando os dois rumo a rua.

Das portas do teatro saíram os dois homens e um dos ciclopes, resmunguei o quanto pude, pouco, e então corremos, o que não adiantou muito, queria entrar numa das lojas de departamento por perto, mas não iria adiantar. – Algum de vocês sabe fazer uma ligação direta? – O sátiro estava achando que eu cresci onde? Nas docas? Eu era filha de um governador. Pra minha surpresa Jessamine ergueu a mão sorrindo, mais um de seus dotes que nós desconhecíamos até meio segundo atrás. Major escolheu o carro mais próximo, quebrou o vidro com um de seus coices e abriu a porta, Jessamine realmente sabia fazer aquilo, quando o carro ligou o monstro já estava perto, mas nessa hora estávamos os três lá dentro e eu já tinha pisado no acelerador.

Imagine você duas jovens e um sátiro andando em alta velocidade pela cidade de Jersey, quase batemos em três pessoas em uma calçada, mas conseguimos despistar os monstros, não que eu esperasse que isso fosse para sempre, não mesmo. Major ia nos guiando até uma parte mais afastada da cidade, eu não sabia seus planos, mas nós seguimos sem pestanejar, claro. O carro parou na frente de uma lojinha de livros, nós entramos rápido e ele foi falar com uma velhinha que estava arrumando alguma coisa em uma prateleira. – Eu não nasci pra isso. – Resmunguei olhando pra filha de Perséfone que já lia um livro bem interessada, claro que ele era sobre rosas. Eu olhava o lugar e aquilo me dava certo conforto, mas algo na rua me fez chamar a atenção, era nada mais nada menos que seis cães infernais, minha piedade tinha limite e minha vontade de lutar também.

– Major a gente tem companhia. – Eles vinham em direção á loja, o sátiro engoliu seco e nos chamou com uma aceno de mão, a senhorinha ficou pra trás e eu temi por ela, a porta se fechou e ela o estoque que WOW, era grande, entre as várias estantes de livros ali havia uma porta, mas não uma porta qualquer, tinha o símbolo do olimpo gravado nela. Major tirou uma espécie de mapa da bolsa e Jessamine e eu ficamos olhando. – Quíron disse para usar só em momentos extremos, creio que esse seja um deles, senhoritas bem vindas a um tour pelo labirinto de Dédalo. – Arqueei a sobrancelha e respirei fundo passando pela porta com o símbolo do Olimpo, por um momento eu fiquei pensando sobre aquilo, lembro-me de alguém falar sobre o labirinto ter sido destruído a alguns anos, mas como aquilo era possível. – Hefesto e suas obras incríveis, Atena ajudou também, mas vamos, temos que chegar logo ao acampamento. – Não quis pensar se andaríamos muito, só quis chegar em casa.

Pudemos ouvir um zumbido que me deu uma certa dor de cabeça momentânea, olhei pros dois ao meu lado ,não podia ver mais do que dois metros e meio a minha esquerda ou minha direita, podia ouvir algumas goteiras ecoando de longe, meu coração pareceu ter se aquietado, em seu lugar tudo começou a tremer, como se algo grande vindo de minha direita estivesse se aproximando cada vez mais, não me deixei ficar lá por muito tempo. Começamos a correr quando a criatura deveria estar a uns seis metros de nós, não me importava o que fosse, era grande, furioso e eu só fui descobrir o que era realmente quando ouvi um mugido preencher meus ouvidos. – Você poderia ter ficado morto quando o Jackson acabou com você. –  Major reclamou, como sempre,era pra isso que o sátiro servia.

Minotauro definitivamente não estava na minha listinha de criaturas que eu queria conhecer em minha experiência meio sangue. Minhas pernas já doíam, eu não tinha corrido muita coisa, mas senti pela primeira vez que iria visitar Hades em instantes quando nos deparamos com uma parede de tijolos bem rígida, eu bati com meus punhos fortemente, eles já tinham ficado meio vermelhos, o ambiente estava semi iluminado e eu estava me preparando minha morte certa, aqueles enormes chifres apareceram pra mim junto com o par de olhos amarelos medonhos. – Fiquem atrás de mim e Major, a corrente. –  O sátiro tirou a corrente de seus bolsos e me entregou, os dois ficaram a trás de mim e pela primeira vez não ouvi reclamações vindas daquele ser meio bode meio rapaz.

O minitauro veio com tudo pra cima de mim, minha primeira e única reação momentânea foi me abaixar, ele acertou a parede com toda força, Major e Jessamine passaram pelo espaço que ele deu, os dois poderiam ter corrido na direção oposta, mas apesar do afastamento eles ficaram lá olhando. Foi só então que percebi que o touro super nutrido tinha ficado com o preso, talvez fosse aquela nossa única chance de fugir, respirei fundo e passei por entre as patas traseiras dele com tanta rapidez que nem consegui contar, meu coração quase escapava pela boca. Agora detinha em mãos minha espada olhando pra ele, não tinha muitas saídas, teria que matá-lo querendo ou não, mesmo que isso não fosse algo que eu quisesse fazer, aquela dor no peito que eu tinha sentido ao ver o cão infernal machucado se repetia, mas era minha vida em jogo ali.

Me afastei um pouco enquanto ele se debatia tentando tirar o chifre da parede rígida e corri novamente em sua direção, pulei em sua costas, vi Major se aproximar e soltei um grito não muito conclusivo. – Fica aí, se acontecer alguma coisa você leva ela pro Quíron. – O ordenei e pela primeira vez ele obedeceu, ficou como se estivesse de guarda a frente dela. Coloquei o cabo da espada na boca enquanto escalava as costas dele, o minotauro se debatia e tentava me derrubar, subi então sobre sua enorme cabeça, ele tentava me pegar com ambas as suas mãos, eu pisava em suas mãos mas ele tentava me pegar, até que agarrou meu tornozelo esquerdo com sua mão também esquerda, esse nem foi meu maior desespero, pouco depois ele conseguiu se soltar, seu chifre bambo precisava de apenas um pouco de força para que enfim fosse quebrado.

Ele me puxou com força, queria me segurar de cabeça pra baixo, mas antes de cair eu me segurei no chifre semi-quebrado, apertei com força o punho de minha espada que voltou a ser um anel e a coloquei dentro da boca já que não conseguia alcançar o meu bolso que fosse, ele então puxou mais forte, agora eu segurava seu chifre com as duas mãos, que situação eu me encontrava. Até que ouvi um "CLEC" era o chifre se quebrando, eu o abracei com força quando se quebrou, quando o Minotauro me segurou perto se si segurando-me apenas pela perna esquerda eu vi que aquela era a minha melhor oportunidade, com a força das duas mãos eu enfiei com quase toda minha força o chifre, seu chifre, em teu peito, ele soltou um mugido estranho e me deixou cair no chão, se afastou alguns passos e desapareceu em uma nuvem de brilho dourado, sei lá. Eu queria poder ter me aproximado, mas apenas fechei os olhos e senti os mesmo queimarem, eu não estava chorando, estava? É, estava, então tratei de limpar aquilo.

A minha queda ficou longe de ser a mais gentil de todas acreditem, estiquei os braços pra cima e alonguei as costas com a ajuda de Jess que puxou de leve, logo depois, ainda com várias partes do corpo doendo, cuspi meu anel na minha mão, limpei-o na barra da minha calça e depois o coloquei no dedo. – Os dois estão bem? – Os questionei, eles balançaram a cabeça de forma positiva dando o veredicto. Me sentei no chão, passando as minhas mãos gélidas por meu rosto, meu cabelo ainda estava preso em um rabo de cavalo, eu trajava coturnos militares, calça de malha preta, e uma blusa do Acampamento Meio-Sangue, tentava lembrar de alguma coisa, mas quando seu coração é a única coisa que você escuta além de sua respiração ofegante isso não ajuda muito acredite em mim, até os outros dois ficaram calados naquela hora. – Parabéns Chelsea, eu achei que a gente ia morrer. – Major e seus melhores comentários nas piores horas.

Fechei os olhos por dois ou três segundos, e quando voltei a abri-los eu não estava mais naquele corredor, estava em uma sala redonda, com algumas colunas gregas que um dia pareciam que foram brancas, hoje estava encardido, como o chão de mármore que parecia ter um tom de cinza, aquele ambiente semi-iluminado, mas o suficiente para que eu vesse ao meu redor permanecia. Os outros dois também pareciam um pouco confusos de como tínhamos ido parar ali, qualquer um estaria. – Vocês sabem que não deveriam estar aqui não é? Vamos escolham uma porta. – Uma voz chamou-nos a atenção, me virei pra trás, ainda sentada e encarei um ser de duas cabeças, respirei fundo o bastante pra tentar me acalmar e reafirmar a mim mesma nossa localização, estávamos mesmo no labirinto de Dédalo. – Maldito Labirinto. – Jessamine falou entre os dentes, quase como um sussurro, me levantei vagarosamente minhas costas doíam um pouco, na verdade um bocado demais, me aproximei do seu de duas cabeças que me encarava com ambas.

– Escolha a direita, ela é melhor para vossa jornada jovens semideusas e sátiro. – A cabeça da direita tentou me coagir, mas a cabeça da esquerda não parecia nada alegre com aquele argumento, pelo contrário, ela estava realmente raivosa, tinha um semblante de poucos amigos e me encarava desdenhosa. – Eu gosto mais da esquerda. – Major se pronunciou e cabeça da direita negou como se quilo fosse uma péssima escolha, eu não era de confiar muito em Major, mas também não nutria nenhuma confiança quando aqueles dois seres, que pareciam ser um só só que de duas cabeças, vai entender. – Como sabe do que eles precisam? A mocinha ali abriu a boca, estranho pois proles de Zeus geralmente são mandonas e tagarelas, queridinha você fede seu pai a distância, vamos escolha a esquerda. – Revirei os olhos, quase fui me cheirar para ver se era verdade mas constando o caso de que eu não conhecia o cheiro do meu pai seria em vão tentar descobrir se eu fedia ou cheirava como ele.

– Eu escolho ... – Me dei o direito de escolher uma porta eu mesma, já que eu tinha derrotado o minotauro, então seria tipo, mais do que justo. Olhei pra ambos que tentavam me coagir com seus rostos tão expressivos, olhei minhas mãos, eu era destra, a mão que empunhava minha espada e me acompanhava em minhas batalhas, ergui a cabeça encarando-os por alguns instantes. – E então querida? – Estranhei o fato de ele estar me tratando de forma tão educada, eu sabia que aquilo era somente uma ironia, ele só estava doido para que eu escolhesse a sua porta e poder jogar na cara da outra cabeça de que não tinha sido a porta de sua preferência a escolhida por mim. – Porta da direita! – O rosto a direita esboçou um sorriso de satisfação, enquanto o da esquerda desgostoso fez uma careta para mim. A porta se fechou atrás de nós, foi quando uma luz brilhou a nossa frente.

Corremos na direção da luz, quando chegamos até ela vimos que ela estava sobre nossas cabeças com uma espécie de luz natural, ao longo do túnel que tínhamos corrido ouvimos passos, eram cães infernais, de novo? Sério?! Havia uma espécie de escada de pedras, nós passamos por elas, primeiro Jessamine, Major e por último eu. Por muito pouco não fomos pegos, mas os cães investiram contra a saída, era o punho de Zeus, estávamos de volta no acampamento. – Agora deixem comigo. – A garota tomou a frente, uma fumaça verde saiu de entre seus dedos, os cães se afastaram, pra nosso bem Major e eu também. A raízes saíram do solo e começaram a investir contra o buraco aos poucos o fechando, tudo então pareceu seguro. – Enfim lar! – Comentei tomando a frente rumo a casa grande.

Quíron não pareceu nada feliz a nos ver, tudo bem, estávamos com a garota, mas ele poderia estar um pouquinho mais feliz por nós não é? Por Favor. – Afinal, qual é o segredo? – Questionei me sentando no sofá mas com o pigarreio de centauro eu me ergui, ele analisou a lista e depois eu e o sátiro ao meu lado. – Creio que esse seja um assunto de importância olimpiana minha cara Chelsea e não cabe a você ou a Major saberem, em breve os chamarei de volta,a gora podem se retirar e boa missão, três dias, mas boa. – TRÊS DIAS?! Eu ainda fiquei espantada como o tempo passou rápido no labirinto, mas não quis questionar o centauro, se ele disse estava dito, agora eu precisava de um bom banho e uma boa noite de sono.

Poderes:

Armas:

Progênie de Zeus
Progênie de Zeus
Chelsea S. Meulenbrock
Chelsea S. Meulenbrock

Ficha do personagem
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Mensagem por Édouard Saint-Exupéry Qui Mar 26, 2015 6:20 pm



Everyday I'm shufflin...
...we gonna make you lose your mind.

O sol já começava a se esconder no oriente quando decidi largar a espada e me afastar dos bonecos de treino. Cansado? Não... Exausto. Meu corpo dói, parece que um casal de minotauros (se é que existe uma minotauro fêmea) praticaram sapateado em cima das minhas costas. Em compensação, meu rendimento e habilidades com lâminas está sendo aprimorado. Consegui até desarmar um dos meus irmãos numa lutinha rápida.

Enquanto caminho para fora da arena, distraído, acabo batendo com força no ombro de um garoto. Ele carregava um cajado de madeira e na sua camisa lia-se “LAMBE A MINHA VIDEIRA”. Arqueio uma sobrancelha, incrédulo e encaro o garoto - Filho de Dionísio, hm? Non me importa se focê está bêbado, não esbarre mais em mim - viro as costas, pretendendo seguir o meu calminho, quando o ouço caçoar de mim. “Fala direito, francesinho-merci-bocû” ele diz. Olho para trás, por cima do ombro. E penso se deveria dar atenção à ele. Obviamente, ele queria confusão.

Obviamente, depois de um dia inteiro treinando com seres inanimados, eu queria o dobro de confusão.

[...]

Empunhando a cimitarra, ergo-a, tentando ameaçá-lo - Deixo focê foltar parra o seu chalé. É só pedir desculpas - mas ele apenas ri. O nosso duelo, então, começa. Trocamos alguns golpes, o seu cajado, apesar de parecer ser feito de madeira, é resistente o suficiente para aparar os golpes da minha cimitarra. Os reflexos dele também são muito bons, ao ponto de prever e se defender da maioria dos meus golpes velozes.

“Você é um tolo, francesinho. Acha que a sua força está na espada? Você é um semideus, metade de você é divino. Nossa força não é só física...” demorei muito para entender o que ele dizia. Muito. Distraído, cometi o erro de olhar para sua íris que, nesse momento, está roxa. O contato visual com um filho de Dionísio, meus irmãos me disseram, é maléfico e agora estou sentindo isso. Sinto meu corpo ficar fraco e meu estômago revirar. Tento manter minha postura de defesa, mas devido ao mal estar repentino, o garoto consegue derrubar minha espada sem dificuldade. Ele encosta o dedo na minha testa e eu desmaio.

[...]

Quando acordo, sei que se passou muito tempo, pois estou morrendo de fome - Droga... Perdi o jantar - digo frustrado. Felizmente, alguém se deu o trabalho de me trazer aqui, no chalé, mas quem? O que será que aconteceu? Olho para as outras camas. As luzes estão apagadas, mas, graças aos sons de ronco, posso saber que meus irmãos estão dormindo. Aproveito-me disso. Procuro nos pertences dos meus irmãos algo para comer... Estou faminto! Encontro meio pacote de biscoito recheado e um pacote de salgadinho murcho. Efeito da fome (ou não), mas esses petiscos estão deliciosos.

Enquanto saboreio, ouço alguém aproximar-se da porta do chalé. Um sátiro. Resolvo conversar com ele do lado de fora do chalé. Mais preocupado em descobrirem sobre o meu pequeno furto de comida do que, necessariamente, acordá-los. O homem-bode me conta que o instrutor do Acampamento queria falar comigo.

[...]


Resumidamente, o centauro Quíron tinha uma lista de tarefas para cada um fazer fora do Acampamento. A minha é... Qual é a minha mesma? Depois de tirar a dúvida pela segunda vez, Quíron arrancou uma folha do ficheiro (que ele carregava) e escreveu o que eu devia fazer. Ok, ok. Basicamente, na folha, tem três etapas escritas: 1º ache um sátiro disposto a te ajudar, 2º voe para West Jordan e 3º resolva os problemas. Atualmente, todas elas representam um problema. Não sei aonde vou achar um sátiro, nem onde é West Jordan e muito menos como vou resolver os tais problemas, mas tenho a atitude mais sábia possível: peço ajuda ao sátiro que me buscou do chalé. Ele disse que não poderia me acompanhar na missão, mas resolve me indicar outro que, talvez, me ajudasse.

O sátiro que me acompanharia na missão parecia ser bem mais velho. E bem mais chato, também. Enquanto caminho de volta para meu chalé para pegar meus pertences, Bazir, diz que, pelo meu nome ser francês, ele esperaria um pouco mais de elegância nos meus modos, vestes e tudo mais. Concluímos que a forma mais barata de viajar até o local da missão seria de pégasos. Bazir questionou, óbvio, disse que um sátiro do porte dele deveria, no mínimo, ter um jato particular à disposição, eu apenas ri. Adoro voar.

[...]


O sátiro sabia tocar uma música em sua flauta que funcionava como energético para os pégasos, então, ficou decidido que faríamos três pausas e, provavelmente, chegaríamos em West Jordan em 24hrs. Na primeira pausa, além dos pégasos, quem dormiu foi Bazir, por questões de estética, segundo ele. Nenhum sátiro consegue manter o casco firmes e uma bela voz sem uma boa noite de sono. Foi um pouco antes de fazermos a segunda pausa, que eu iria descansar, que fomos atacados.

De imediato, imaginei que era uma revoada de andorinhas, mas Bazir logo reclamou - Nossa, essas galinhas cafonas! Não as suporto nem no Acampamento... E agora, aqui? - e foi assim que concluí que se tratavam de Harpias. Os pégasos relincharam, tentaram desviar, mas o trio de Harpias era bem rápido - DESÇAM, DESÇAM! - dou a ordem para descerem até o chão e pulo para fora. Para mim, um combate aéreo seria tão natural quanto na terra, mas para o sátiro... Uma queda daquelas seria catastrófico.

Duas harpias seguem os pégasos e o sátiro enquanto apenas uma vem ao meu encontro. Pelo tamanho, posso jurar que se trata de um filhote. Minha cimitarra, presa em meu cinto segundos atrás, já se encontra na mão direita, então, claro, eu avanço. A monstrenga ataca-me no ar, com suas garras, por sorte (e por me sentir muito mais veloz e ágil no ar) consigo aparar sua investida com o lado plano da lâmina e afastá-la de mim - Non deverriam ter nos atacado! - controlo os ventos para um ataque ágil, com a lâmina na horizontal. A harpia solta um grunhido de dor, apesar de ter desviado, minha lâmina triscou no seu ombro, fazendo um belo corte. Não dou tempo a ela, lanço minha cimitarra bem no meio do seu peito, atravessando-a.

A criatura se desfaz em penas, enquanto eu, como um homem-bala, inclino meu corpo para baixo, pego a cimitarra ainda no ar e desço com tudo, indo na direção do grupo.

Quando aterrisso, rapidamente encontro o sátiro, que fora abandonado pelos pégasos - PENAS VERMELHAS COM AZUIS? QUE VISU MAIS DECADENTE! TOME ISSO! - ele brandia sua flauta, tentando acertá-las. As criaturas pareciam estar se divertindo com as dicas de moda e só por isso não causaram danos maiores nele - Ei, fôces... Fôces são tão cafonas quanto uma... Tartaruga! - não sou bom com moda, nem com ofensas, mas, graças aos deuses, elas deixam o sátiro de lado e vem ao meu encontro.

Arranco meu escudo do suporte em minhas costas e brando a espada. Tentando manter uma certa distância. Como filho de Éolo, deveria usar meus poderes de controle sobre o ar, mas como meus inimigos são criaturas aéreas, creio que não seria muito efetivo. A primeira ataca com as garras do pé, mirando no meu peito. Uso meu escudo para me proteger, mas a segunda investe contra meu ombro. Pela dor que sinto e a espiadela que dou, sei que ela fez um bom corte. Então, ativo a habilidade especial do meu escudo, lançando ar, lançado essas galinhas malditas para longe. Sei que isso não causará muito dano, mas, pelo menos, fornece-me tempo para trocar minha estratégia. Concentro-me e convoco ventos quentes, mirando nas duas ao mesmo tempo. Ataco com a cimitarra, mas elas, como deu para notar há éons, são muito ágeis, bem diferente daquela filhotinha que abati. Volto a me defender usando o escudo, mas, como antes, outro corte aparece em mim, dessa vez no braço que segura o escudo.

Apesar de estar bem concentrado na batalha, não consigo deixar de prestar atenção a uma música estranha que começa a ser tocada. No meio do asfalto dessa rua nada movimentada, consigo ver uns ramos brotando. Bazir, em algum lugar, tá usando sua mágica. Ótimo. Ganharei tempo para ele. Com minha espada e escudo, limito a movimentação das Harpias, deixando-as próximas do lugar onde os brotos estão surgindo. Por estarem flutuando cerca de meio metro acima do chão, sei que ele vai precisar se esforçar bastante.

Acerto um corte na mão/pata da criatura, arrancando-lhe fora. Dou-me o luxo de deixar a guarda baixa por alguns segundos, comemorando o feito e levo uma voadora aérea no peito. A  harpia sem mão começa a tatear o solo, procurando pela parte do corpo perdida e esse foi seu maior erro. Os brotos agarram-na pelo tornozelo, me dando a oportunidade de acabar com ela. Lanço o meu escudo, estilo capitão américa, na cabeça dela. A harpia da voadora, agora desnorteada, não aparenta ser uma ameaça, não depois de ter perdido as duas parceiras. Não sou nenhum psicólogo de monstros, mas se eu fosse, daria um diagnóstico de transtornada. Atravesso a cimitarra na sua barriga e ela se desfaz em plumas.

- Nossa... Isso foi... Perrigoso! - exclamo e Bazir sai de trás de um muro, com sua flauta ainda na boca e aparência de cansado - Pelos cascos de pã! Essas plumas são m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s! ADOREI! - ele começa a coletá-las enquanto eu analiso nossa situação. Sem transporte, sem pégasos, sem... hihihi... Risadas? Quem tá rindo de mim? Olho em minha volta e encontro a minha ninfa, presente do meu pai, olhando a cena e rindo - FOCÊ! EU TE PROCURREI VÁRRIOS DIAS NO ACAMPAMENTO... E FOCÊ TAVA AQUI? VOANDO COM... HARPIAS?! - digo e sinto muita vontade de cortá-la com a cimitarra, mas lembro-me do que meu pai disse, que tudo que descende do ar tem mania de ser instável. Talvez... Essa ninfa só precise de um pouco de pulso firme - Ok, estou em uma misson. Quer fir junto comigo? - ela nega com a cabeça. Bazir se aproxima de nós nesse instante, perguntando o que está acontecendo. A ninfa, literalmente, avança nele, abraçando-o e enchendo de beijos – Isso... Se focê fier, garranto muitos beijinhos de sátirro! - acordos feitos, a ninfa decide nos ajudar.

[...]

Chegar em West Jordan até que foi fácil. Exceto pelo fato de termos que fugir do taxista que queria nos atropelar quando descobriu que não tínhamos dinheiro (pelo menos consegui tirar uma sonequinha no banco de trás), de ser impossível de achar ataduras coloridas (Bazir se recusou a fazer curativos com as tradicionais, pois eram “clichês demais”) e de sermos péssimos ladrões (além de não conseguirmos escapar com os salgadinhos que pegamos em uma mercearia, o homem ainda tentou nos bater com um taco de beisebol). Graças ao fuso horário, energéticos, pégasos e taxis não pagos, chegamos à cidade umas 21hrs. Os aperitivos que trouxe em minha mochila tinham acabado, assim, o que mais me incomodava no momento era fome. Bazir comeu algumas latinhas de refrigerante e Kitana (sim, esse era o nome que dei para ela antes da fuga) parecia se alimentar de amor e beijos.

- E agorra? Quírron disse que os morradorres eston fendo monstros. O que sugerrem? - Bazir sugere começar a investigação conversando com os moradores. Concordo e começamos a caminhar. A fome aperta, decido parar numa lanchonete pequena, lá, quem sabe, talvez alguém saiba nos dar informações, com um cheeseburguer cheio de catchup, por favor. Ao entrar no recinto, decido gastar meus últimos dólares com comida. Sim, ignorando totalmente que a missão pode durar dias e que também vou precisar de comer algo na volta. Dane-se. Então, peço um sanduíche de três andares e duas latinhas de refrigerante, uma para o Bazir.

- Hmm, nossa, tem acontecido umas coisas estranhas aqui na cidade, né? - digo à recepcionista, aproveitando-me da proximidade da minha mesa com o balcão – Tipo aquela moça... – rapidamente, a recepcionista me interrompe - Aquela que jura que viu ET’s? Ou a do cachorro gigante que jura que é um leão? Também ouvi falar de uma senhora, no quarteirão ao lado, que falou algo sobre... Caranguejos gigantes? Saiu até no jornal local! Eu não sei o que tá acontecendo! - ela diz. As descrições até batem com algumas criaturas da mitologia grega, mas... Desde quando os mortais veem criaturas mágicas? Decido que não há tempo para ficar lanchando. Digo a recepcionista para preparar meu lanche para viagem e peço mais detalhes sobre a moça dos caranguejos gigantes. Ela me passa algumas referências e decido fazer uma visita à essa senhora.

Ainda mordiscando o meu hambúrguer, chego com minha trupe na porta da senhora-caranguejo gigante. Aperto a campainha e uma idosa, com sorriso no rosto, nos atende - Boa noite... Eu sou Édouard. Estou entrevistando alguns moradorres do quarteirron sobre os incidentes. A senhorra poderria nos contender alguns minutinhos? - ela concorda e pede para entrarmos.

Na sala da mulher, começo a fazer uma série de perguntas - Caranguejos gigantes? Quando a senhorra os fiu? Aonde foi? Quantos eram? Existe algum lago aqui por perto? O que mais focê fiu? Poderria me emprestar papel e caneta? Esqueci o meu na última casa que passamos... - gentilmente, a senhora respondeu tudo que podia. Quando ficamos satisfeitos, despedimos e a senhora indicou mais três vizinhos que também tinham visto coisas estranhas.

No final da nossa andança, já tínhamos feito quase uma dezena de entrevistas. Não havia um padrão nos horários, mas com ajuda de um mapa que nos deram, consegui traçar alguns pontos e descobri um local, próximos às redondezas, onde a maioria dos incidentes aconteceu. Tudo parecia acontecer em volta de uma livraria, mas estávamos exaustos. O nosso último entrevistado pareceu notar isso - Jovens, descansem. Voltem aqui amanhã com as perguntas que eu responderei tranquilamente -]concordo com a cabeça, sem muita certeza de onde descansaria. Como se respondesse os meus pensamentos, ouço mais uma música do Bazir. O dono da casa cai no chão logo em seguida. Roncando.

- John Mayer coloca qualquer um para dormir. Agora é a vez de vocês. Vá, durmam. Fico acordado nesse turno - estou prestes a discordar, mas a Kitana deita no sofá e cai logo no sono. Sinto-me tentado e faço o mesmo.

[...]

Meus sonhos foram estranhos, vejo um rapaz abrindo uns portais estranhos e monstros saindo dele. Vejo névoa e o rapaz dissipando-a usando só a mão. Várias cenas aleatórias. Mais estranho ainda é o final, vejo um poste de luz caindo em cima de mim, mas logo entendo: Bazir me acordou me dando uma pancada com a flauta.

- Exagerei na música. Até agora o homem está dormindo. O nosso cheiro chamou atenção de uma dupla de cães infernais e eles estão lá fora - ele diz. Bocejo. A vida de um semideus em missão é sempre assim? Caramba... Nada de paz, nada de descansado, nada de bom. Vou pensar duas vezes antes de aceitar a próxima que me colocarem para fazer. Em cada uma de nossas mãos há armas. Nas minhas: cimitarra e escudo. Bazir: um taco que ele provisório que ele fez com o pé da mesa (lindíssima, eleganterríma, feita de sucupira e 100% hipster) e Kitana com seus leques.

Corremos para o lado de fora. Os dois cães infernais rosnam e babam pelo chão, felizes por verem alimentos - ATAQUEM!!! - avançamos os três, cada um mirando em uma parte do corpo dos cães e, quando estamos pertos o suficiente para finalizar o ataque, eles desaparecerem ao mesmo tempo. No segundo seguinte, reaparecem atrás de nós, saindo de dentro de uma sombra que a casa projetava. Levo uma cabeçada nas costas e Bazir também. Kitana apenas voa, rindo da cena - Kitana, focê é uma das servas do meu pai. Me ajuda! - digo enquanto me recomponho e o monstro, novamente, me dá uma cabeçada. Lançando-me metros de distância. Um corte (sim, mais um! Porque não existe pouco sofrimento na vida de um herói) se abre na minha têmpora. Meio bambo. Avanço com cimitarra em mãos na direção dos cães.

A nossa estratégia não funciona muito bem. A verdade é que graças ao posicionamento do sol e das casas da vizinhança, boa parte da rua está com sombras e isso fortalece os cães. Agarro Bazir pela camisa, coloco-o em minhas costas e levanto voo. Indo para longe do alcance dos cães. Nesse momento, vejo uma garotinha mortal, da sua janela, chamar o pai e apontar para nossa direção. O homem, por míseros segundos, lançou-nos um olhar de incredulidade, mas logo balançou a cabeça, negando, como se fosse impossível de ver o que tinha visto. A névoa parece não estar funcionando bem nessa cidade.

Lá no asfalto, vejo os cães rosnando e latindo. Poderia voar até o local que devemos ir, mas provavelmente eles no seguiriam e eu não posso ficar voando o resto do dia carregando um sátiro - Kitana, preciso que focê me ajude a controlar os ventos. Non vou conseguir fazer isso sozinho, por fafor! - imploro, mas ela apenas ri. Para ela, basta voar para longe e nos deixar aqui. Felizmente, Bazir interveem, usando seu charme sátiro para convencê-la a nos ajudar.

Começo a movimentar as mãos, em forma de círculos e Kitana faz o mesmo. Com ajuda dela, tento controlar o ar e formar um círculo que os prendam. Acelero o movimento enquanto Kitana usa seus poderes de Ninfa para deixar o vento cortante, quando estou quase conseguindo fazê-los saírem do chão, ela lança o leque afiado, que entra em contato com a corrente de ar e faz diversos cortes nos cães que não conseguem ultrapassar a corrente densa de ar que fizemos.

E eles se desfazem em pó.

- Ufa, deuses, muito obrigado! - digo, desço calmamente até o chão e solto um suspiro de alívio quando Bazir desce das minhas costas - Ainda tem atadurra colorrida, Bazir? - Bazir tira da sua bolsa, onde lê-se PRADA (marca que ele diz ser muito famosa), as ataduras e prepara um curativo na minha cabeça. Nosso estoque de ambrósia e néctar acabou na última noite, depois do ataque das Harpias, então, sei que esse curativo improvisado será o máximo que terei.

[...]

Depois do incidente com os cães, fomos direto à livraria, o centro da maioria dos ataques. Falta-me adjetivos para descrever o local, mas vou tentar. O lugar é quase desprovido de iluminação, embora estivéssemos no início da tarde, aqui dentro parece noite. Nas paredes, a decoração é toda vampiresca, cheia de marcas de sangue e desenhos de caveira. Tapetes vermelhos, livros decorados com teias de aranhas (se são falsas eu não sei) e vários morceguinhos de borracha. Se me pedissem para dar um nome ao lugar, eu a chamaria de Livraria vampiro-emo-gótica.

- Ed, estou sentindo cheiro de semideus, mas não é muito forte... Isso não faz sentido. Para chamar atenção de tantos monstros assim, só se ele fosse filho de um dos três grandes. O cheiro é mais parecido com...  - ele diz enquanto fareja as estantes - Bom palpite, sátiro, mas e se fosse eu quem está invocando os monstros? Minha mãe é uma deusa elementar e do submundo. Com os rituais certos, consigo invocar e ter domínio sobre vários monstros - diz um garoto, um pouco mais velho, enquanto desce de uma longa escadaria.

E se a livraria já era emo-gótica, o garoto é ainda mais. Sua pele pálida lhe dá um aspecto mórbido, de alguém que passou anos sem ver a luz do sol. Trajava uma toga? Vestido? Não sei, sei que era vermelho, com uma estampa cheia de cenas grotescas e símbolos que desconheço. Nunca vi o filme do Conde Drácula, mas posso jurar que se ele tivesse uma livraria, ele se vestiria assim para recepcionar os clientes.

- É focê! Fi focê em meu sonho! O que focê tá fazendo com a névoa desse local? Por que os mortais eston fendo os monstros? - ele solta uma risada sombria, assustadora, na verdade - Minha mãe é Hécate, garoto. Deusa da Magia e da Névoa, ela que mantém esse véu intacto. Como filho dela, consigo criar brechas - Bazir me cutuca com o cotovelo, dizendo que esse garoto já esteve no Acampamento Meio-Sangue, mas foi expulso por praticar magia negra – Magia Negra, tsk. Quíron não tem noção do meu potencial, vou mostrar para ele... Matando vocês - na mão dele, se materializa um cajado de madeira. Ele mexe as mãos, concentrando energia e lança algumas esferas em nossa direção. Consigo desviar, mas uma acerta o Bazir que cai desmaiado no chão e a outra atinge Kitana - Ninfa do ar, por favor, corte a garganta desse semideus, por mim, sim? - ela, mais do que rápido, avança com os leques em minha direção.

Defender-me da ninfa até que é fácil, ela é um filhote. Seus movimentos não são muito rápidos, não tive chance de treiná-la no Acampamento. Cada golpe com seu leque é aparado pelo meu escudo - Kitana! Para! - ordeno, mas em condições normais ela já não me obedece, quem dirá agora. A verdade é que eu poderia usar dessa oportunidade para me livrar dela, afinal, ela me trouxe vários problemas e ainda fugiu do dos meus cuidados, mas lembro-me das palavras do meu pai, que ela deveria ser treinada, e da sua ajuda (mesmo que fosse graças aos dotes de sedução do Bazir) para enfrentar os cães. Então, a única coisa que faço é nocauteá-la com a cimitarra, usando a parte de madeira da lâmina.

- Focê vai pagar! - digo e avanço na direção do garoto que apenas observava a cena. Meu primeiro golpe é aparado pelo cajado. Isso me faz lembrar do duelo que tive com o filho de Dionísio, dias atrás. E não me faz sentir melhor, já que perdi aquele duelo. Ele encontra uma brecha na minha defesa e bate com o cajado na minha mão, fazendo que eu largue o escudo. Invisto, mais uma vez, com a cimitarra, mas sua arma tem um alcance maior e ele acerta meu rosto. Urro de dor.

- AI, AI - levo as duas mãos até o rosto, na esperança de que isso me ajude a aliviar a dor, mas não, não faz. Ele chuta a minha cimitarra para longe. Espio, cubro meu corpo com os braços, esperando por mais um ataque. O semideus transfigura seu cajado em uma lança. Com a parte plana, ele me joga longe e a parte afiada ele usa para fazer um furo no meu pé - AI, AI. Non! Parre! - e ele começa a rir. Para um filho de Hécate, o rapaz maneja armas muito bem. Garanto que ele colocaria qualquer filho de Ares no chinelo - Então, isso é tudo? Você nem deveria receber o nome de semideus, você não é forte, mal conseguiu manter a arma na mão - e ele me dá um chute no estômago. Vômito um pouco de sangue em protesto.

- NON! - uso minhas mãos para me recompor. Consigo, no máximo, ficar sentado e encará-lo - Um semideus non é só força! Somos mais que isso! - digo e mais um pouco de sangue escapa pela minha boca - Eu sou meus ideais, sou o que defendo e o que acredito. Metade de mim é o vento, calmo e acolhedor, mas que devasta quanto subestimado! - enquanto discursava, o garoto só ria - E a outra metade também! Tome isso! - raivoso, estico os meus braços (um para cada lado) e movo-os como se tivesse lançando algo. Controlando os ventos, lanço estantes de madeira nele. Pego alguns livros caídos no chão. Caminhar até ele está fora de cogitação, pois ele danificou bem o meu pé, mas posso voar. Flutuo, enquanto o garoto sai dos escombros, lanço livros na cabeça dele - Tome isso! E isso! Opa, esse aqui non. Gosto muito de Shakespeare. Nem esse, Edgar Allan Poe é muito bom, mas toma esse John Green na cabeça! E o Crepúsculo! - no ar, tenho o costume d me sentir mais forte e revigorado.

- Focê nunca mais fai fazer isso! A névoa protege os mortais! - flutuo até onde minha cimitarra ficou jogada e a pego. Ele balança a cabeça, pedindo para eu parar e tateando o lugar em busca do cajado. Vejo-o estalar os dedos e produzindo uma espécie de armadura mágica em volta do corpo, mas a minha investida é potente e a lâmina da minha cimitarra ainda mais. Furo-o no coração. Ele se debate, mas rapidamente seus olhos perdem o foco. Os últimos traços de vida no garoto se esvaem.

É a primeira vez que assassino alguém em minha vida, mas, para mim, não há nada de novo. Ele é tão nojento quanto os monstros que atormentam os semideuses, talvez até pior, pois monstros não perturbam mortais e esse garoto sim. Limpo o sangue da lâmina na calça, desço até o chão e caminho, cambaleando, até a ninfa e o sátiro.

[...]

Depois de acordá-los, convoquei ventos quentes e botei fogo na livraria. O duelo me rendeu vários ferimentos e isso significou mais um monte de ataduras coloridas. Bazir se emocionou a cada curativo novo, dizendo que meu corpo parecia uma obra de arte, fina e elegante. Com uma mensagem de íris, Bazir pediu novos pégasos para nosso auxílio.

Voltar para o Acampamento foi mais tranquilo do que ir para West Jordan, esbarramos com alguns monstros, claro, mas com ajuda da Kitana – que se propôs ajudar depois que poupei a sua vida – os desafios não foram tão grandes assim. Ao chegar na Casa Grandes, reportamos tudo ao Quíron, que disse que tinha certeza que aquele garoto algum dia daria problema para nós, campistas.

Itens levados:

Poderes utilizados:

Obs.::
Progênie de Éolo
Progênie de Éolo
Édouard Saint-Exupéry
Édouard Saint-Exupéry
Título : Batata Frita
Idade : 24

Ficha do personagem
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Mensagem por Faye Perón Qui Mar 26, 2015 11:18 pm



superheroes;
When you've been fighting for it all your life
You've been struggling to make things right
That’s how a superhero learns to fly


Era estranho acordar no Chalé I. Como se tudo naquele Acampamento não fosse minimamente inusitado... Acordar parecendo que estava no meio do céu ainda parecia estar no topo de coisas estranhas que eu iria demorar a me acostumar. E quando menciono o céu, era literalmente o céu como todos o conhecem quando erguem a cabeça para o alto. Perguntava-me o que aconteceria se algum filho de Zeus acabasse por ter, ironicamente, fobia de altura.

Levantei de minha cama sonolenta, o que quase resultou em um encontro de minha cabeça com uma parte da cama de cima, já que ali só haviam beliches. Soltando o ar pelo susto de quase ter começado a manhã tipicamente a la Faye, fui tomar um longo banho morno para espantar os resquícios de preguiça que se agarrava em mim.

Aquele foi um dia tipicamente normal. Pela manhã ajudei nos estábulos, pela tarde, encontrei com meus dois amigos-instrutores e ficamos meio que treinando, meio que brincando de fazer guerra. O que não era nada aconselhável de se fazer quando se tem uma filha de Atena como adversária, eles sempre levam esse tipo de coisa a sério e criavam estratégias mirabolantes. Estava começando a me habituar àquela rotina de atividades, treinos, algumas coisas estranhas e diferentes acontecendo aqui e ali. O dia já podia ser dado por encerrado, meus planos para as próximas horas era apenas de ficar dentro de meu quarto com minhas HQs... Contudo eu logo começaria a aprender que planos de momentos tão mundanos já não poderiam ser executados.

Antes mesmo que eu entrasse no Chalé I, um sátiro veio correndo esbaforido, gritando tão alto e desesperado que me deu um verdadeiro susto. Saltei no lugar, levando a mão prontamente ao peito como se assim pudesse segurar meu coração disparado no lugar. O garoto metade bode parou perto de mim arfante, apoiava as mãos sobre os joelhos protuberantes e peludos enquanto buscava fortemente o ar pela boca.

-Quíron... Ele está convocando você na Casa Grande. Nossa, vocês se escondem tão bem, é difícil achar todo mundo! – o sátiro disse levemente zangado e totalmente cansado – Vá logo, tudo bem?

Eu não o respondi. Não por falta de educação ou por minha típica timidez. Eu já havia sido chamada uma vez para a Casa Grande e o resultado? Uma ida até o rio, uma lagosta assassina e coisas que pareciam zumbis assassinos. Meu primeiro impulso? Correr para dentro do chalé e me esconder dentro do quarto esperando que uma nuvem negra escondesse minha presença. Uma convocação era sinônimo de que eu teria de fazer algo perigoso e que provavelmente – muito provavelmente – eu iria acabar me machucando. Enquanto estava perdida em pensamentos, o sátiro bufou e galopou para longo, possivelmente indo atrás de outros semideuses ou ir realizar qualquer outra atividade de sátiro. Seguindo aquele impulso inicial, meus pés me levaram para a varanda do chalé, minha mão segurou a maçaneta da porta e...

-Merda, merda! – resmunguei comigo mesma, fechando os olhos com força e quase grunhindo quando meus calcanhares deram meia volta – Espero que seja só para dizer o quanto o campo dos morangos precisa de melhores adubos, Quíron.

A passos duros para não vacilar, segui em direção a Casa Grande. Em minha mente vinha todas as vezes em que meu pai adotivo, Miguel, saia de casa sempre que era chamado para o dever como perito do departamento de polícia. Ele não questionava, ele não hesitava, apenas ia quando precisavam dele. Foi pensando nisso que eu fui parar ali, em meio a outros semideuses esperando instruções de um homem que era metade cavalo. Dois meios-irmãos também estavam ali, mas... Ainda era um tanto quanto estranho aceitar a ideia de que tinha parentes que iam para além de meu pai Miguel e abuela Esperanza.

Apesar de já imaginar o que viria a seguir, nada me preparou para a ideia de que iria ter uma missão... Fora do acampamento! Aquilo era tão louco que gerava emoções controversas e que se mesclavam criando uma pequena confusão dentro de mim. Sair daquele lugar era indubitavelmente excitante, mas... Estaria preparada para isso? Deuses, eu precisava salvar duas pessoas quando nem ao menos sabia cuidar de mim mesma! Mas eu poderia ser muitas coisas, menos covarde.

Eu precisava de um sátiro e sabia exatamente qual buscar. Desde que havia me resgatado e levado até o Acampamento Meio-Sangue eu o tinha evitado, afinal de contas eu o achava a coisa mais próxima de amigo que eu tinha. Que tipo de amigo não contava que era metade bode e que tinha um rabinho felpudo? Sabia que era criancice, que James precisava de uma confirmação de meu sangue divino antes de tomar qualquer atitude desesperada. Mas... Não há lógica que explicasse como a mente de um adolescente funciona, certo?

James estava no pátio dos chalés, parado de braços cruzados e com um sorriso fácil enquanto parecia flertar com uma ninfa de pele esverdeada. Ele estava em sua forma natural, pernas de bode, pequenos chifres na cabeça, peito moreno desnudo e o cabelo preto mais encaracolado do que nunca. Assim que o vi, meu primeiro impulso foi o de correr até o garoto bode, o arrastar até um canto, fazer algum discurso idiota e finalmente pedir para que ele me acompanhasse. Mas assim que escutei aquela risadinha fina de quem estava tentando disfarçar que a piada havia sido sem graça, mas que era educada o suficiente para rir, vindo da ninfa... Eu hesitei. Olhei para os lados mordendo o lábio inferior de maneira quase ansiosa, verificando se ali haviam muitas pessoas para assistir um provável momento constrangedor para mim. Soltei o ar de maneira pesada e enquanto me aproximava dos dois seres da natureza, mexi em meu cabelo como sempre fazia, passando os dedos pelos fios escuros e os jogando de lado.

-James? – chamei timidamente, algo que ele talvez não teria escutado já que precisou da ninfa apontando em minha direção para que ele virasse o corpo em minha direção – Podemos... Conversar?

Ele arqueou as grossas sobrancelhas parecendo sutilmente surpreso. Descruzou os braços e olhou para a ninfa como se fosse dizer algo, mas ela deu um sorriso enorme e fez um sinal com a mão que o “permitia” me acompanhar antes de quase sair correndo. Era por isso que eu adorava James, ele era um desastre tanto quanto eu, mas não desistia de tentar sempre com um sorriso. Seguimos para perto de meu chalé em um silêncio incomodo, minha mente fervilhava em mil e uma maneiras de tentar iniciar aquela conversa.

-Olha Fay...

-JMan...

Falamos ao mesmo tempo e um sorriso pequeno cobriu nossos lábios em igual sincronia. Apesar de tudo, aquela amizade ainda aquecia a nós dois.

-Eu sei que me afastei, foi um pouco demais para mim – admiti e olhei para baixo – Estava chateada por besteira e fico sem jeito de vim aqui apenas quando preciso de você.

-Precisa de mim? – James ficou um pouco mais sério e tenso – O que ta pegando Faye?

-Quíron me mandou em missão----

-Mas já?! Você mal chegou!

-Parece que sim – dei de ombros ignorando o fato dele ter me interrompido – Ele aconselhou que levasse um sátiro comigo, eu não me imagino saindo daqui sem você. Se conseguiu me trazer para cá uma vez, vai conseguir de novo, não é?

Os segundos de silêncio que se prosseguiu pareceu uma verdadeira eternidade. A expectativa se mesclava ao temor dele recusar o pedido. Mas logo os ombros morenos de James caiam e ele dava aquele olhar de “tudo bem, você me convenceu”.

-Vá se trocar e pegar suas coisas, não se esqueça dos presentes que seu pai deixou. Vou estar esperando na Colina e arranjar um transporte – James disse com um jeito mais determinado do que eu estava acostumada.

-Sabe... O batmovel seria de grande utilidade agora – comentei como quem quer nada.

-Não, por favor! Eu sou nível Enterprise, eu levo as garotas para verem estrelas!

Revirei os olhos rindo baixo enquanto entrava no chalé. Apesar de ter ficado mais relaxada por ter James junto comigo naquela aventura, ainda estava a tensão de estar fazendo algo tão perigoso e importante. Deuses, que pelo menos ninguém morra!

{•••}


Acabou que viajamos em uma picape velha e que fazia um barulho estranho no motor e na descarga. Dormir durante a viagem provou-se um verdadeiro desafio, afinal sempre que vinha um estrondo do fundo do veículo eu acordava de sobressalto imaginado que poderia ser um ataque. As quase quinze horas de viagem foram preenchidas assim: paradas sorrateiras em postos de estradas para comprar besteiras para comer, fugir alucinadamente com o carro quando algo de estranho se aproximava e discutir fervorosamente sobre heróis e comics, ou filmes e livros.

Quando chegamos em Knoxville, todo os meus músculos doloridos por causa da longa e quase ininterrupta viagem ficaram tensos. Havia aquele friozinho incomodo na barriga, a sensação de perigo quase tão forte quanto o sensor aranha. James dirigiu até um grande e linda praça, cheia de verde e com um lago artificial no centro. Já era dia e o lugar estava com um pequeno movimento.

-Eu perguntei antes de sairmos – James começou depois de sair do carro – Parece que os dois meios-sangues vieram investigar uma atividade suspeita por essa área. Como ninguém nunca voltou, não sabemos o que aconteceu direito. Por isso vamos tomar cuidado!

Apenas concordei com um acenar de cabeça, passando os meus dedos sobre o anel que eu carregava sobre o dedo polegar esquerdo. Para aquela missão eu tinha vindo... Bem, eu vim do jeito mais normal que eu conhecia, afinal de contas, como um semideus deveria se trajar quando iria arriscar sua vida mundo a fora? Então ali estava eu, com calça jeans com rasgos no joelho, uma blusa da Lana Del Rey, coturnos escuros, duas pulseiras e um anel.

-Vamos nos separar para cobrir melhor a área? Isso aqui é enorme – James questionou coçando o queixo de maneira pensativa – Podemos nos encontrar em meia hora aqui, pode ser?

Ele estava como o meu bom e velho JMan, usando calças folgadas, uma blusa maneira do Capitão América em um tom de azul bem escuro e com um boné na cabeça para esconder os chifres pequenos que ele tinha. Eu senti um frio na barriga só com a ideia de que iria ficar longe da única pessoa que poderia me auxiliar, mas havia lógica em sua ideia que eu não poderia combater. Percebendo minha hesitação, James fez a sua melhor pose de sábio e pousou a mão sobre meu ombro.

-Não se preocupe, eu sou o seu escudeiro. O Robin do Batman, o Arsenal do Arqueiro, o Superboy do Superman!

Revirei os olhos e dei um tapinha na mão dele para a retirar de meu ombro. James deu aquela risada completamente esquisita e divertida que só ele tinha, me obrigando a rir quase que automaticamente. Ele deu um descarado tapa em minha bunda antes de começar a se afastar indo para a parte leste da praça. Resolvi ir para o norte, já que era mais fácil retornar, apenas seguir o caminho para o sul.

Levei uns bons dez minutos só passeando, olhando ao redor e imaginando que tipo de coisa ruim pudesse acontecer em um lugar tão zen que necessitasse de semideuses para resolver. Estava quase voltando para a picape quando avisto uma garotinha perto de uma enorme e antiga árvore, ela olhava para o alto e chamava algo como “Charlie” com um clamor quase desesperado. Olhei ao redor em busca de algum adulto e nenhum por perto. Franzindo o cenho e incapaz de deixar aquela criança sozinha, acabei me aproximando devagar para não assustá-la.

-Chaarlie, desça por favor! – ela chamava entre irritada e preocupada – Se você não descer agora, eu não vou te dar o seu brinquedo favorito quando voltarmos para casa!

-Hey – falei para chamar a atenção – Tudo bem pequena? O que está acontecendo?

Ela ficou levemente tensa, parei a metros de distância e me agachei para ficar na sua altura. Era uma linda garotinha de cabelos castanhos claros encaracolados e lindos olhos verdes. Ela usava um vestidinho rosa de princesa e tinha os joelhos e cotovelos levemente sujos, o que denunciava que estivera brincando. A menina me olhava desconfiada, obrigando-me a sorrir sem jeito enquanto tentava mostrar um pouco de confiança.

-Mamãe disse para não falar com estranhos – a menina sussurrou ainda desconfiada.

-E ela está certa, ok? Mas estou vendo que você precisa de ajuda, prometo não me aproximar demais – disse da maneira mais serena que podia, lançando o olhar para a árvore – Eu me chamo Faye. Quem é o Charlie e o que ele fez?

-Meu gato... Ele correu de um chihuahua, quem foge de um chihuahua?! Charlie seu gato covarde! – a criança falava indignada, tornando a encarar o alto da arvore – Ele saiu correndo, eu corri atrás deles. Papai vai me deixar de castigo se demorar demais!

-Ok, vamos fazer assim, eu vou subir e trazer o Charlie para você, ok?

-Você consegue?!

Eu lutei contra uma lagosta gigante e derrubei uma filha de Atena em um treino. Salvar gatinhos encima da árvore parecia moleza! Abri apenas um sorriso convencido, levantei e me aproximei da árvore. Ok, não foi fácil, mas também não foi difícil, mas advinha só, a cada momento que achava que ia cair eu simplesmente flutuava e fingia continuar a subir. Deuses, voar era simplesmente incrível. Encontrei o bendito gato enroscado em um galho mais firme, praticamente bocejando e ignorando a pequena lá embaixo. O mais difícil realmente foi tirá-lo de seu aconchego, grande lição do dia? Nunca irrite um gato que está preguiçoso! O resultado foi inequívoco, braços arranhados e uma antipatia felina para com minha pessoa.  Assim que ele foi para os braços da garotinha, foi esmagado com tanta força que eu soube exatamente o porquê dele ter fugido.

-Obrigada! – em compensação, ela me deu um sorriso tão grande que me fez involuntariamente sorrir também – Melhor eu correr para meus pais.

Acenei com a cabeça ficando um pouco tímida, a observando distraidamente sair correndo pela praça... Até que quase dei um pulo ao lembrar de que estava em missão! Grunhi pela minha santa lerdeza e já estava fazendo o caminho de volta de maneira apressada, tendo certeza de que provavelmente tinha passado os trinta minutos – foi nada fácil tirar o gato do galho, afinal.

Estava praticamente correndo quando um grito agudo e feminino reverberou por todo o ambiente, fazendo-me parar quase tropeçando em meus pés. Arfante, olhei ao redor em busca daquele som. Estaria alucinando?

-SOCORRO! ALGUÉM!

Oh merda, não era uma alucinação. Segui o meu instinto de correr em direção do grito sem pensar duas vezes. Era alguém precisando de ajuda e pelo timbre de medo mesclado ao desespero me fazia agir antes de ponderar. Ele vinha de dentro da parte mais arborizada da praça, com longas e finas árvores cobrindo quase tudo a partir dali. Porém aquele clamor não foi o suficiente, logo estava parando ali no meio em total alerta, olhando ao redor em busca da garota que tinha chamado por ajuda... Para encontrar nada.

-Merda, isso está estranho – resmunguei para mim mesma, era hora de chamar pelo JMan.

Passei os dedos pelo cabelo jogando-o de lado, virei o corpo... Para quase saltar para trás quando uma garota loira com típica aparência de líder de torcida está ali! Despreparada por causa do susto, a garota sorriu de maneira diabólica, produziu um sonoro BU e...!

Mais nada. Apenas uma intensa dor na cabeça e tudo se tornou uma escuridão. Quem apagou as luzes?!

{•••}


Quando despertei foi como se diabinhos estivessem sambando na parte detrás de minha cabeça. Soltei um gemidinho de dor, pisquei várias vezes e comecei a me questionar debilmente porque não estava conseguindo me mover. Minha consciência veio aos poucos, pondo-me em alerta em tão poucos segundos que senti meu coração dar um verdadeiro solavanco quando percebi que estava sentada em uma cadeira e amarrada por correntes!

Meu primeiro impulso foi o de me remexer para tentar me libertar. Inútil. Olhei ao redor sentindo a respiração acelerar a cada vez que meu cérebro processava que eu tinha sido no mínimo sequestrada. Estava em algo parecido a uma sala de estar. Havia almofadas, grandes janelas que deixavam a iluminação do dia exibir cada detalhe daquela sala rústica e elegante. Grandes armários tomavam a parede, um deles repleto de livros, outros com itens e estatuetas exóticas. O lugar era enorme para pertencer a uma casa comum.

-Ora, ora, já despertou!

O susto veio conseguinte a voz doce e venenosa. Era melodiosa, mas fazia meu corpo arrepiar de tal forma que me fazia ter certeza de que era perigosa. De trás de mim veio o som de passos até que aquela maldita loira aparecesse no meu campo de visão.

-Vamos, conte-me, de quem você é filha? Porque seu cheiro delicioso pode ser sentido a quilômetros de distância!

Obrigada papai, você me fez cheirosa para os monstros! Grunhi baixinho, tentando me soltar pela segunda vez e, como da última, foi inútil. A garota loira soltou um risinho debochado e sentou em um sofá a minha frente. Apenas por causa disso que eu finalmente notei que havia algo – muito – errado com aquela moça. Ela era linda, de fato, com aquela tão típica carinha de Queen Bee da escola. Mas quando a loirinha finalmente sentou no sofá, notei que suas pernas eram... Puta merda, uma era de cabra e outra de bronze! Arfei sem acreditar que aquilo era de verdade, mas assim que meus olhos bem abertos encontraram os delas, a expressão séria e incomodada dela me deixou claro o aviso: não se atreva a comentar sobre isso ou você morre.

-Quero saber que utilidade terei para você – ela cruzou aquelas estranhas pernas e me olhou com falso interesse – Você parece deliciosa demais para ser apenas uma escrava, pode ser meu prato principal do jantar de hoje.

Oh merda, claro que ela queria me comer no sentido mais literal da coisa! Com uma batida falha no coração ao escutar isso, engoli em seco e procurei focar a mente. Eu sempre lembrava de meu pai comentando que entrar em desespero em situações difíceis só as tornavam impossíveis de serem solucionadas.

-Escravos? – repeti o termo usado por ela.

Então a loira sorriu de maneira diabólica, quase me fazendo me arrepender da pergunta pois tinha a sensação de que não gostaria da resposta.

-O quão interessante seria ter semideuses como meus servos? Por que só nos alimentarmos dele quando um ou outro pode ser útil para cuidar da mansão ou do jardim? Ou até mesmo algumas brincadeiras mais... Intimas. Claro, os que não prestam ou são teimosos demais vão direto para o forno. Mas alguns são realmente úteis quando amedrontados os suficiente. Todas as minhas irmãs morrem de inveja quando descobrem isso!

Oh meus deuses! Havia tratamento psicológico para monstros? Era por isso que os semideuses estavam sumindo quando iam para aquela área, provavelmente o local de abate daquela coisa loira medonha!

-É delicioso pegar vocês – a loira ria e levantou mais uma vez – Primeiro os analiso, depois os atraio sem chamar a atenção e aqui, na minha nada humilde residência, dou um destino para vocês. Você foi a mais fácil de todas, nem ao menos hesitou em parar a missão para cuidar de um bichano ou pensou que poderia ser uma armadilha um grito de socorro vindo de um lugar tão isolado – ela parou atrás de mim, inclinou o rosto em direção ao meu pescoço e inspirou forte fazendo com que meu estomago embrulhasse com o ato – Sua ingenuidade é tão gostosa!

Eu já estava começando a soar frio quando ela deslizou as mãos por sobre as correntes para me intimidar mais ainda... Foi como se um grande estalo soasse em minha cabeça. Se fosse um desenho animado, provavelmente uma lâmpada neon teria sido acesa sobre minha cabeça. Concentrei-me e com um pouco de desespero liberei correntes elétricas por meu corpo. Era uma habilidade que eu tinha testado apenas com as minhas mãos, mas a lógica era que bastava direcionar a energia para os meus braços em contato com a corrente.

O grito e o pulo que aquela coisa deu foi como música de vitória para meus ouvidos. As pulseiras logo fizeram o resto do trabalho. Aos serem ativadas, foram crescendo com um verdadeiro efeito da armadura do Homem de Ferro, se desdobrando até quase atingirem o meu cotovelo. Graças a elas, minha força era ainda maior, me permitindo quebrar aquelas correntes e finalmente me libertar! Escutei um grito vindo atrás de mim e mais por instinto de sobrevivência do que por plano mirabolante, eu saltei para a frente a tempo de esquivar das mãos em forma de garras daquela coisinha loira.

-Sua... sua! – ela não conseguia formular direito uma frase, seu corpo se contorcia ainda recebendo choques – Eu vou acabar com sua raça!

Obviamente que eu não ficaria parada ali para que ela tentasse fazer isso. Antes que ela se recuperasse dos choques que recebeu, corri em direção para a saída, me deparando com um corredor cheio de quadros artísticos. Puxei o anel de meu polegar o transformando em uma espada de lâmina azulada. Eu mal via por onde estava indo, não passava um plano por minha mente, apenas que eu tinha de encontrar os semideuses escravos, tirar eles dali e sair com vida no final disso tudo. Desci um lance de escadas que lembravam aqueles filmes de princesas, estava mesmo em uma mansão! Mas antes mesmo que eu me afastasse dos últimos degraus da escadaria, uma enorme muralha apareceu de uma porta ao meu lado.

-Merda! – exclamei saltando para o lado e quase tropeçando com o ato desesperado.

Era um cara realmente enorme, com mais de dois metros, dentes agudos e tatuagens por todo o braço. Ao que parecia, eu não consegui me afastar o suficiente, já que bastou apenas um passo dele e um esticar de braço para que ele me pegasse pela blusa, erguesse meu corpinho branquelo para o alto e me lançasse para longe com um assustador grito. Meu corpo cortou o ar e colidiu com uma mesa de vidro, o impacto a fez quebrar e me derrubar no chão cheio de fragmentos afiados e ainda colidir uma segunda vez contra o piso branco. Arfei sentindo uma dor excruciante nas costas, meus olhos se abrindo enquanto o gemido agoniado ficava travado em minha garganta.  Fui despertada com o som de passos pesados se aproximando, aquele brutamontes estava vindo e eu tinha certeza de que seria facilmente esmagada! Girei para o lado arranhando mais o meu braço esquerdo e sentindo minhas costas arderem, mas a adrenalina dava conta de me deixar em pé prontamente, com a espada erguida em minha mão.

Ele urrou mais uma vez, se preparou para avançar e estava para me pegar novamente. Dei um passo para trás, dessa vez com uma base de luta montada. Seus dedos se fecharam no ar a centímetros de minha barriga, e com uma certa violência que eu não tinha experimentado ainda, minha mão com a espada se ergueu no ar e em um único movimento a desci de uma vez em direção ao braço dele. O corte não foi limpo, eu senti quando a lâmina bateu contra o osso daquele brutamontes tatuado, mas graças a força extra que a luva me dava, a lâmina foi até o fim, decepando o braço em um ponto abaixo do cotovelo. O grito dele de desespero, raiva e dor quase me fez encolher no lugar por estar causando algo tão... Cruel. Mas meus instintos de guerreira, de sobrevivência e de medo me faziam continuar. O homenzarrão se afastou segurando o seu braço, soltei um grito e ele por um instante desviou uma atenção, sua cara feia contorcida em uma mistura de sentimentos. Estiquei a mão e uma luz forte saiu de minha palma enluvada, era como se estivesse produzindo um forte relâmpago.

Mais um grito ressoou pela sala, ele caiu de joelhos no chão ao se contorcer por perder momentaneamente a visão. Por um singelo momento todo o meu espírito ordenava que eu o matasse. Como se isso fosse a coisa certa a se fazer, como se fosse meu destino derrota coisas como aquela. Mas no momento seguinte vinha meu pai Miguel e de como ele combatia ferozmente que ninguém tinha o direito de tirar a vida do outro quando se há outras possibilidades. Grunhindo com a confusão interna que se formava em minha mente, avancei fechando em punho a minha mão livre e apliquei um forte soco no rosto do monstro tatuado o nocauteando. Era o máximo que eu poderia fazer para deixa-lo vivo e conseguir escapar.

-Ei!

Ergui a espada em um reflexo de proteção, virando em direção do som pronta para atacar. O que fez as duas crianças que estavam encolhidas atrás da batente de uma porta encolherem por breves minutos. Eram os semideuses! Aproximei a passos rápidos, escutando barulhos vindo do alto da escada. Merda, aquela loira estava se recuperando!

-Nós precisamos sair daqui, há outros?! – perguntei sem esconder a urgência em meu tom.

-Não, só sobrou nós – um dos garotos, pequeno e franzino disse assustado – Ela... Ela matou o Kevin!

Em uma rápida olhada, aqueles dois não passavam de meras crianças, com roupas rasgadas e sujas de sangue, alguns hematomas pelo corpo indicando que haviam apanhado. Além de estarem usando aventais e luvas domesticas. A raiva veio forte por breves segundos, mas tive de controla-la quando escutei o trotar perto da escadas. Dois segundos depois a loira estava no topo com o cabelo espetado pelo choque que havia levado.

-Corram para a saída, eu já alcanço vocês – ordenei ficando à frente dos dois.

-Mas... você vai ficar sozinha com ela! – o maior dos dois exclamou.

-Vocês estão machucados e assustados, eu posso ajudar. Agora vão! Eu já vou junto, eu prometo, nós vamos sair dessas e ir para o Acampamento.

Por mais confiante que eu estivesse falando, meu corpo inteiro tremia por dentro, dividido pela adrenalina e o temor de fazer alguma coisa errada e, bem, acabar morrendo! Havia sangue espalhado pelo piso, um braço decepado e um monstro caído. No topo da escada uma loira monstruosa que descia trotando forte. As possibilidades disso acontecer eram altas. Eu não queria lutar, não me sentia preparada para isso ainda, merda, se eu caísse ali o que aconteceria com as outras crianças? A minha prioridade não era derrotar os monstros, mas sim levar aqueles dois inocentes de volta para casa. Foi pensando nisso que deixei que meu espírito se conectasse rapidamente com o ar ao meu redor. Zeus era o deus dos céus, eu precisava da ajuda do ar e não hesitei em usá-lo. Assim que uma corrente de ar mais forte se formou ao meu redor, imperceptível aos olhos, mas podendo ser sentida graças aos ventos que se agitavam, eu a lancei em direção a mulher bode bronze. A loira já estava nos últimos degraus quando a brisa violenta a encontrou. Seu corpo foi jogado para trás, a subindo mais uns bons degraus apenas para fazê-la descer escorregando feio pela escada, machucando aquele traseiro felpudo.

Não pensei duas vezes em dar as costas e sair correndo na mesma direção que as crianças tinham seguido antes. Não foi difícil sair da casa, afinal um grito logo rompeu vindo em uma direção, bastou seguir passando pela cozinha e rompendo por uma varanda. Então eu entendi o motivo deles terem gritado. Havia um cachorro enorme acuando as duas crianças. O menor estava puxando o outro para longe e o cão estava prestes a atacar. Xinguei alto, comecei a correr e em segundos transformei minha espada em um anel novamente, o colocando em meu dedo. Aproximei-me por trás, o ar se agitando ao meu redor se preparando para a ideia maluca que perpassava a minha mente. Assim que perto o suficiente, segurei nos garotos pelo braço, fechando minha mão com mais força que necessário, provavelmente ficaria marcado. Mas isso era necessário, pois no momento seguinte eu estava voando para o céu carregando os dois. Eu tinha certeza de que isso era possível apenas porque minhas luvas ainda se mantinham ativadas.

Mas antes que eu me afastasse o suficiente, o cachorro tentou seu ataque, saltando para o alto tentando me morder, mas foram as garras de sua pata que atingiram a minha canela, rasgando a minha calça e cortando a minha pele. Foi impossível conter o grito de dor, mas a sensação de que seria devorada caso caísse me impulsionou ainda mais para o alto, nos tirando dali mesmo que minha perna estivesse machucada e fervendo em uma dor alucinante. Voei o mais rápido que podia para fora da propriedade, descendo apenas quando sentia minhas forças esgotando e minha visão ficando turva. Eu podia sentir que estava soando frio e que meu coração logo se mataria de tanto que batia contra minhas costelas. Pousei em uma esquina, arfando e soltando os garotos de qualquer jeito. Ao pisar no chão, outro grito e uma quase queda, se eu não tivesse me apoiado em um poste ali próximo.

-Vocês estão bem? – perguntei em um fio de voz, tentando focalizar os dois garotos em minha visão, merda, era para ser tão difícil fazer isso?

Antes que eles respondessem, o som de pneus freando perto de nós os fizeram ficar pálidos. Mas assim que eu distingui a picape velha e um garoto bode moreno atrás do volante, quase me permiti cair ali mesmo. James saiu do carro com os olhos cor de mel bem arregalados, me encarando como se perguntasse “WTF? O que aconteceu?!”.

-Você... Você está atrasado – comentei quando aceitava a ajuda dele para entrar no banco de trás do veículo – Perdeu toda a diversão.

-Fique quieta, não mexa muito o pé! – James ordenou esticando minha perna no banco, eu quase o soquei por causa disso, mas aguentei firme – Merda, temos de chegar rápido a um lugar seguro para que eu possa tratar desse machucado. Mas vamos sair daqui primeiro, é perigoso demais.

Escutei o barulho de porta fechando e outra abrindo, apenas para ser fechada novamente. O motor roncou como se fosse um monstro e logo o carro estava em movimento. E apesar de toda a dor e cansaço que estava sentindo, eu comecei a rir e a gemer devido a dor que isso provocava.

-Eu sai voando que nem a supergirl – comentei quando as crianças me olharam do banco da frente, um sorriso débil brincava em meus lábios – Eu definitivamente preciso de uma capa na próxima vez, daria um efeito super legal... JMan, salvei o dia!

Se eu estava falando coisa com coisa? Oh nem um pouco. A adrenalina se esvaia de meu corpo enquanto minha mente tentava processar as coisas que tinham acontecido e o que eu havia feito. Não demorou muito para que eu apagasse, fosse pelo cansaço psíquico ou por não aguentar mais tudo o que acontecia. Mas sabia que se não fosse pelo James ali para nos pegar no final, não teria chances de voltar com as crianças machucada daquele jeito.


Coisitas:

[TREINOS ESPADA] Espadachim

Mentalistas de Psiquê
Mentalistas de Psiquê
Faye Perón
Faye Perón
Título : Novato
Idade : 27

Ficha do personagem
PV:
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PR:
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Mensagem por Zeus Sex Mar 27, 2015 2:33 pm


avaliação

Zara Hofstad
Não teve uma ação em si. Eu gostei, mas poderia ter posto mais dificuldades em seu caminho e ter sido mais criativa em algumas ocasiões. Deixei a missão livre para que pudesse fazer isso.
XPS: 120
Dracmas: 76
Fama: +7 (Por postar na missão e ter realizado ela com sucesso)
Item: • Mandýa Tou Vasiliá [Seda e fios de ouro // Um manto imperial em seda azul e com detalhes em fios de outro. No centro do manto há um brasão desconhecido, escrituras estranhas em toda sua extensão, elas brilham quando o acessório é utilizado. A função do item é fazer o seu dono se multiplicar em 4, uma vez por missão. Mas não dura muito tempo e, é algo momentâneo de 1 turno. Serve para fugas efetivas e os clones surgem correndo e não têm nenhuma habilidade.]

Chelsea S. Meulenbrock
A missão foi bem objetiva e não vi nada de tão grande na questão de criatividade, mas nada que altere o resultado final. Deveria ter tido mais batalhas e coisas para temer ou até mesmo se preocupar.
XPS: 115
Dracmas: 74
Fama: +10 (Por postar na missão, por ter realizado ela com sucesso e por ter protegido alguém)
Item: • Dachtylídi Vasiliá [Ouro e rubi // Um anel de ouro incrustado com uma pedra de rubi avermelhada. Possuí escrituras em sua volta, tanto interno e externo. Brilham quando a habilidade está em uso. O efeito do anel é criar uma área circular em volta do portador, 5 metros de raio, e tudo que estive dentro vai sofrer efeitos curativos. 25 PV, PM e PR pelo tanto de tempo que estiver dentro do círculo. Duração: 4 turnos.]

Édouard Saint-Exupéry
Gosto da sua criatividade, mas não gostei da forma que correu a missão, poderia ter sido mais objetivo e ter enfrentado menos desafios. Ser mais coerente é o essencial, monstros não são fáceis de serem derrotados.
XPS: 120
Dracmas: 80
Fama: +15 (Por postar na missão, por ter realizado ela com sucesso, por ter protegido a cidade, por ter matado NPC maligno)
PET: 15 xps
Item: • Bótes Vasiliá [Couro tingido em preto e com detalhes em prata // Botas negras feitas por entidades desconhecidas. Possuí escrituras místicas e que brilham ao movimento do semideus. São leves e a sensação é como que se andasse descalço ao vesti-las. A função destas botas é deixar o seu dono nunca perder o equilíbrio, podendo andar perfeitamente em superfícies íngremes e variadas. Até mesmo conseguir caminhar angelicalmente em uma corda ou em algo que possa parecer impossível. // Missão One Post].

Faye Perón
Gostei da missão, mas acho que focou demais nos seus personagens e deixou a Faye em segunda linha. Foi objetiva e muito coerente, só senti mais falta da sua personagem ser a principal. Ou ter mais foco, mais proatividade. No entanto foi uma boa missão.
XPS: 150
Dracmas: 100
Fama: +10 (Por postar na missão, por ter realizado ela com sucesso, por ter protegido os semideuses)
Item: • Vasiliás Ypóthesi̱ [Ouro com detalhes em safira azulado // O cajado é forjado por forças desconhecidas. Em seu cabo possui várias escrituras antigas que brilham em seu uso. Na ponta do cajado tem uma safira azulada redonda incrustada na superfície dourada. A função deste item é lançar esferas que aprisionam as vítimas em uma prisão de luz por 2 turnos].


Última edição por Zeus em Seg Mar 30, 2015 12:08 am, editado 1 vez(es)
Deuses
Deuses
Zeus
Zeus
Idade : 27

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Mensagem por Nate M. Ästelo Sex Mar 27, 2015 6:00 pm


E S D R Ú X U L O;

adj. p.ext. informal. que se encontra fora das regras usuais ou comuns;
que se apresenta de modo incomum, causando admiração e/ou espanto
f a l l e n † n a t e


    † Acampamento Meio-Sangue;
    † Noite (21-23) de 12/08/15;
    † with sátiro.

PRÓLOGO: A ACOMPANHANTE.

Durante o dia, Fallen seguiu a monótona rotina do Acampamento. Afora uma situação específica até então - onde Fallen tivera fundamental importância numa batalha contra um autômato de touro mecânico -, a rotina era sempre a mesma: acordar, treinar, almoçar, treinar, jantar, socializar na fogueira, dormir.

O filho de Hades encontrava-se prestes a começar o último estágio de seu (des)animado dia quando um sátiro ajoelhou-se às suas costas e sussurrou-lhe palavras carregadas de tensão: "Quíron precisa de você na Casa Grande agora".

[...]
Nate bateu à porta do chalé de Hécate, mas ninguém respondeu. Ele bateu mais uma vez.

— O que você quer? — questionou uma garota morena e sonolenta que atendera a porta, coçando os olhos e bocejando de leve. A ponta do nariz dela estava vermelha.

Por um minuto, Fallen conferiu o rosto dela com a ficha que tinha em mãos e, então, fitou-a novamente.

— Você. — Depois dela levar o já esperado susto inicial e definitivamente acordar, ele se explicou: — Quíron me selecionou para uma missão, e eu te selecionei para me acompanhar.

A menina ponderou a expressão de Nate por alguns segundos e, ao notar que ele não estava brincando, revirou os olhos.

— Que saco — e bufou. — Partimos quando?

— Agora — e, nisso, jogou para ela uma mochila que Quíron lhe dera.

Ela resmungou alguma coisa inaudível e assentiu, encarando seu pijama de bolinhas.

— Eu já volto.

Nate aproveitou o tempo para se certificar que pegara tudo o que era importante. Vestido com uma camisa preta e jeans de mesma cor, levava Darkness - sua espada - embainhada do lado esquerdo da cintura, porém com o tamanho de uma faca. Em sua mala, encontravam-se uma quantia suficiente de dinheiro mortal e de dracmas para a viagem, além de objetos de higiene pessoal; um cantil com néctar e dois pedaços de ambrósia embrulhados em saquinhos encontravam-se entre as duas mudas de roupa que escolhera; seu zippo predileto, dois pacotes de bolacha e uma garrafa térmica com refrigerante completavam seus pertences.

Não mais do que dez minutos depois, a menina saiu, colocando uma caixinha de lenços de papel dentro do bolso maior da mochila. Depois de um olhar questionador de Fallen, durante o caminho para o estábulo, ela explicou:

— Eu tô gripada.




f a l l e n † n a t e † m a x


    † Central Islip;
    † Virada (23-01) de 12/08/15 para 13/08/15;
    † with Louise Winchester.

CAPÍTULO 1: A MISSÃO.

Fallen colocou os pés no chão e, virando-se imediatamente para um canteiro de margaridas, vomitou. Sua companheira de viagem, Lou, desceu logo atrás e franziu o cenho para aquela atitude.

— O que as flores fizeram para você, Max? — ela perguntou, desmontando de seu pégaso e dando um tapinha amigável em ambos os equinos - tanto o seu quanto o do filho de Hades -, como forma de agradecimento. Então, dispensou-os após lhes dar torrões de açúcar.

— Hades, terra. Zeus, céu. — Nate dissera aquilo como se explicasse muita coisa. — Não gosto de voar. Nós não vamos voar mais nessa viagem, Louise.

— Você quem manda, líder — e espirrou.

Juntos, Natanaello e Louise entraram na estação Central Islip, onde pegariam o trem que os levaria até Penn Station. A garota encarregou-se de comprar as passagens com o dinheiro mortal que Quíron lhes fornecera, enquanto Nate se reconstituía do voo no banheiro.

Após se encontrarem, desceram pela escadaria principal até chegarem à plataforma. A arquitetura do lugar era especialmente bonita, mas - em seu estado de mal-estar - Fallen não perdeu tempo admirando-a.

Devido ao adiantar da hora - e por terem viajado durante quase a madrugada inteira até ali -, assim que sentaram em seus lugares, Nate encostou a cabeça na janela e dormiu.

[...]
Estava frio. A neve castigava seus olhos, que ardiam com a temperatura ambiente abaixo de zero. Na escuridão, ouviu-se um ronronado manso, como o de um gato que espreitava um rato.

— Acorda, Belo Adormecido — disse a morena, puxando as malas do bagageiro superior e jogando a mochila de Nate no garoto, assoando o nariz. — Falta uma estação para chegarmos.

Dali a quinze minutos, já estavam com os tickets comprados para o segundo trecho da rota, onde desceriam desde o estado de New Jersey até chegarem ao New Orleans Union Passenger Terminal, atravessando verticalmente toda a Costa Leste americana.

Os semideuses sentaram-se numa lanchonete da estação.

— E aí? — Lou puxou assunto, mordendo seu sanduíche de queijo branco. — Acho que já tá na hora de você me contar um pouco mais sobre a missão, não?

Fallen deu de ombros e bebeu um gole da Coca-Cola.

— Nada especial. — O filho de Hades abriu um pacote de ketchup e desenhou na mesa com o molho. — Estamos aqui, em New Jersey, e vamos até o Arizona, em Tucson, achar uma arma perdida suficientemente perigosa para Quíron ter mandado uma missão espeficicamente para esse fim de mundo com medo de que a Oblivion - a tal arma - caia em mãos erradas. — Ele deu de ombros e ironizou: — Nada especial.

A garota mastigou mais uma vez seu pão integral.

— Certo — e engoliu em seco, tentando achar alguma coisa a comentar. Depois de muito pensar, só suspirou. — É, nada especial. — Então, o sistema de som anunciou que o embarque para o Trem 7562 estava aberto na plataforma 9. — Vamos, Max. É o nosso.




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    † New Orleans Union Passenger Terminal;
    † Briluz (05-07) de 14/08/15;
    † with Louise Winchester.

CAPÍTULO 2: O CAMINHÃO.

O segundo trecho transcorrera tranquilo por todo o percurso, tirando os espirros de Louise no meio da noite, o que incomodava bastante Fallen, uma vez que dividiam a mesma cabine. As filas matinais no único banheiro do vagão também era um ponto negativo, mas as refeições bem servidas compensavam o preço da passagem.

Já no terminal de New Orleans, os dois pararam na frente do painel eletrônico, cuja organização de trajetos era feita do mais próximo pro mais distante, em questão de horário. Para decepção de ambos, o que precisavam estava no final.

— Vai demorar pelo menos mais umas dez horas até sair o nosso trem — informou Lou, jogando-se num banco como se estivesse disposta a ficar ali até dar o horário.

— Nós não vamos esperar — decidiu Nate, ajeitando a mochila em seus ombros. Antes que a filha de Hécate protestasse, ele explicou: — Não podemos perder mais tempo — e virou-se para ela. — Se ficarmos esperando, vamos gastar quase mais dois dias, o que significa que vamos voltar ao Acampamento em uma semana, considerando que não fiquemos mais do que doze horas em Tucson.

— E o que você sugere fazer, cabeção? — indagou ela, abrindo os braços, como se não tivessem outra alternativa.

Nate virou a cabeça, visualizando o estacionamento através de uma parede de vidro, e sorriu travesso.

— Vamos pegar uma carona.

[...]
Com "pegar uma carona", ele queria dizer "invadir o primeiro caminhão de carga que fosse sair". Assim, ao perceberem que dois caminhoneiros vinham até o estacionamento, Lou aproximou-se deles e, numa bela atuação de uma francesa perdida, conseguiu descobrir seu destino - Las Vegas, isto é, caminho para Tucson - e seu veículo - um caminhão grande com a inscrição "PERIGO: TRANSPORTE DE ANIMAIS". Nate imediatamente foi para perto do caminhão e esperou pela filha de Hécate, que deu uma volta e veio logo.

Quando os homens ligaram o motor, os semideuses já haviam aberto a porta do compartimento traseiro. Ele pulou, mas a garota hesitou por um segundo.

— Que foi? — indagou Fallen num murmúrio. Ela apenas meneou com a cabeça e subiu a bordo.

Juntos - e acompanhados dos caminhoneiros mais fedidos do mundo -, ajeitaram-se no breu do lugar, sem conseguirem se ver devido à escuridão do lugar. Natanaello deitou num monte de feno e fechou os olhos, caindo no sono antes do que imaginava.

[...]
Estava frio. O ronronar do gato de anteriormente crescia, assim como o malicioso sorriso felino, próximo daquele do antigo conto de Alice. Um sopro gélido estremeceu todos os ossos de Fallen, enregelando-o.

Cutucaram-no entre as costelas, acordando num salto, porém com uma mão cobrindo sua boca.

— Quieto — murmurou. — Estamos próximos de Tucson, mas temos problemas.

Fallen sentou-se no monte de feno e, ao ser solto, respirou fundo, coçando os olhos já mais adaptados à falta de luz do ambiente. A única réstia de claridade que entrava provinha de uma janela que dava para o banco da frente, onde os caminhoneiros estavam sentados.

E esse filete que entrava tímido era o suficiente para iluminar uma forma grande e conhecida de Fallen devido ao tempo no Acampamento Meio-Sangue: um grifo, que estava preso numa gaiola.

Surpreso, deu um tapa no braço de Lou e apontou para o monstro, recebendo como resposta o indicador dela sobre os lábios que pedia silêncio. Um homem repreendeu:

— Para de fazer barulho, seu animal burro — e jogaram um pedaço de carne crua, que claramente não estava na validade, devido às moscas que rondavam-no. O grifo fitou o alimento - se é que poderia ser considerado como um -, mas apenas abaixou a cabeça, voltando a olhar para a parede. — Não entendo porque querem esse troço pro circo, Dave.

— Relaxa aí, Fred — e Dave, o motorista, cuspiu pela janela. — Pelo menos eles pagam bem. — Natanaello olhou para Louise, que fazia um sinal como se estivesse botando o dedo na garganta, claramente enojada. — E é um bicho diferente. Nunca vi algo parecido. Deve ser um desses animais montados em laboratório por cientistas, sei lá.

"Você deveria ser desmontado em laboratório, seu pedaço de lixo", pensou Fallen, sentindo as sombras ao seu redor condensarem-se involuntariamente.

Ele sentiu uma mão em seu ombro. Ao virar, encarou a filha de Hécate, que pedia calma. Nate respirou fundo, e o ambiente voltou ao normal. Então, a garota fez uma cara estranha, que causou um certo estranhamento nele. Ela abriu a boca, jogou a cabeça pra trás e...

— ATCHIM! — espirrou.

O passegeiro, Fred, olhou pela pequena janelinha, fitando os olhos de Nate.

— MAS QUE PORR... — e teve o grito segurado na garganta, pois o filho de Hades controlou as sombras, que cobriram a boca do homem.

— QUE MERDA É ESSA NA SUA BOCA, FRED? — indagou Dave, tendo certa dificuldade para manter o caminhão no curso normal, após dar uma guinada brusca para a direita.

O filho de Hades tapou a boca do outro mortal também e colocou sua cabeça na janelinha do meio, encarando um de cada vez.

— Se vocês colaborarem, ninguém vai se machucar. — Os humanos assentiram com a cabeça. — Ótimo. Parem no último posto antes de entrarmos em Tucson.




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    † Tucson, Arizona;
    † Tarde (15-17) de 14/08/15;
    † with Louise Winchester.

CAPÍTULO 3: O OVO.

— Isso mesmo, são dois bandidos que traficam animais — disse Fallen ao orelhão. — Eles estão no compartimento de carga do caminhão que usavam pra praticar o crime num posto de gasolina próximo à entrada sul de Tucson, no Arizona. Estão presos para que não possam fugir. — De soslaio, avistara Louise fechando a porta traseira e caminhando até onde descarregaram a jaula do grifo. — Denúncia anônima. Obrigado.

Nate desligou o telefone e foi até a garota. Ao chegar perto, ela ergueu um dedo, como se pedisse um tempo, e continuou uma conversa numa língua muito estranha com o grifo. Quando, enfim, ela parou, o filho de Hades dirigiu-se um olhar de dúvida.

— Ele foi capturado quando ficou preso entre árvores numa caça. Por termos o salvado, ele disse que vai nos ajudar a sobrevoar a cidade em busca de qualquer pista sobre a Oblivion.

Ele não fazia ideia de como ela conversara com um monstro, mas não perguntou, assim como não fez nenhuma piadinha sobre aquilo, com medo dela mandar a criatura atacá-lo.

Dessa forma, saíram do posto de gasolina, deixando os dois bandidos para trás, e subiram no lombo do grifo.

"Eu. Odeio. Voar", pensou Fallen, apoiando a cabeça no ombro de Louise e dormindo - ou desmaiando, vai saber.

[...]
Estava frio. O gato não mais ronronava, mas sim franzia sua mandíbula, num grunhido bestial, quase num rosnar ameaçador. Geava sutilmente sobre ele, como se estivesse numa pequena esfera de neve.

— Estamos descendo, Bela Adormecida — acordou-o Lou, enquanto apontava para uma rua. — Há rastro de semideus ali. Ele — ela deu um tapinha amigável no dorso do grifo — que identificou. — Nate admirava as vantagens de ter um monstro no "time".

Juntos, desceram até o nível da rua, que por sorte estava deserta. Quando um carro passou, Nate perguntou-se se os mortais viam algum tipo de moto muito customizada no lugar do grifo.

— Onde especific?... — ia perguntando Nate, quando subitamente pararam.

— Aqui.

Louise desceu do "veículo vivo" e dirigiu-se até uma casa de penhores; Nate a seguiu. Quando estavam na porta, se entreolharam e fecharam um acordo silencioso.

Entraram, e o sino que anunciava a chegada de clientes tocou.

— Boa tarde! — cumprimentou o dono do estabelecimento, que era um velho gordinho e barbudo, parecendo em muito um duende que cresceu demais. — O que posso fazer por vocês? O que querem relegar aos meus cuidados em troca de um valor justo?

— Na verdade, queremos uma coisa sua — explicou Natanaello, indo direto ao ponto, com sua pouca paciência para a balela típica de comerciantes. — Queremos...

O que eles queriam? Nate não sabia exatamente qual a aparência da Oblivion. Por sorte, Lou o salvou.

— Aquilo — e apontou para uma estante atrás da bancada do senhor, mais precisamente para um velho caderno de capa preta e couro curtido, com detalhes em ouro; a tonalidade amarelada das páginas denunciavam, no mínimo, uns 200 anos de existência.

Legal, ironizou Fallen. A Oblivion, a superarma, é um diário.

— Sinto muito, filhos, mas não posso vender algo que foi penhorado — falou ele com pesar na voz, indicando a saída.

O problema daquela pequena rejeição era que Nate já estava de saco cheio.

— Escuta aqui, seu velho babão — e se vergou sobre o balcão, empurrando uma série de papéis para o chão e apertando o colarinho do velhote —, eu atravessei a merda dos Estados Unidos inteiros para chegar aqui, quase na porra da fronteira com o México, e não foi para receber um "não" seu. — Fallen se sentiu ligeiramente mais quente, porém não ligou para aquela sensação. — Foi pra pegar aquela droga de diário ridículo, e não preciso que você esteja vivo para fazer isso.

O homem tremia, mas sussurrou timidamente:

— Quem me penhorou aquilo me ameaçou tanto quanto você. — Ele estava vermelho, e Natanaello ficou um pouco ressentido de ter sido tão intimidador.

— Calma, nós podemos negociar — e, nesse momento, Louise tirou de sua mochila uma pedra azulada e brilhante do tamanho de uma bola de basquete, colocando-a sobre o balcão. — Esse ovo maciço de ágata por aquele diário e aquelas duas joias esverdeadas — sugeriu a filha de Hécate, apontando para duas pequenas esferas que se encontravam sobre o mostrador.

O dono do lugar arregalou os olhos e fitou levemente o diário. No final, a ganância humana falou mais alto.

— Feito! — e trocou os itens pelo ovo. — Foi um prazer fazer negócio com vocês! — gritou ele quando saíram.

Já do lado de fora, enquanto Lou guardava Oblivion, Nate expôs suas dúvidas:

— Você consegue me explicar alguma coisa do que aconteceu aí dentro?

— Simples: o livro e as joias exalavam muita magia, sério, você nem imagina o quanto, e eu senti essa aura. Na hora, pensei que o livro era a Oblivion e, depois de refletir um pouco, identifiquei as pedras como as Joias de Perséfone, que espalha essas pedrinhas esverdeadas pelo mundo a fim de que seus "amigos", por assim dizer, consigam chegar ao Mundo Inferior - e sair dele, também. Elas te levam a qualquer lugar que você desejar, é só pisar em cima.

Ela era um gênio.

— Tá, mas e o ovo? Como conseguiu?

— Estava no ninho dele — e fez um sinal com a cabeça para o outro lado da rua, num beco, onde o grifo que salvaram encontrava-se. Aliás, ele estava muito agitado, mas não parecia conseguir sair do lugar, porque... seus pés estavam congelados! — Ah, meus deuses, Nate! — gritou ela, correndo até o mais novo companheiro, atravessando a viela até o final.

Juntos, se aproximaram. No entanto, ao chegarem perto demais, o grifo inteiro foi congelado.

E foi então que o sorriso do gato apareceu no começo do beco.

O gato era um garoto: um rapaz de cabelos branco-platinados, porte atlético, porém franzino, com uma pele pálida demais e olhos azulados demais. De alguma forma, gelo espalhou-se pelas superfícies dos prédios; a temperatura diminuiu imediatamente. O "gato" fechou o beco com uma parede gigante de gelo, que ia de um prédio até o outro, criando um campo de batalha bem imponente.

— Eu acho que vocês estão com uma coisa que me pertence.




f a l l e n † n a t e † m a x


    † Tucson, Arizona;
    † Crepuscular (17-19) de 14/08/15;
    † with Louise Winchester.

CAPÍTULO 3: O GATO.

— Quem é você!? — questionou Lou. — O que fez com ele? — referiu-se ao grifo, com os olhos prestes a lacrimejarem.

— Podem me chamar de Snow — disse o menino, sorrindo tal como o gato de Winchester - ou da Alice, chame como quiser. — E eu apenas deixei seu amiguinho mais... calmo.

— Seu monstro! — e a garota criou três bolas de energia, que foram em direção ao rapaz, que defendeu-se com uma barreira de gelo, que explodiu em mil estilhaços.

O desconhecido contra-atacou, criando três projéteis de gelo e lançando-os em direção aos dois. Fallen tomou a iniciativa e, manipulando as sombras ao seu redor, condensou-as à sua frente, criando uma barreira que impediu o ataque de longe.

Imediatamente, Nate pensou na Oblivion e, planejando uma estratégia rápida, invocou um fantasma.

"O que deseja, milorde?", perguntou o ser etéreo, e Nate indicou a mochila de Louise.

"Pegue o livro que se encontra aí e leve ao Acampamento Meio-Sangue numa viagem pelo espaço espectral. Agora!"

E, assim, os braços do fantasma atravessou a mala de Louise, retirando-se, então, com Oblivion em suas mãos.

— NÃO! — A atenção de Snow voltou-se para Fallen. — SEU IDIOTA! — e, revirando seus olhos azuis, iniciou uma nevasca sobre aquele pequeno espaço, controlando correntes de ar frio que esfriavam tudo ao seu redor.

Natanaello colocou o braço na frente dos olhos e foi jogado uns cinco metros pra trás, junto à parede traseira do beco. Louise estava ocupada batalhando contra um bloco gigante de gelo que tentava engoli-la.

Nesse momento, o filho de Hades abriu a palma da mão no solo e, dali, surgiu um filete de sombra, que se esticou até tocar o calçado de Snow, que foi preso; perdendo a concentração, o filho de Despina cessou a mudança climática, mas fitou Fallen furioso.

Juntando sua raiva, começou também a prender o filho de Hades com gelo, iniciando-o no calcanhar e subindo até o joelho.

— E então? Quem vai aparecer pra te salvar? — urrou Snow do outro lado do beco. Nate assoviou, mas nada aconteceu num primeiro momento. — Quem está chamando? Seu grifo está congelado, e logo você estará!

Nate sorriu e deixou que Snow descobrisse sozinho que ele não assobiara para o grifo. Em poucos segundos, um cão infernal saltou sobre as costas do semideus, que caiu no chão e foi ferido na altura das costelas.

Usando sua espada para golpear o gelo, Nate soltou-se e, correndo, finalizou o oponente com um golpe na cabeça. A lâmina de ferro estígio absorveu a alma de Snow.




f a l l e n † n a t e † m a x


    † Acampamento Meio-Sangue, Long Island;
    † Noite (21-23) de 14/08/15;
    † with Louise Winchester and Quíron.

CAPÍTULO 4: O RELATO.

— E aí, depois da morte de Snow, o gelo derreteu e nos libertou — contou Louise a Quíron, que sorria com a forma animada como ela explicava a aventura, colocando Nate num pedestal de herói ao qual ele não pertencia. — E aí, a gente usou as pérolas de Perséfone, aparecendo aqui, que foi quando o cão infernal de Max quase esmagou o Sr. D. ao aparecer repentinamente no jantar.

Aquela cena ficaria marcada até o fim dos tempos na mente de todos os presentes.

— Sim, eu lembro bem — e Quíron riu-se, assentindo. — Bom, eu recebi o fantasma de Nate com Oblivion, que já está bem guardada. Enfim, parabéns pela conclusão da missão, ainda que tenham demorado um pouco mais do que o habitual.

Natanaello revirou os olhos e, quando o centauro foi embora, xingou baixinho.

— Idiota — e Louise sorriu. — Mas, bem, enfim, a gente conseguiu. Valeu pela ajuda.

— Tudo bem — e ela fez um sinal para a janela da enfermaria. — Ainda consegui fazer uma nova amizade. — Louise espirrou, e Nate riu da cara dela.

Pelo vidro, conseguiram observar Anúbis, o cão infernal de Nate, e Goldwings, o grifo de Lou, brincarem. Tudo estava lindo, até que...

— ATCHIM! — espirrou o garoto, e Louise riu da cara dele.

PODERES PASSIVOS:
PODERES ATIVOS:
EXTRAS:

— thanks, and gabs!
Progênie de Hades
Progênie de Hades
Nate M. Ästelo
Nate M. Ästelo
Idade : 25

Ficha do personagem
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Mensagem por Zeus Seg Mar 30, 2015 12:14 am


avaliação

Nate M. Ästelo
Gostei da missão, mas acho que ela ficou um pouco perdida. Não consegui entender de primeira leitura, mas nada que fosse atrapalhar. Parabéns!
XPS: 160
Dracmas: 90
PET: 10 XPs
Fama: +7 (Por postar na missão e ter realizado ela com sucesso)

Asher K. Schimidth
Por não ter postado na missão, eis as punições:
-7 de fama negativa.
Descontos significativos na barra de PM e PV.
Deuses
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Zeus
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Idade : 27

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